IV - Cinzas

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"Porquanto, és pó e em pó te tornarás."- Gênesis 3:19

Registro de Áudio 00395 - Antônia Schwarz

- Olá, meu nome é Antônia e este é meu primeiro registro. Eu e alguns tripulantes de Refúgio acordamos 23 anos antes do que o previsto, nossa nave havia entrado em colapso e acordamos sem memória alguma -

Ao fundo é possível ouvir outras pessoas dialogando

- Continuando o registro, eu e os outros tripulantes caímos na terra, não sei ao certo onde. Não apresentamos ferimentos graves, exceto por um de nossos companheiros, que foi contaminado com algum tipo de organismo estranho; Dentro dos destroços de refúgio, fomos perseguidos por Androides, porém alguns outros sobreviventes nos ajudaram a lidar com o ocorrido -

"Com quem está falando?" pergunta uma voz ao fundo, Antônia responde e logo volta ao registro:

- Os outros sobreviventes relataram ter vindo de uma instalação governamental, essa selecionou diversos jovens para seu abrigo, porém eles foram atacados e sua instalação foi destruída. Não cogito que essa possa ser nossa situação, refúgio era um local impenetrável. Estamos caminhando para o norte a 5 horas, paramos apenas uma vez - 

"Espera, aquilo é uma cidade?", outra voz perguntava ao fundo, Antônia parecia ter se empolgado:

- Parece que encontramos alguma coisa, estamos em uma encosta muito alta e conseguimos ver algo que se parece com uma cidade. Espero que nos recebam de bom grado, encerro o registro de áudio 00395 -

A gravação encerra

11 de agosto de 2093 - Localização desconhecida

Os sobreviventes levaram cerca de 20 minutos até todos conseguirem descer da encosta, no meio da longa caminhada Vitor e Duda acordaram, eles contaram a Vitor que ele estava contaminado, o mesmo agiu com calma.

- Olá, alguém pode nos escutar? - Ariadne gritou quando chegou na cidade, ninguém respondeu.

- O que diabos aconteceu por aqui? - Paula perguntou, logo pode-se perceber a razão.

A cidade cheirava a morte e os prédios estavam completamente destruídos; Havia cinzas espalhadas pelo chão, o que evidenciava que um incêndio devia ter acontecido recentemente.

- Isso é definitivamente ruim - Acrescentou Alan - Acho que devemos sair daqui logo...

- Não, temos que ver se achamos algo ou alguém - Kadu argumentou.

- Você enlouqueceu? seja lá o que aconteceu por aqui, foi algo horrível - Alan disse, obstinado a nos levar embora - Não podemos sequer parar aqui!

- Kadu está certo - Antônia falou em meio a possível briga entre os dois - Não temos comida e nem água conosco, se seguirmos sem nem sequer vasculhar este lugar, vamos morrer por falta de recursos e eu não quero carregar essa culpa nas costas.

Os outros começaram a tentar entrar em consenso, logo deram o veredito, iriam vasculhar a cidade.

- Okay, vamos nos separar em dois trios e um quarteto - Antônia sugeriu - Vamos poder explorar mais lugares, com mais companhia é claro.

Os dois trios foram: 1- Antônia, Iasmin e Duda; 2- Ariadne, Beatriz e Paula; O quarteto acabou ficando como Vitor, Kadu, Luís e Alan.

Logo no começo de sua exploração, Antônia descobriu o motivo da cidade cheirar a morte, haviam cadáveres em decomposição por vários cantos da cidade, aparentemente haviam sido fuzilados.

- Este lugar está podre, também seus narizes garotas - Antônia disse, com uma leve sensação de enjoo.

Antônia estranhou o fato de quase todos os cadáveres daquele prédio serem de crianças, foi então que ela esbarrou em uma placa de metal e nela estava escrita "Escola". Ela não se sentiu bem com aquela informação, era algo que ela preferia não ter conhecimento.

- Vamos pegar o que acharmos e sair logo daqui... - Ela falou para as outras.

Depois de 1 Hora explorando as ruínas do local, todos se reuniram na saída da cidade, cada um deles carregava algo. O grupo de Antônia havia achado algumas comidas enlatadas, garrafas de água e mascaras de gás; O grupo de Ariadne havia achado kits de primeiros socorros e alguns equipamentos de comunicação e localização; O grupo de Alan havia achado armamentos e um mapa.

- Okay, o que tem nesse mapa de tão importante? - Paula perguntou curiosa.

- Não é apenas um mapa, é um convite - Alan explicou - Para um lugar seguro...

Ele abriu o mapa e mostrou para todos nós, nele estava escrito Odyssey e mostrava como chegar até lá. Nos entreolhamos por um tempo e Alan nos mostrou um papel que estava preso ao mapa, estava endereçado aos cidadãos que moravam naquela cidade devastada.

"Caros colegas

 Convoco todos vocês para Odyssey, um lugar onde estarão a salvo de todos os perigos desta terra desolada. Temos alimentos e diversos recursos, suficientes para sustentar nações inteiras ; Comportamos um dos maiores avanços tecnológicos na área médica, capaz de curar qualquer tipo de enfermidade e mazela.

Aguardo ansioso sua chegada, Lewis Cypher. "

- Espera, acham que é seguro irmos até lá? - Vitor questionou - E se for algum tipo de armadilha?

- Temos que tentar, além disso você viu, eles tem uma máquina capaz de curar qualquer coisa - Antônia respondeu - Pode ser sua chance de curar a contaminação.

- Então, o que faremos? - Alan perguntou.

- Vamos até Odyssey - Antônia disse e junto com os outros, vagou em direção a um rumo incerto.

S.Q.U.A.D - A New AgeOnde histórias criam vida. Descubra agora