III - Aqueles que vieram do céu

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"Como você caiu dos céus, ó estrela da manhã, filho da alvorada! Como foi atirado à terra, você, que derrubava as nações!" - Isaías 14:12

11 de Agosto de 2093 - Destroços das instalações Espaciais Neoline

Antônia respirou fundo, pensando estar em um local confortável novamente, porém foi despertada de sua ilusão de uma vida feliz ao ouvir o crepitar do fogo. Ela não sabia exatamente em que parte do setor 4 estava, mas sabia que seus amigos (se é que ela já os podia chamar assim) precisavam dela.

Enquanto os procurava, ela percebeu que devia ter apagado durante a queda ou que devia ter se esquecido de tudo que aconteceu. A única coisa que recordara foi de ter ouvido muitos gritos e logo depois tudo ficou escuro.

- Olá, tem alguém aí? - Iasmin perguntava, desesperançosa - É você, Antônia?

- Sim, sou eu - Antônia tentou chegar até ela, rolando pelas encostas cobertas de metal e óleo negro - Você está bem?

Iasmin estava sentada no chão, ao seu lado estava Duda, desacordada.

- Ela ainda está inconsciente por conta da queda, tentei carrega-lá daqui, mas... - Iasmin apontou para seu tornozelo que estava um pouco mais torto que o normal - Acabei escorregando em uma dessas poças de óleo e torci meu tornozelo...

Antônia tentou pensar em alguma possível solução para esse problema, mas não fazia a mínima ideia de como ia carregar duas garotas sozinhas. Foi aí que Kadu apareceu no final do corredor de destroços, por suas expressões de desânimo, algo pior havia acontecido.

- Kadu, você pode carregar a Duda? Ela ainda não acordou... - Antônia sugeriu, com uma cara de cansaço - Eu posso ajudar Iasmin a andar.

- Sem problemas, mas precisamos mostrar uma coisa... - Kadu falou, olhando para ela em seguida - Achamos Vitor...

Um sentimento de enorme desconforto preencheu aquele lugar, tomando a atenção de todos eles e formando um sentimento excruciante.

- Não me diga que ele... - Antônia engoliu em seco, temendo mais baixas.

- Não, ele não está morto - Kadu pôs Duda nos braços - Vocês precisam ver...

Eles percorreram uma caminhada de 5 minutos, mas que devido a agonia sufocante se tornaram como longas horas. Finalmente, chegaram a uma sala que não estava com as paredes em colapso, porém o chão estava completamente destruído. Vitor estava deitado no meio desta sala e ao seu redor, se encontrava uma substância de cor negra-arroxeada.

- O que é isso ao redor dele? - Iasmin perguntou.

- Utilizei os últimos resquícios dos equipamentos que encontrei na nave para descobrir, eles constataram que o nome disso é corrupção - Kadu respondeu, parecendo um pouco estagnado com a situação.

- E o que isso pode causar a ele? - Antônia perguntou, ainda confusa.

- Não sei - Kadu disse.

- Não sabe? como assim não sabe? - Antônia insistiu.

- Não se sabe muito sobre este organismo, não temos recursos suficientes também - Kadu respondeu - Estamos no meio do nada, sozinhos.

- Você sabe se é contagioso? isso que infectou o Vitor? - Iasmin questionou.

- As fontes dizem que não - Kadu implementou.

- Ótimo - Antônia apontou para Luís - Temos que procurar algum lugar para ir, não podemos ficar aqui.

Kadu despertou Vitor, a respiração dele era fraca. Eles caminhavam entre os destroços com esperança de acharem alguma saída no meio de tanta destruição, mas não encontravam nada. Então ouviram um zumbido, que começou a ficar cada vez mais alto.

- Mas o quê... - Iasmin questionou, antes de ser interrompida por uma explosão.

Seres altos e metálicos adentraram a sala destruída, seus braços portavam armas avançadas, em seus peitorais estava escrito a palavra "Hunter". Eram androides.

- O que querem? - Antônia perguntou assustada, despreparada para receber a resposta - O que fazem aqui?

Todos os androides da sala posicionaram suas armas, prontos para disparar. Era possível ver os motores se aquecendo, gerando uma pequena fumaça. Antônia sabia o que ia acontecer em seguida, ela sentia aquilo.

- Pessoal, eu vou contar até 3 - Antônia engoliu em seco -Quando eu terminar, devemos correr ou nos esconder, temos que ficar seguros...

Vitor, Iasmin e Kadu assentiram com o olhar, eles se preparavam.

1...

O visor dos androides ficou vermelho, eles pararam de observar o local e fixaram-se em seus alvos...

2...

O som dos motores dos androides começou a ficar muito mais alto, eles iam atirar em qualquer momento...

3...

Antônia correu, levando Iasmin apoiada em seu ombro, ela não sabia onde os outros estavam, apenas correu... Foi então que ela ouviu passos cada vez mais fortes atrás dela, mas não eram passos humanos; Eram pesados e faziam um som metálico, era um androide.

- Oh Deus, por favor, agora não - Ela corria sem parar, Iasmin apenas tentava se manter firme.

Os passos ficavam cada vez mais altos, ela sentia o calor das armas recém-usadas daquele androide, ele estava preparado para ataca-la... Então de repente, um som de algo se partindo surgiu atrás dela e os passos pararam.

- Moça, calma - Um garoto estava sobre a carcaça de um androide, o mesmo segurava um pedaço bem grande de metal estilhaçado - Você está bem? se machucou?

- Não, eu estou bem - Antônia encarou o garoto, o achando familiar - Nos conhecemos de algum lugar?

O garoto não pareceu entender bem a pergunta, ficando ligeiramente atônito.

- Acho que não nessas circunstâncias, moça - Ele sorriu - a propósito, meu nome é Alan.

- Me chamo Antônia, essa aqui apoiada em mim é Iasmin - Ela falou apontando para a amiga - Você está aqui sozinho?

- Na verdade não, meus colegas estão me esperando do outro lado destes destroços - Ele explicou - Vimos quando isso caiu do céu, viemos ver o que era e então ouvimos pessoas falando lá dentro...

- Éramos nós! - Antônia falou, feliz de ter um rosto novo para admirar - Mas por acaso viu meus amigos?

Ele assentiu, tentando recordar ao certo.

- Eles saíram pelo outro lado dos destroços, falaram que ainda tinha gente aqui dentro - Ele disse - Destruímos os androides daquele lado também, mas devem ter mais deles.

- Tem alguma ideia do que devemos fazer agora? - Iasmin perguntou, querendo cortar logo o assunto.

Alan pareceu lembrar que Iasmin ainda estava ali ao lado, apenas esperando ir embora.

- Na verdade, ficamos sabendo de um vilarejo aqui perto - Alan pôs seu cabelo bagunçado em ordem - Se quiserem, podem nos acompanhar...

- Okay - Antônia concordou, sem saber se realmente deveria confiar naquele garoto - Vamos com vocês...

S.Q.U.A.D - A New AgeOnde histórias criam vida. Descubra agora