Sobre ser mulher:

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Rio de Janeiro, 4 de Julho de 2019.

Queridx amigx,

Tem muitas coisas na vida que são boas e ao mesmo tempo ruins, e uma delas é ser mulher. Na verdade, não ser mulher mas ser mulher no Brasil. Além de tudo que a gente já passa em questões biológicas, como a tpm e etc. Ser mulher no Brasil consegue piorar. 

Somos 51% da população, e ainda somos tratadas com preconceito e muitas das vezes como escravas sexuais. Todo dia vemos um caso de estupro na televisão, todo dia milhares de mulheres são assediadas em lugares públicos, todo dia milhões de mulheres são espancadas e até ameaçadas por dizer não pra alguém. A situação é preocupante. 

Se você é mulher, eu tenho certeza que você vai me entender. Você sabe quando você tá andando por uma rua deserta sozinha e escuta que tem outra pessoa atrás de você nessa rua? O coração gela, bate um nervoso e varias coisas na mente. Quando por acaso você percebe que a pessoa que está atrás de você também é uma mulher, não vem um alivio instantâneo?

Isso acontece e não é pra ser considerado normal. Andar na rua com medo é a pior coisa que acontece no nosso dia a dia. Não ter paz para sair a hora que quiser e do jeito que quiser. 

Sem contar, que tudo que por acaso acontece é culpa da mulher. Todas as vezes que ouvi sobre traição, a culpa sempre foi de quem? Na maioria das vezes, as traições são feitas por homens e ainda sim a culpa recai sobre as cônjuges que na cabeça de alguns "não fez por merecer o marido" ou no pior dos casos aquela frase que as pessoas falam pra defender o caráter de uma pessoa que obviamente não é bom: "Procurou na rua porque não tinha em casa."

O fato é claro e simples, as  mulheres são "apedrejadas" pela sociedade, e ainda pior, muitas vezes são apedrejadas pelas próprias mulheres.

Quando de fato me tornei feminista (algo que relutei muito por não saber de fato do que se tratava o movimento e por ter tido um preconceito por muitas coisas que me mostravam sobre) uma das minhas maiores vontades, era para com essas mulheres que não agem com um pingo de sororidade, e conversar sobre o que de fato é ser mulher no Brasil. 

O movimento feminista nada mais é um grupo de mulheres que lutas por direitos iguais independente do gênero. O problema é que, como em todo lugar, existem as pessoas que são mais radicais e a sociedade tomam essas pessoas (que são a minoria) como representantes do movimento. Por conta do mesmo feminismo, todas nós conquistamos muito direitos e a gente não dá valor. Não tô aqui pra fazer propaganda do movimento, estou aqui pra mostrar o que passamos e consolar as outras mulheres.

Sabemos que não é fácil o que enfrentamos. São pessoas que querem usar do nosso caráter, e até do nosso corpo, para que saiam por cima. Precisamos ter força e lutar juntas. Apoiar a outra em suas decisões, oferecer um ombro amigo, e ajudar a sair de situações que só nós sabemos que vivemos. 

Queremos ser livres, queremos viver sem medo, queremos sair a hora que quisermos e vestida como quisermos, queremos salários iguais e cargos tão grande quanto os dos homens sim. Queremos além de tudo: segurança e respeito. Afinal, não somos histéricas, somos históricas.

E como dizia Nairóbi na série La casa de Papel: Empieza el matriarcado! (O matriarcado Começa)


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