Subdivisão 4 - Pontal das Travessuras

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    Entramos por uma porta cheia de cores e começo a cair, Heitor estava calado, será o que houve com ele? Será que falei algo ruim ou ele não gostava que eu o desafiasse? Não sinto mais a dor, então isso era bom... Avisto o chão se aproximando, Heitor e eu já nos preparamos para o impacto. Assim que pisamos no chão, Heitor olha para mim e sorri, parecia que ele iria se divertir... Não compreendo o porquê até olhar em volta. Crianças, muitas delas, estavam por todo o canto! As casas do local eram feitas de doces, parecia que eu estava num desenho da Disney, as crianças nos cumprimentam, não percebo nada anormal... pelo menos por enquanto!

- Heitor... – chamo-o e ele me olha carinhosamente.

- Diga, Manu...

- Porque você não gosta do Pontal dos Espíritos?

- Tudo que acontece lá é verdade, ou seja, se você tiver um sonho, aquele sonho está acontecendo em tempo real...

    Arregalo os olhos, lembro-me do que sonhei com meus pais, será o que estava acontecendo? Será que eles desligariam os aparelhos?

- Emanuelle? – ouço meu nome sendo chamado baixinho - EMANUELLE?! – ouço Heitor me chamar, agora mais alto, olho para ele transtornada e aterrorizada. Ele não parecia compreender, mas me abraça – Ei, você teve algum sonho, não foi? – ele pergunta calmamente, faço que sim com a cabeça, lágrimas escorriam por minha face e molhavam as roupas dele – O que você sonhou?

- Meu pai... ele... ele quer desligar os aparelhos... – digo gaguejando. Heitor desgruda-me do abraço e arregala os olhos para mim, me encarando com os olhos pálidos como sempre.

- Você entendeu certo? – ele pergunta sem acreditar, faço que sim com a cabeça, não sou capaz de falar nada, pois ouvi tudo em alto e bom som.

"Temos que fazer algo perante a isto..." Wagner fala.

"Ele não pode desligar o aparelho!" Paolo diz firmemente.

"Temos que nos apressar!" Nilo fala convicto.

"Sua mãe também está de acordo?!" Gael pergunta. Balanço a cabeça negativamente.

"Menos mal, ela ganhará tempo para nós!" diz Samila.

"Mas mesmo assim, vamos nos apressar!" Jandir fala.

- S-Sim... – falo ainda um pouco chorosa, mas começo a secar as lágrimas, não poderia desistir tão facilmente!

- Vamos, temos que saber onde eles estão! – Heitor sai andando apressadamente, eu o acompanho, teria que ser tudo o mais rápido possível, pois no mundo de lá, já se passaram dois meses! Aqui era como se fossem dias...

    Não parecia ter nada de estranho no local, ninguém nos atacava, todos sorriam para nós, apesar de algumas crianças se encolherem quando viam Heitor passando, será que eles se conheciam? Chegamos a uma casa feita do que se parecia com suspiro, com calda de chocolate na borda... Será que isso era comestível?

"Nem tente... Isso é como pedra!" Anahi me fala e eu sorrio sem jeito.

    Heitor bate a porta, mas ninguém vem atender, será que tinha saído? Heitor insiste, mas nada. Ele começa a forçar a maçaneta, feita de chiclete, mas ao invés de continuar a girar, a maçaneta começa a grudar na mão de Heitor, ele tenta puxar a mão, mas a goma continua a se afundar nas mãos dele, logo começo a sentir um cheiro de doce queimando, quando olho para a casa, o local está pegando fogo!

- Emanuelle, vai! Eu me viro aqui! Veja se não tem ninguém ali dentro! – ele fala e eu faço que sim e vou até a janela, chuto-a e ela voa longe. Entro e vejo um rapaz, de quase quinze anos de idade, desmaiado e amarrado numa cadeira, o fogo já chegando próximo a ele! Eu não sabia quem era, mas meu coração se acelera, tinha que salvá-lo!

Série Almas No Infinito: Mostre-me Um CaminhoOnde histórias criam vida. Descubra agora