Apenas fuja, corra!

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    Caio estupidamente no chão quando passo pela porta, paro no Pontal das Sentinelas, observo como tudo estava se reconstruindo, as casas, os prédios... As pessoas até pareciam mais felizes, mas Heitor me tira no exato momento que um brilho prata aparece em meus pés! Tudo explode!

- Gardel, volte para a tiara! – Heitor fala e ele faz o que pede. Corremos, todos estavam espantados, brilho prata aparecia e explodia, vejo várias pessoas gritando para corremos.

- O QUE VAMOS FAZER?! – grito correndo.

- TEMOS QUE SAIR DOS PONTAIS! – Heitor grita de volta enquanto outro brilho explode, estamos quase chegando na próxima porta. Heitor corre mais rápido na minha frente, ele abre a porta e paramos no Pontal dos Marinheiros. Assim que passo pela porta, vejo o brilho dourado aos meus pés. Mas alguém me empurra, era o Tenente!

- CORRE! – ele grita para mim quando vejo sua perna sangrar. Não tenho tempo para reagir, Heitor apenas me puxa, vamos pela água, onde era a porta. A água explode diversas vezes, molhando a mim e a Heitor, marujos gritavam incentivos para nós! Vejo uma sereia abrir a porta para passarmos, mas assim que passamos, algo explode ao lado dela! Será que aquela sereia morreu?! Não tenho como pensar em nada, apenas em como os doces pratas que estavam no chão explodem por onde eu passava no Pontal das Travessuras! Nos desviamos várias vezes, até alcançarmos a porta, a garota que me deu água e refrigerante já esperava por nós, abrindo a porta, algo também a explode!

"Joaninha... Espero que fique bem..." Fernando resmunga e meu coração pesa.

- NÃO TEM NADA QUE POSSAMOS FAZER? – grito para Heitor.

- Não tem como deter esse encantamento! – ele diz correndo ao meu lado para a próxima porta.

    "O encantamento de Marcelo, do Arrebatamento, é muito forte!" Gael fala quando passo pela porta e caímos no Pontal dos Espíritos.

    Corro tanto para chegar à porta, quase tropeço várias vezes, pois a grama do local era irregular, vários senhores e senhoras de idade ficavam temerosos, percebo que não é pela explosão, e sim por mim! Quando chego na porta, um senhor está fazendo sinais com a mão para eu e Heitor irmos mais rápido! Passamos pela porta já com o impulso da explosão, que nos joga longe, caio por cima do braço, machucando-o.

    "Corre!" ouço Serena falar, mesmo com dor me levanto vendo Heitor ter um corte na sobrancelha. Mas ele não desiste e sai me puxando, se ele não estava desistindo, eu também não desistiria! As explosões ficam mais intensas, mas mesmo assim, sentindo como se meu pulmão fosse sair pela boca, continuo correndo incansavelmente! Já vejo a porta se aproximando, a explosão estava ficando forte também, além de cada vez aparecer mais rapidamente! Vejo a dançarina do Pontal da Lua abrir a porta e sair correndo, deixando-a aberta. Passamos e ouço a explosão atrás de nós, estamos agora no Pontal da Cachoeira, no exato local onde matei os irmãos de Heitor! Corro com ele, que entrelaça as mãos na minha enquanto corremos para a cachoeira e somos molhados novamente!

    Heitor abre a porta e adentramos no local, ouvindo a última explosão atrás de nós, ele resmunga de dor quando cai, meu coração acelerando não quer parar de correr por algum motivo, mas quando olho em volta, me apavoro! Vejo um corpo de um rapaz de mais de dois metros de altura em decomposição, onde vários lobos roxos estavam o comendo,

- HEI-HEITOR! – digo apavorada e em tom alto, os lobos me notam. Eles eram enormes também, maior que um leão! Reconheço pela face já pálida e sem olhos que aquele corpo era de Julian, aos meus pés, tintura roxa... Sim, como disse Heitor, quem vive na Floresta Roxa tinha sangue roxo!

- Vamos! – Heitor me puxa e os dez lobos que estavam ali correm atrás de nós.

    "Daremos uma força!" Skell fala. Vejo-o, com Serena em suas mãos aparecer, Michiko com Kija, Paolo com sua adaga e Gardel com seu martelo. Vejo um lobo pular em nós, Gardel acerta uma martelada nele e outro lobo pula em cima dele, porém Paolo passa ao lado do mesmo, cortando o lobo ao meio. Percebo que o lobo a qual Gardel martelou, estava no chão, migalhado e Paolo tinha sangue roxo pelo corpo. Continuo correndo, ao nosso lado Michiko balança seu leque, dois lobos saem voando, vejo Skell atirar neles e os petrificar, Gardel martela-os rapidamente e eles se desfazem.

- Malditos! – ouço Heitor praguejando – Até mesmo esses bichos eles soltaram para pôr um fim em Julian! – vejo que seus olhos estão com lágrimas, ele deveria o conhecer há tempos!

    Um lobo aparece em nossa frente, Paolo lança sua adaga, que o corta instantaneamente, um surge da floresta ao lado de Heitor, que transforma sua flor em um tridente e o corta, tocando fogo no corpo dele. Skell atira água quente que corrói dois lobos, Michiko abana os dois restantes, que ficam desorientados e Gardel martela suas cabeças, sangue respinga nele também.

- Que nojo! – resmunga Gardel.

    Vemos a saída das flores, os quatro brilham e voltam para minha tiara, passo correndo a mil com Heitor pelas grades. Assim que colocamos os pés do outro lado, vemos aves gigantes atacando a casa dos moradores.

- HEITOR! – o pai de Heitor o grita, chamando-o para entrar em um porão numa casa não muito distante. Os pássaros nos avistam, mas Wagner brilha, puxando a mim e Heitor para de encontro ao homem. Vejo Jandir surgir ao nosso lado, atirando flechas nos pássaros, que se desfazem. Entramos no porão no mesmo momento que Jandir acerta o último pássaro e brilha de volta para a minha tiara.

- Ainda bem que vocês já voltaram! – diz o pai de Heitor trancando a porta – Eles tomaram a posse novamente! – ele fala cansado.

- Heitor... – digo abraçando o rapaz que já fez muito por mim.

- Você está cansado, tem que descansar! – diz Wagner a ele.

- Eu... – ele diz arfando – Preciso falar... com Antônio! – ele diz vacilando nas palavras e com a respiração muito dificultada. Samila brilha ao lado dele e começa a curar seus ferimentos e controlar sua respiração.

- Estar separado deles por tanto tempo está já te fazendo mal... – Ela comenta para ele.

- Está quase impossível sair lá fora... Está rolando uma inspeção, muitos já foram aniquilados! – diz o pai de Heitor – Meu garoto, vou te ajudar a levá-la até a porta de saída, encontre Antônio o mais rápido possível!

- O que está havendo com o Inferno Menor? – pergunto me desgrudando de Heitor e encarando o senhor à minha frente que parecia não gostar muito de mim.

    Ele suspira, parecia cansado e olha para Heitor, mas ele estava de olhos fechados de tão cansado que estava.

- Antônio e Georgie irão te responder... – ele me diz – Samila, rápido, não vai demorar muito para que eles descubram isso daqui!

- Já estou terminando! – ela diz. Heitor abre os olhos, mas seus olhos estavam vermelhos, vejo que em seu maxilar uma mancha negra se forma, assim como a marca que havia no pescoço do pai dele. Então Heitor pertencia aquele lugar? Mas eram também as marcas em diversas partes do corpo dos habitantes do Pontal das Cinzas! Mas quando Heitor percebe que estou o encarando, seus olhos ficam no tom de sempre, pálido e a mancha some.

- Que marcas são essas?! – pergunto.

- Temos que ir correndo novamente... – ele não responde minha pergunta – Samila, muito obrigada! – ele pega a mão dela e beija. Ela sorri e some, voltando para minha tiara.

- Vamos! – diz o pai de Heitor. Nós abrimos a porta e saímos correndo, estava um caos o vilarejo. Vejo pássaros queimando algumas pessoas, sinto pena por aquilo tudo! Assim que eles nos percebem, da mão do pai de Heitor, surgem inúmeras bolas de fogo que os acertam. Vejo a porta por onde entrei ali não muito longe, corro mais apressadamente dando as mãos a Heitor, o pai dele, apesar da idade, corria velozmente. Estamos a uns três passos da porta quando um enorme pterodátilo passa voando e carrega o pai de Heitor.

- PAI! – ele grita.

- Apenas fuja, corra! - Nós vemos o pai de Heitor queimar a pata do dinossauro e sorrir caindo, ele sorri para nós e faz o símbolo do joinha e cai em cima de uma casa em chamas... Ele se sacrificou por nós!

    "Vamos!" Nilo fala, até a voz dele estava meio chorosa. Meus olhos estão embaçados, lágrimas escorrem, vejo Heitor chorar pelo pai, puxo-o com toda a coragem que tenho e abro a porta.

Série Almas No Infinito: Mostre-me Um CaminhoOnde histórias criam vida. Descubra agora