Wind of Change

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— Opa! Não consigo andar. — O mais novo falava, enquanto tentava se levantar da cadeira alta que preenchia o espaço do balcão. Seu corpo estava mole e ele com certeza não conseguia nem mesmo falar normalmente. — Eu acho que vou dormir aqui. — Sua fala foi concluída quando deitou sua cabeça sobre seu braço, que se apoiava na parte superior da superfície.

— Não seja ridículo. Pare de beber que irá melhorar. — O homem nem mesmo havia tomado todas as doses que o garoto havia pedido, mas o outro ainda não tinha parado de encher a cara.

— Ah não, Pi! Eu quero mais. Me dê. Não estou bêbado. — Enquanto enrolava sua língua, ele esticava os braços para alcançar as mãos do outro, que já havia tirado o copo da sua frente.

— Olhe para você! Parece uma criança irritante. Para com isso. Está me fazendo passar vergonha. — Aguentar o rapaz não estava sendo fácil. Agora, o jovem já estava se arrependendo de ter aceitado conversar com ele.

— Está bem, naaaa. Eu estou muito bêbado. P'Tle vai me matar. Vou ser recebido em casa com chutes e pontapés. Ele avisou que estaria lá! Por que eu sempre faço isso? Não é possível que eu nunca aprenda. Idiota! — A autocorreção do rapaz de pele marrom como âmbar, até um certo ponto, entreteu Saint. Era uma nuance alterada muito rapidamente.

— Problema seu. Eu estou indo. — O mais velho deixou uma quantia de dinheiro suficiente para pagar a sua parte das bebidas. Odiava depender dos outros para qualquer coisa. Já havia virado as costas e saído quando, de repente foi chamado.

— Senhor? — O homem virou-se, o barman apontava para o mais novo, que dormia como um bebê.

— Como ele pode dormir estando bêbado desse jeito? — Assim como algumas pessoas têm sua própria identificação de sentimentos para as outras, nesse caso não era diferente, os olhos do mais velho reviravam-se cada vez que o garoto fazia algo. Não importava o que era.

A música já estava baixa, o bar estava prestes a fechar e o homem seguia sentado ao lado do rapaz, pensando seriamente no que fazer. Não sabia nada dele. Não conhecia sua família, sua morada, seus amigos. No final, a única pessoa que podia ajudá-lo era o tal amigo do garoto que havia sumido há muito tempo.

O funcionário do local que o ajudava, só soube informar que ele era o rapaz da banda. Ou seja, nem mesmo o pessoal que ali trabalhava, sabia dizer algo útil sobre a vida do jovem. Não vendo muita escolha, ele começou a cutucar a blusa branca do outro, que em meio as luzes coloridas do local, contrastava com sua calça e bota pretos. O homem tinha a intenção de acordá-lo, mas não obteve sucesso. Suspirando, ele decidiu que levaria o irritante junto com ele.

O mais velho sabia o quão imprudente isso seria, mas não era capaz de deixar o bêbado jogado em uma esquina qualquer. Além de ser desumano, era perigoso para ele. Quando as pessoas estão nessas condições, elas obviamente se encontram vulneráveis demais para reagir a qualquer tipo de situação.

Adicionando mais uma alta quantia de dinheiro sobre o balcão, o mais velho enrolou o braço do outro em seu pescoço, levantando-o. Apesar do porte não muito másculo do homem alvo, sua força foi notada enquanto ele era fortemente puxado para baixo enquanto o mais novo murmurava incessantemente.

Suas palavras se perdiam no meio do local fechado e, mesmo quando eles saíram para fora do bar, o vento ainda tratava de espalhar seus resmungos. Devido ao horário, era difícil encontrar táxis disponíveis, e isso apenas deixava o mais velho ainda mais nervoso com a situação.

Quando finalmente passou um carro disponível e o homem pôde tirar o peso morto de cima de si, seus ombros doíam. A essa altura, ele provavelmente estava todo marcado, mas isso não impediria que ele colocasse o outro para dentro primeiro. Ou melhor, o jogasse. A delicadeza não existiu naquele momento.

Miríade [PAUSADA] Onde histórias criam vida. Descubra agora