Prólogo

719 79 24
                                    

Fanfic inspirada na série Good Omens, os personagens não me pertencem. Boa leitura!

Inverno de 1993

O inverno londrino havia começado, o frio começara a castigar a população da grande cidade. Pelas ruas podia-se ver pessoas com longos sobretudos, crianças com as bochechas rosadas, os adolescentes com toucas. Completamente comum. Seria completamente comum se não houvesse uma multidão gritando em frente a um hotel. A multidão gritava erguendo cartazes, livros e canetas – fãs, as pessoas mais fiéis. Mesmo no frio de Londres continuavam com a mesma energia que tinham no verão.
Dentro daquele luxuoso hotel estava ninguém mais que Anthony J Crowley, conhecido apenas por Crowley. Um jovem de 17 anos que explodiu no mundo do entretenimento há 3 anos atrás. Crowley começou como ator mirim em seriados para televisão, seu jeito irreverente chamava atenção de todos, porém o que realmente chamava atenção era seu talento, tanto para atuação quanto para música. Aos 12 anos ele já tocava piano, violão e guitarra – e um pouco de baixo –, todos instrumentos Crowley aprendeu observando seus pais que eram músicos. Seu talento fora notado pela mídia. Aos 14 anos era o ator mirim mais pago de sua geração, salário esse que foi bem administrado. Aos 15 anos entrou para a indústria da música, com músicas de todos os tipos, o jovem lotava estádios colocando todos para dançar. Aos 16 anos era dono de 4 mansões, iates e tudo que as pessoas sonham em ter.

Agora com quase 18 anos ele continuava lotando estádios, com suas mansões e iates. Festas, drogas e mulheres. Aliás nesse momento ele estava fazendo isso, se divertindo no quarto do hotel com algumas groupies e cocaína.

Crowley estava sentado em frente a penteadeira, bem vestido, com um ar de bad boy ele fazia a linha de cocaína com um cartão de algum prostibulo. O pó branco era meticulosamente organizado e separado em três fileiras. Com pressa ele cheirou a primeira, fechou os olhos e contou até dez. A adrenalina corria em suas veias, ele nunca se sentira melhor. Com a animação recuperada ele se direcionou a varanda, os fãs foram a loucura. Ele sorriu, mandou beijos e arremessou objetos autografados.
Ele poderia dizer que amava essa vida, mas bem no fundo ele sabia que isso iria lhe destruir. O ruivo sempre escutou de cantores como Freddy Mercury e Michael Jackson que a fama tem seu preço. Ele nunca discordara disso, agora podia sentir a pressão da fama. A pressão que te corrompia e fazia temer. Era por isso que Crowley resolveu buscar refúgio nas drogas, principalmente a cocaína. No começo ele tentou ter controle sobre o vício, usando apenas quando ia para programas de tv e em shows longos, mas agora ele não sabia como não tinha tido uma overdose ainda.
Nos raros momentos de lucidez Crowley queria desistir de tudo, simplesmente largar a fama e ir morar em algum apartamento do subúrbio de Londres ou de Nova York. Mas não era apenas ele que estava em jogo.

Pessoas grandes estavam .

Naquela mesma rua, Aziraphale tentava chegar em casa depois da faculdade, maldito momento que ele decidiu ir com o carro do pai. O loiro não sabia o porquê da comoção, mas  conhecendo o hotel, provavelmente algum famoso estava hospedado. Ao se aproximar mais Aziraphale conseguiu ler os cartazes: Crowley eu te amo.

Crowley?

Ah, o jovem rockstar. Aziraphale não gostava de suas músicas, mas não podia negar: Crowley tinha talento. O loiro não conhecia muito sobre o rockstar, então simplesmente ignorou a multidão e passou com seu carro.
Aziraphale estava com 20 anos, o mesmo dizia que não tinha tempo para música apenas para os estudos. A faculdade não estava nada fácil. O loiro cursava história, mas seu real desejo era ser escritor, mas a vida dedicada a escrita era muito instável, por isso a faculdade de história. Ele estava focado na licenciatura, ele sabia que conseguiria.

Diferente da vida Crowley, a de Aziraphale era tranquila – um pouco cansativa por causa faculdade. Ele não tinha do que reclamar.

Depois de passar por toda multidão, finalmente estava em casa. Lar doce lar. Após cumprimentar a todos, ele correu para o quarto. Organizou todos seus livros e a escrivaninha, havia trabalho para fazer. Alguns não entendiam o esforço do loiro, eles achavam desnecessário já que ele havia nascido em berço de ouro. Mas Aziraphale não queria o dinheiro da família, queria ser independente financeiramente. E ele seria.

O rapaz tinha uma aparência delicada mas ao mesmo tempo forte. O olhar cheio de determinação, e uma personalidade doce. No fundo Aziraphale era uma pessoa forte e cheio de vida. E uma coisa dava vida a ele, escrever. Desde criança o loiro escrevia poesias e poemas, sobre sentimentos e sua forma de ver o mundo. Na adolescência começou a se interessar por ficção, mitologia e magia. Ah magia, ela o fascinava. Ele aprendera alguns truques, com muito orgulho mostrava eles para seus amigos – apesar de saber que não era bom com mágica. No momento ele estava terminando de escrever um livro sobre uma bruxa: As Belas e Precisas Profecias de Agnes Nutter, Bruxa. A história falava sobre a bruxa Agnes, e sua trajetória, desde o início de sua vida até seu trágico final na fogueira.

A editora responsável pela publicação parecia satisfeita com a escrita e o enredo da história. Os editores – até o próprio dono da editora – prometiam sucesso. Sucesso, não o que Aziraphale queria exatamente. Nem o dinheiro, o dinheiro ele ganharia ensinando em alguma faculdade ou escola. Ele queria apenas escrever seu livro, adoraria que as pessoas gostassem do livro. Mas fama? Não era nem um pouco importante.
Ele sabia o que a fama e o poder fazia com as pessoas. Ela cegava as pessoas, os corrompia.

Apesar de nunca ter experimentado a fama ou o sucesso, é fácil saber disso.
Depois de cansativas horas escrevendo, o loiro foi até a varanda preguiçosamente. A vista de Londres sempre fora linda, apesar da poluição sonora que os fãs estavam fazendo naquela rua. Ele provavelmente não iria dormir. Mas isso não importava, ele havia terminado o livro, nunca se sentira mais leve e relaxado. Ele pousou seus olhos azuis na lua, estava tão grande e linda. Aziraphale não conseguiu resistir a tal beleza, ele pegou sua câmera e tirou uma foto – não era da melhor qualidade mas ela se tornaria uma lembrança do dia que terminou seu primeiro livro. Ele até mesmo tirou uma foto das pessoas que estavam amontoadas em frente ao hotel. Ele ria daquela foto. Bobinhos. Estavam perdendo tempo atrás de alguém que já tinha um futuro traçado ao invés de fazerem o deles.

De sua varanda Aziraphale conseguiu ver uma silhueta no hotel, provavelmente Crowley já que as pessoas começaram a gritar mais alto. O loiro sibilou balançando sua cabeça, mirou mais uma vez a lua e dormiu.
Aquela noite mudaria a vida dos dois. Eles não conseguiam perceber isto, mas em um futuro próximo iriam sentir isso – agora estavam conectados.

______________________________________

Capítulo editado - 28 de abril de 2020

Rock With YouOnde histórias criam vida. Descubra agora