O dia glorioso

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Outono na atualidade

Somebody to love

- Eu realmente preciso ir a essa festa, Uriel? - Perguntou o loiro franzindo a sobrancelha do jeito que só ele conseguia.

Uriel, uma das mulheres mais duronas que Aziraphale conhecia. Os dois trabalhavam juntos há alguns anos, desde 1994, quando o primeiro livro de Aziraphale fora lançado e o público levado a loucura. A editora indicou Uriel para ser agente do escritor, os dois tinham suas desavenças mas trabalhavam bem em dupla.

- Sim, você precisa e você irá.

Aziraphale fora convidado para um festa social - festa onde os famosos vão para exibir suas belas roupas. Ele definitivamente não gostava disso, essa falsa camada que as celebridades exibiam, onde todos são perfeitos. Obviamente Aziraphale não era perfeito. Ele não era tão chato assim, até gostava de festas, mas as festas de seus amigos. Talvez a idade estivesse fazendo efeito, no momento ele só queria ficar em sua casa, escrevendo e lendo. Sua rotina era muito tranquila, Londres, livraria, editora e casa.

O escritor observava o jardim que ficava do lado da entrada de sua luxuosa casa, era lindo de fato. Ele mesmo cuidara delas. Com um último suspiro de rendição, ele passou a mão em seu terno e entrou no carro - agora não tinha mais volta. Durante toda viagem ele olhou para a janela. Viu os bosques se transformarem em prédios, as pessoas apressadas para chegar em casa e o maldito trânsito da m25. Apesar dos pontos negativos, Aziraphale amava aquele lugar. Não somente Londres ou a Inglaterra, o planeta terra. A vida. Ah, a beleza da vida, não somente a estética mas o sentimento, a sensação de estar vivo e amar. Ele passou um tempo triste e sozinho mas se recuperara. Se sentia bem consigo.

Logo o centro de Londres se revelou.

Respirando fundo ele saiu do carro com o sorriso estampado no rosto. Ao entrar no grande salão ele escutou um barulho de rasteira de carro - por um momento pensara que ocorrera um acidente, mas não era.

Alguns minutos atrás Crowley cheirou sua última carreira de cocaína, única forma de ir em festas sem ficar cansado. Como sempre, ele foi convidado para uma festa, ah, ele adorava festas. Ele adorava ver pessoas se divertindo e ficando loucas sem pensar no amanhã.

O ruivo sabia que a maioria das pessoas que estariam na festa, estavam sendo obrigadas a participar - mas ele não ligava. Ele andou mais uma vez pelo apartamento, se despediu de suas plantas.

Suas plantas. Todos sabem que celebridades têm suas excentricidades, Crowley tinha a sua, uma bem curiosa. Em meados dos anos 90, ele começou a falar com as plantas, o ruivo provavelmente entendeu errado quando indicaram isso a ele - mas por incrível que pareça isso lhe fazia bem, era como uma terapia. Para outras pessoas poderia soar como loucura, mas as plantas de Crowley eram as mais verdes de toda Londres. Uma única mancha significa a morte para elas.

Ele olhou as plantas, impecáveis.

Foi até o banheiro, bagunçando o cabelo, última checada na roupa e pronto.

O ruivo entrou em seu Bentley, seu verdadeiro amor. Poucas pessoas tiveram a oportunidade de andar em seu carro, as que entraram eram importantes para ele. E obviamente apenas boas músicas eram permitidas. Queen, Nirvana - as vezes Michael Jackson.

Mas o que realmente ele gostava era As Melhores Do Queen.

Somebody to love estava tocando no exato momento.

Tranquilamente ele dirigia a mais de 90 km por hora, NO CENTRO de Londres. Sempre fazia isso, por incrível que pareça nunca atropelou alguém. Com uma grande rasteira ele parou o carro em frente o salão. Todos os olhos se voltaram para ele.

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