Se há algo que é uma certeza universal é que não temos certeza de nada e se não soubermos dançar com o destino o futuro fica insuportável.
Alice e Christopher se conhecem na infância, logo geram uma conexão forte e ao longo dos anos vão descobrindo...
Não consegui dormir devidamente. Estava triste porque Christopher não me respondia. Ele está claramente magoado comigo, mas, para falar a verdade, eu não sei o que fiz demais. Tudo bem que no pensamento dele está rolando algo entre Fernando e eu, mas acontece que não está!
Olho para o lado da minha cama e avisto Beethoven em sua casinha, que comprei um dia depois de o ganhar. Meus pais já estavam sabendo que meu amigo iria me dar um cachorro, só eu que não.
Beethoven abre os olhos, me vê acordada e vem até mim para que eu o pegue, já que não me alcança por causa do tamanho da cama. Isso é só questão de tempo.
— Bom dia, amigão — falo, o pegando e o acariciando.
Desde que bati meus olhos pela primeira vez nele, posso dizer que me apaixonei. Uma paixão à primeira vista. E arrisco dizer que foi recíproco. Ele não me larga e adora essa atenção que lhe dou.
Coloco-o deitado comigo e pego meu celular pela enésima vez — contando com no mínimo uma mensagem. É horrível esperar algo que não vem.
Dou uma olhada nas minhas redes sociais, converso, curto algumas fotos e aceito uma solicitação do Fernando. Vejo que Christopher postou algo nos status. Abro e vejo uma foto dele arrumado, dizendo: "indo viajar".
“Para onde?” Poxa, ele nem me disse nada. Apenas comento um "lindo!", mas ele não recebe. Olho a hora que ele postou e vejo que foi mais cedo. Bloqueio a tela do meu celular, chateada.
Penso no que fazer nesse dia chato. Sempre costumo sair em finais de semanas, mas está um friozinho...
Estou sozinha em casa, meus pais saíram para passar o dia na casa da minha avó. Eles me chamaram, mas inventei que tinha trabalho escolar para fazer e, como isso é prioridade para eles, nem questionaram.
— É, amigo, somos só nós dois — falo desanimadamente.
Resolvo ir na cozinha preparar algo para comer. Faço dois sanduíches de peito de peru e preparo um copo de suco de acerola.
Vou para meu quarto e ligo meu notebook, colocando um filme musical para ver, que já assisti incontáveis vezes, mas o amo de coração. No começo, achei que era só assistir ao filme que a sensação que tive pelo livro passaria, então assisti uma, duas, três vezes e muito mais. Desde então, percebi que era paixão mesmo!
Quando o toque inicial começa, me arrepio. É sempre essa mesma sensação. Não tem como não se apaixonar por O Fantasma da Ópera.
Até meu mascote olha para a tela do notebook, eu só não sei dizer se ele se arrepia também.
O filme vai passando e eu vou vendo e ouvindo as músicas. É incrível como as falas se tornam músicas e tudo se encaixa perfeitamente. É realmente perfeito.
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O filme acaba e a chuva cai lá fora. Olho para o relógio de parede e são 16:45. Pego meu celular e vejo uma mensagem da minha mãe dizendo que está esperando a chuva passar. Ela me mandou há poucos minutos, então respondo:
Tudo bem, qualquer coisa, avise ❤
Não demora muito e recebo a resposta:
Ok, não se preocupe.
Vou para o banheiro e tomo um banho rápido. Coloco minha roupa de moletom cinza e calço minhas meias. Volto para a cama e me deito. Como não dormi direito pela madrugada, resolvo descansar agora.
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Ouço um barulho na cozinha, o que significa que meus pais acabaram de chegar. Eu tenho sono leve e, quando acordo, não durmo mais. Felizmente, dormi 3 horas, deu para descansar.
Saio da cama e resolvo descer para falar com meus pais.
— Sim, mãe, só estava dormindo. Esse tempo só pede isso.
— É verdade. Você comeu? — Sempre preocupada.
— Fiz um lanche, mas vou comer agora — afirmo, indo em direção a geladeira para pegar um pedaço de lasanha. — Como vovó e vovô estão? — Coloco no micro-ondas.
— Estão bem, sua vó mandou um presente para você. — Procura algo na bolsa e me entrega. — Aqui.
Pego uma caixa das mãos dela e vejo um lindo vestido floral.
— É lindo! Quando eu for visitar ela, irei agradecer.
— Faça isso. Ela perguntou por que você não foi. Expliquei que estava atarefada com a escola. E, por falar nisso, fez suas obrigações?
— Fiz, sim, mãe. Obrigada.
Meu pai atravessa a porta com algumas compras no mesmo momento que o micro-ondas apita.
— Filha, como você está? Ficou bem essas horas sem a gente? — pergunta, sorrindo.
— Fiquei bem, sim, pai. Fiz meus deveres e assisti àquele musical, mas quando acabou, peguei no sono. — Pego o prato com a lasanha.
— Não sei como você tem paciência para assistir isso. O Christopher tem toda razão de não gostar. Só tem música! E, por falar nisso, ele apareceu por aqui hoje?
— Pai, por favor, é um musical e eu amo. E não, o Christopher não apareceu por aqui e nem vai, porque ele viajou.
— Foi para onde? Estou sentindo vocês distantes. Brigaram, foi?
— Não, pai, não sei. Só vi que ele postou nos status.
— Ah, entendi.
Pego um copo de suco e ketchup para acompanhar a lasanha. Como tudo, limpo a minha pequena bagunça e logo vou para a sala. Resolvo jogar alguma coisa enquanto meu filhote está dormindo do meu lado.
Meu celular apita e o pego. “Até que enfim um sinal de vida desse garoto.”
