Boa leitura😊A tarde de ontem foi algo novo para mim, nunca tinha me acontecido nada parecido, nem com Christopher, nem com nenhum outro garoto.
O mais estranho é o que estou sentindo agora; ainda sinto os lábios dele tocando de leve nos meus. Balanço a cabeça, tentando não pensar naquilo, pego um livro, tentando me distrair, mas não adianta nada. Não consigo parar de pensar no quase beijo, não consigo parar de pensar e estranhamente desejar que aconteça de novo.
Sempre vi o Christopher como um amigo, mas, sinceramente, não sei se irei seguir assim. Eu não tenho culpa, nunca fui beijada.
Resolvo me banhar, talvez assim consiga desviar meus pensamentos do meu amigo.
Coloco uma roupa simples e resolvo ir em uma biblioteca que tem a alguns metros da minha casa. Não é muito distante, dá para pedalar ou ir andando até lá, caso esteja com energia. A bicicleta é minha companheira. Depois do Christopher.
Olho no relógio do celular e ainda são 16:05. “Ótimo, dá tempo.”
Digo a minha mãe que irei sair, ela me pede para ter cuidado e não demorar para o jantar. Raramente ela pergunta para onde eu vou ou o que vou fazer, ela tem confiança em mim o suficiente para me deixar um pouco livre, sabendo que não irei fazer besteira.
Sigo para a biblioteca. Chegando lá, passo o cartão de visitante — já compareci aqui tantas vezes que fiz um.
Vou seguindo corredor adentro, olhando para prateleiras com as muitas variedades de gêneros: romance, suspense com romance, suspense, drama, terror, ficção científica e uma lista quase interminável. Volto para as prateleiras de romance e procuro por algum livro que ainda não tenha lido.
— Olha só quem está à procura de um bom livro — me surpreendo quando Fernando fala. De todos os lugares, não esperava encontrá-lo justamente aqui.
— Está me seguindo? — pergunto sorrindo e ele ri.
— Eu não faço esse tipo. Na verdade, eu trabalho aqui — fala, pegando no crachá.
— Ah, nossa, nunca tinha te visto antes — respondo surpresa.
— Sim, é verdade. Acontece que comecei a trabalhar na semana passada.
— Você não me parece do tipo que trabalha numa biblioteca. — Sorrio.
— Não, mas essa cidade pequena não nos oferece muita oportunidade.
— Pois é, é verdade. Você venceu.
Dirijo-me até o balcão para assinar meu nome e o do livro e determinar em até quantos dias eu posso entregá-lo.
— Alice Belisário. Uau, belo nome — diz enquanto olha a caderneta. — 5 dias... sério mesmo? Eu demoro um mês, e olha lá, para ler um livro.
— Obrigada. Sim, 5 dias no máximo. Porque você não pratica ou não gosta de ler?
— Digamos que as duas coisas — responde, sorrindo.
— Meu Deus —_falo, rindo. Olho no relógio e percebo que minha mãe pediu um VV: vai e volta. — Tenho que ir agora. Minha mãe está me esperando para o almoço.
— Eu lhe acompanho. Trabalho de meio período.
— Ah, compreendo — respondo, sorrindo.
A casa dele é subindo a minha rua e virando algumas esquerdas e direitas. É um pouco distante na verdade.
— Deixa que eu levo a bicicleta — pede gentilmente.
— Não precisa, eu levo. Obrigada. — Sorrio.
— Então me dê o livro.
— Obrigada. — Entrego-lhe.
Seguimos a estrada e eu empurro minha bicicleta enquanto conversamos sobre coisas aleatórias, o suficiente para o tempo passar e chegarmos na rua da minha residência.
Quando chegamos mais perto da minha casa, Christopher está saindo da sua e nos avista. Expressa muita coisa em um só olhar, mas depois eles se tornam inexpressivos.
— Tchau, Alice, fique bem — Fernando fala, chegando mais perto de mim e me abraçando. Retribuo o abraço e vejo uma carranca vindo de Christopher. Em seguida, Fernando me entrega o livro.
— Obrigada — digo, sorrindo.
Ele vai embora, mas no meio do caminho acena para meu amigo, que está vindo na minha direção.
— O que é isso, Lice? Um dia é carona e no outro é passeio? — fala, olhando para o livro em minhas mãos. Graças a meu bom pai, Fernando já está um pouco longe.
— Foi tudo uma coincidência — respondo. Ele parece um pouco irritado.
— Coincidência? Lice, você não é mais uma criança. Num dia, esse menino quer ficar com você, no outro, vocês estão saindo, e você pegando até carona? Coisa que você nem faz. — Ele parece indignado também, mas fala mais suavemente.
— Não, não é nada disso. Você está enganado — afirmo. — Somos só amigos. A carona foi porque o pneu da minha bicicleta tinha furado. E agora não foi um passeio. Ele trabalha na biblioteca. Fui lá à procura de um livro e, por coincidência, ele estava lá como funcionário. Como tinha acabado seu serviço, voltamos juntos. — Não sei o porquê, mas resolvo me explicar. Não queria vê-lo chateado e pensando coisas que não condizem comigo.
— Tudo bem. Eu só queria ver como você estava, já que não atendia às minhas ligações e não respondia às minhas mensagens, mas já vi que está bem — fala com um tom de voz magoado, mas me lança um meio sorriso.
— Christ...
— Lice, depois conversamos.
Tento impedi-lo, mas ele não quer conversar. Ele está magoado comigo, mas o que fiz demais? “Eu não fiz nada!”
Mando mensagem, mas ele não me responde. Entendo que está com ciúmes, é só essa a explicação. Amanhã tento conversar com ele.
Obrigada ♥️
VOCÊ ESTÁ LENDO
Armadilhas Do Destino (Degustação)
RomansaSe há algo que é uma certeza universal é que não temos certeza de nada e se não soubermos dançar com o destino o futuro fica insuportável. Alice e Christopher se conhecem na infância, logo geram uma conexão forte e ao longo dos anos vão descobrindo...