II

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O ar está saindo muito rápido pelos meus pulmões, e mesmo assim, a sensação é que eu parei de respirar.
A porta atrás de mim se fechou e eu senti um arrepio na base da coluna por estar num lugar fechado com essa presença que me faz suar.
No momento em que entrei no quarto 56 e o vi, o meu coração bateu mais forte.
Desviei o olhar na tentativa de parar a sensação.
Mas que porra está acontecendo comigo?! Eu sou profissional, não fico nervosa.
Ergo o olhar já mais calma e caminho cuidadosamente em direção a ficha do paciente. Leio minuciosamente as informações:
"Não identificado", "em estado de coma indeterminado".
Volto a olhar o rapaz deitado a minha frente. O rosto relaxado, a tez iluminada pela pouca luz que insiste em passar pelas brechas da persiana, a face lisa, tanto pela barba feita, quanto pela falta de linhas de expressão, se não estivesse em um estado tão sereno, diria que temos quase a mesma idade. Mas diferente desse rapaz, eu estou um caco, não durmo há oito dias então olheiras são praticamente a minha marca registrada.
Ignoro essa sensação de ansiedade que me arremeteu e volto ao meu trabalho. Verifico os hematomas desse homem, seus batimentos cardíacos e saio o mais rápido possível do quarto.

O RapazOnde histórias criam vida. Descubra agora