Prólogo

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❝ Somos valorizados por nossas qualidades ou pelo que temos?  ❞.

Estava tudo um tanto quanto embaçado, em uma perspectiva diferente, mecanizada, louca!
Um homem esbelto ajustava sua gravata ao terno preto enquanto passava pelas ruas de Nova York, as mãos recuavam-se nos bolsos logo após, e um reflexo nos espelhos de um arranha-céus o mostraram os óculos de praia que acabaria de comprar, bons exemplares, afinal custaram um rim. O som dos carros voando pelos céus ecoava em seus ouvidos, as dezenas de drones flutuando por cima da cidade não pareceram o preocupar, nem mesmo os robôs de limpeza que passavam por ele aos cochichos. Mas os telões de anúncios da rua afixados em um enorme conjunto de prédios o chamaram mais a atenção. Ali ele contemplava um comercial onde outro homem moreno e de óculos pretos afagava vaidosamente seus cabelos lisos que pendiam os ombros, abria um sorriso e anunciava:

— Os melhores aparelhos celulares estão aqui.
Em um instante este moço apontou um celular para frente, e o smartphone começou a se desdobrar mecânicamente e se tornou uma câmera de última geração. O mesmo moço sorriu, e um feixe de luz clareou o comercial por completo e deu lugar à marca "El Patron Tecnology".

O homem que admirava o comercial agora dava espaço a um sorriso reluzente no rosto e voltava a ir rumo ao seu destino, os fones de ouvido ligados quando percebeu a correria e as vozes altas da cidade. Opa! Opa! Espera!

Seus cabelos também eram lisos e longos, a pele era da mesma cor e o sorriso idêntico ao do moço das telinhas. Isso seria uma espécie de SACANAGEM desgostosa com o narrador? Eram clones?! Não, não era possível que o escritor da obra fizesse algo tão clichê...

— Ser o homem mais rico do mundo é realmente bom... — murmurou o homem atravessando uma rua cheia de carros acompanhado por uma equipe de seguranças ao seu redor e uma onda de pedestres arrastando seu círculo de protetores em busca de uma travessia tranquila pelo sinal fechado. Mas não foi o que aconteceu, montes de pessoas tiravam fotos do homem, e gemiam seu nome em suas mentes com idolatria:
— "EL PATRON!"
Ah, é o mesmo cara?! Então podemos retomar a história. Corta!

Jon Greeves - A História de um Babaca do Século 23Onde histórias criam vida. Descubra agora