Jon Greeves - A História de um Babaca do Século 23

A Iniciativa

❝ As pessoas são babacas por deixarem de fazer tudo que você quer ou porque simplesmente você as enxerga assim? ❞

Jon chegou finalmente em sua mansão, estacionou o carro espacial na entrada próximo de uma Mini 800 — era uma nave achatada, esférica, isolada por um vidro blindado e equipada com alguns armamentos bélicos de última geração. Greeves conseguiu identificar Astro dentro dela. O musculoso dançava e rebolava ao som de Love is In The Air.

— Tudo bem que eu o apresentei as clássicas do século vinte...mas...

Ao sair do carro espacial, Greeves foi direto para a porta da Mini 800, batendo no vidro com esgar.

— Love is In The Air... — cantava Astro, enquanto apertava o botão da abertura da porta. — Rebola o bumbum aí também Jon!

— Bom, eu já ia lhe perguntar se este tipo de dança é a do acasalamento... — caçoou Greeves ao adentrar na casa. — Porque, bom, não vai rolar...

— Minha mulher gosta quando eu rebolo assim, ó! — informou ele, descendo até o chão e seu capacete enorme balançando. — Tenta aí!

— Aé mesmo? Qual delas? — perguntou Jon, desligando o som da nave. — São tantas...

Astro voltou ao normal, baixando a cabeça:
— Droga...sou um péssimo marido, mal consigo lembrar...

— Só espero que você não faça essas coisas na cama, ou é capaz delas arranjarem outro gostosão do momento... — zombou Greeves, saindo da Mini 800. — Vamos entrar, tenho muito a explicar...

Entraram na mansão, mesmo com o receio do capacete de Astro quebrar tudo, ou ele simplesmente sair rebolando e soltando peidos tóxicos de marciano. Raças de outros planetas, permitiam pensamentos diferentes...

Passaram pelo corredor conversando sobre as aventuras do marciano no Havaí. Jon ria e se divertia com as histórias de Astro. Os marcianos tinham um senso de humor...de outro mundo.

Pisaram os tapetes ricos em detalhes da sala. Astro reparou cada mínimo perfeccionismo da casa, o piso era de mármore castanho, e as paredes eram pintadas por vermelho-vinho, haviam muitas estátuas de períodos medievais, e desenhos por todos os cantos. O teto simulava o céu escuro e a lua lá de fora.

No entanto, ao acender a luz, enxergou o cocuruto de Verônica, seus cabelos pretos surgindo em meio ao sofá, estava virada de costas, mesmo a televisão estando à frente, estava desligada e a mulher não assistia nada.

— Você ainda está aqui? — indagou Jon depois de recordar-se de ter esquecido o compromisso com ela, o dia tinha sido tão cansativo... — Desculpa o...

Assim que se aproximou, ouviu os gemidos e lágrimas da mulher. Provavelmente Astro faria uma careta de preocupação se pudesse mostrar o rosto.

— Desculpa amor...é que...

Mas ao se dirigir à frente da televisão, percebeu. A boca de Verônica estava amarrada a uma fita preta e ela queria gritar o mais alto que pudesse, os olhos vidrando para um só lado.

Uma voz surgiu em meio ao nada, assim que Jon se virou para a mesma direção, sentiu um projétil raspando seu ombro, e atingindo um quadro que emoldurava um leão atracando-se a uma cobra.

— Recomendo que não se mova — falou a voz, Jon só conseguiu enxergar sua silhueta e revirar os olhos para a direção de Astro, notando um homem barrigudo de paletó apontar uma pistola em seu capacete.

— E eu recomendo que vá tomar no cu! — gritou Jon, e de repente a casa tomou vida, a simulação da lua foi engolida por um conjunto de canhões cheios de cavidades e metralhadoras que apontavam para os invasores.

— COMANDO "VAI TOMAR NO CU" ATIVADO! — berrou a casa, com refletores vermelhos badalando o corpo dos homens. — PENELOPE PRONTA PARA ATIRAR EM TODOS OS INVASORES!

— Pelos meus filhinhos... — gemeu o mafioso barrigudo, observando as armas e mijando as calças.

— Está sujando o chão! — bradou Astro, arrancando a pistola da mão do mafioso com brutalidade, e acertando um soco que entortou o nariz do homem. — Em Marte não mijamos a casa dos outros!

Jon se virou para o homem, apanhou a claster que estava na cintura — era parecida com uma pistola volumosa e extensa para cima, possuía um círculo na parte frontal e era ladeada por um vidro vermelho —, apontou-a para o homem atrás dele, que se encontrava imóvel, ao apertar o gatilho da claster, um feixe vermelho foi disparado e atingiu o ombro do mafioso, arremessando-o para longe.

— O Beagle tinha razão, clasteres são bem melhores... — bradou Jon, apontando-a mais uma vez para o homem que agora tinha o ombro totalmente incinerado e gritava de dor.

— Por favor...não me mate — implorou o homem.

— Só vieram vocês dois? — indagou Jon com um tom de voz ameaçador.

O homem respondeu que sim com a cabeça e disse:
— Ele quer que você saiba...

— O quê?

— Que ele tem uma surpresa para você...e que ela está prester a acontecer, e vai vir na hora que você menos esperar...ele quer avisar que...você não será mais o rei deste mundo — gaguejou o homem ferido. — Mas sim, ele!

Jon foi até Verônica, a deu um abraço forte, tapando sua visão.

— PENELOPE...ATIVAR! — rosnou ele, furioso, e dos refletores de luz vermelha, diversos projéteis atingiram o corpo do homem. Logo após, um dos canhões disparou um raio que transformou o homem em cinzas.

— Astro, varre isso aí, joga numa sacola e entrega para o gordão ali, depois manda ele dizer para o chefinho dele, que ESTA É A PORRA DO MEU RECADO.

— Entendido — concordou o marciano, derrubando uma estátua por conta do capacete enorme e indo atrás de uma vassoura.

Greeves desamarrou a fita que impedia Verônica de falar.

— Me perdoa por isso... — pediu Jon. — Nunca imaginei que teriam essa coragem...

— Eu não sei nem o que falar...eles chegaram...me ameaçaram e...me fizeram ficar calada até você chegar... — chorou ela, abraçando-o com força.

— Agora, você entende o porquê quero te manter longe de mim... — sussurrou ele, encarando-a com atenção. — Eu te... — hesitou.  — quero em segurança...sempre quis...

Ela não conseguiu responder, por isso, Jon a abraçou com mais força ainda, jamais iria perdoar a máfia por isso.