CAPÍTULO CINCO
Matteo
Era domingo. Um dia que, particularmente, eu não gostava. Domingos pareciam ser sempre cinzas, mesmo quando era verão e os dias faziam sol. Domingo parecia ser um dia triste, mesmo quando as famílias saiam para as ruas de mãos dadas e lotavam os parques, distribuindo sorrisos e gargalhadas. Domingo parecia um dia entediante, mesmo quando as famílias se reuniam ao redor de uma grande mesa e almoçavam juntos enquanto contavam histórias divertidas do passado. Mas talvez fosse apenas porque os domingos eram dolorosos para mim, já que me faziam lembrar os dias em que eu tive uma família para sair de mãos dadas, ir aos parques, almoçar e rir de velhas histórias. Tudo isso ficou no passado. Agora os meus domingos eram reservados para a única coisa que me sobrou e com a qual eu mais me importava: meu trabalho.
Era por isso que eu estava sentado do lado de fora do meu apartamento, na varanda, com o notebook no colo e uma bebida na mesinha ao lado, fazendo algumas pesquisas. Eu tinha chegado em casa por volta de duas horas da manhã, após sair do jantar beneficente. Livrei-me do smoking, que eu não voltaria a usar, pois a senhorita White tinha deixado uma mancha nele que era impossível de tirar. Tomei um banho, vesti roupas limpas e até tentei me deitar e dormir, mas não consegui. Fiquei pensando em tudo o que eu tinha descoberto até o momento sobre Amélie. Recordei os poucos, mas intensos momentos que passei ao lado dela no jantar. Eu estava intrigado, não com ela, mas comigo. Com a forma como eu era afetado pela presença dessa mulher. Ela ficou tão enraizada na minha mente que após algumas horas deitado, encarando o teto, com pensamentos inquietantes passando pela minha cabeça, resolvi que não conseguiria dormir e sai da cama.
Desde então, devo ter esvaziado e enchido o meu copo algumas dezenas de vezes, enquanto fuçava a vida de Amélie na internet. O céu que estava escuro, aos poucos, começou a clarear bem diante dos meus olhos. Não que eu estivesse prestando atenção, pois estava concentrado demais na minha tarefa. Eu tinha jogado o nome de Daniel no Google e relacionado à Amélie, mas não havia surgido nada de importante. Nenhuma menção dos dois juntos, nenhuma foto. Só mais tarde, quando relacionei o nome dele com o do senador, é que obtive resultados satisfatórios. O homem que claramente tinha interesse pela senhorita White era ninguém mais ninguém menos do que Daniel Sewell, um deputado democrata que era amigo da família.
Não gostei de saber que o tal Daniel era próximo da família White, pois isso com certeza o colocava em um patamar mais elevado do que eu imaginava. Amélie provavelmente era sua amiga, devia ter certo afeto por ele, talvez o considerasse alguém confiável. Nenhuma dessas coisas era boa para mim, pois se ela também nutrisse por ele sentimentos maiores do que o de amizade, isso poderia atrapalhar os meus planos. Já era um trabalho complicado me aproximar dessa mulher, conquistá-la e seduzi-la sem qualquer concorrente por perto, imagine então, tendo um. Eu também não podia me livrar de Daniel. Não era alguém com quem eu pudesse lidar facilmente. Então afastá-lo não era uma opção, pelo menos não se eu fizesse isso com as próprias mãos. Mas talvez eu pudesse afastá-lo se fizesse com que Amélie ficasse muito mais interessada em passar o seu tempo comigo do que com ele. E era exatamente o que eu ia fazer.
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Sr. Brayden \ Sociedade Escarlate - Vol.III (Disponível até 05\01)
RomanceSinopse: Quando Matteo Brayden aceita o trabalho de seduzir a filha de um influente político americano a mando de um poderoso cliente da Sociedade Escarlate, sua lealdade para com a organização que ele adotou como sua família é posta a prova. Tudo...