(escrito em fevereiro de 2019)
Só hoje escutei essa frase (ou seria um ditado?) duas vezes; no entanto, de dois pontos de vista diferentes. Como eu disse, foram duas situações, então vou apresentá-las.
A primeira foi durante o intervalo entre as aulas, e de lá saem coisas que só quem já foi um adolescente morrendo de fome e sono (pode ser que eu esteja usando a hipérbole) durante a manhã pode imaginar. Eu estava conversando com duas colegas sobre quais professores gostamos mais, quais gostamos menos. E nessa conversa fiada acabei falando sobre um certo professor do qual não tive uma impressão muito boa, mesmo que não soubesse ao certo o motivo, mas que, claro, podia não passar de um preceito; uma primeira impressão. Uma delas me disse que se sentiu da mesma forma, mas que havia aprendido que era muito fácil estar errado sobre isso, citando as vezes em que se surpreendeu com os professores que já tinham uma imagem em sua cabeça por conta de sua reputação (todos sabemos que na escola as informações, como a fama dos professores ou o aumento do preço da paçoca na cantina, correm rápido), mas que na verdade eram tão legais que sentia vontade de voltar para o outro prédio para vê-los. Ela me disse que não acreditava mais nessa coisa de "primeira impressão é a que fica" por conta disso.
Já a segunda situação, foi chegando na casa da minha avó, horas depois. Ao entrar, minha prima, que estava à mesa, brincou com o fato de eu estar arrumada para ir à escola (e quem me conhece sabe que, para mim, "arrumada" não significa lá grande coisa). Demos risada e em seguida ela disse que entendia, porque, afinal, "a primeira impressão é a que fica, né?" Dei risada e concordei com a cabeça na hora, mas depois comecei a pensar.
Era a segunda vez no dia que escutava aquilo, mas num contexto diferente. Sendo assim, qual estava certo? Ou estariam os dois errados? Havia mais possibilidades? Eu não saberia responder. No entanto, se quiser saber, aqui vai o meu palpite.
Apesar de saber que a aparência acaba sim sendo importante e, infelizmente, influencia nas primeiras impressões de certa forma, não é um fator determinante. Pelo menos não para mim. Quando penso sobre isso, uma outra frase (ou ditado? Definitivamente preciso pesquisar mais sobre o assunto) me vem à cabeça: "não julgue o livro pela capa".
Afinal, o que somos nós, se não livros? Cada um com sua própria maneira de cativar, alguns com mais facilidade, outros menos; cada qual com seu formato, cheiro, textura, cor... Porém, do que todos temos de diferente, temos também de igual: temos algo para contar, pensamentos e sentimentos a serem expressados; há em cada um muitas linhas, de uma história que começava antes mesmo de nos darmos conta, e que não fazemos ideia de onde vai parar ou quando será colocado o último ponto final. E por trás dessa história há alguém que despende de seu tempo para escrevê-la, muitas vezes sendo ela cheia de paixão e aventura, em outras drama, ou quem sabe terror, de vez em quando tudo isso e mais misturados, e, até mesmo, algo que já se tornou uma rotina, sem muitas alterações ou surpresas...
Dessa forma, por que aceitar um preceito como definição de quem teremos por perto quando poderíamos deixar toda essa besteira de lado e descobrir o que cada um tem a dizer?
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Alguns contos e crônicas (ou tentativas de escrevê-los)
RandomÉ exatamente o que diz o título, não tem muito segredo... Sou só eu tentando fazer algo com essa minha mania de ver palavras em tudo. //Atualizações semanais//