[3] não volta, não

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(escrito em julho de 2019)

    Não sei se com você é assim também, mas tem dias que dá uma saudade de mim... Sabe quando você percebe que parece que não é mais a mesma pessoa? Aparência, gostos, senso de humor: tudo mudado. Não ruim, só diferente.

   O ponto é que esses dias geralmente acontecem quando tento fazer alguma coisa de que gostava muito antes, desde reler aquele livro que a cada seis meses pegava pra ler outra vez; até assistir de novo aquela animação que vi tantas vezes que as falas e músicas já estavam na ponta da língua. Uma vez tentei até brincar de boneca outra vez. Não deu, pareceu tão estranho... Aquelas palavras que um dia me fizeram desejar viver aquelas histórias, agora me faziam torcer um pouquinho o nariz; os gráficos daquele desenho já não me pareciam tão incríveis quanto antes e as bonecas pareciam sem vida, sentindo falta de todos aqueles musicais que vivemos juntas. Eu demorei pra entender que não tinha nada de errado comigo, eu só tinha crescido, e quando a gente cresce a mudança vem junto. Às vezes a gente muda pra melhor, às vezes pra pior; mas só quem pode definir isso é a gente mesmo, né?

    Quando eu aceitei, decidi que ia parar de tentar reviver tudo. Se as lembranças começam a ser substituídas, aí não tem mais jeito. Não sei se você me entende, mas vou chegar na conclusão agora. Vou continuar amando minhas lembranças mais antigas e ao mesmo tempo vou dando um jeito de fazer as novas serem melhores, porque a soma dessas duas faz quem eu sou, né? Aquele tempo bom não volta, não... Mas ele não para de correr e a gente tem a chance de fazê-lo bom de novo.

Alguns contos e crônicas (ou tentativas de escrevê-los)Onde histórias criam vida. Descubra agora