Piloto.

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Eu sou gay.

Eu cheguei a ouvir algo da minha tia segundos antes de simplesmente minha visão escurecer de vez...

Talvez fosse algo como “Misericórdia, Deus!, mas eu acredito que não tenha sido pelo soco forte que recebi do meu tio. Tá que eu FODENDO DESMAIEI com aquela porrada que eu recebi, mas tenho certeza que essa “misericórdia” era pra eles.

Só por eu... Só por eu não ser o esperado por eles.

Na verdade, eu sempre achei que estivesse óbvio esse lance de eu ser gay, mas nitidamente acho que peguei os crente de surpresa com esse papo de ser homossexual.

Acho que na cabeça deles provavelmente eu ia achar uma moça da igreja, submissa provavelmente tanto ao marido – que no caso, seria eu – quanto submissa ao seu próprio Deus. Os meus tios que são aqueles típicos adultos que se dizem “cidadãos de bem”, querendo “priorizar a família” e toda essa baboseira hipócrita ridícula.

Por um acaso, eles são católicos e não cristãos. Um milagre do senhor mesmo, né? Mas não mudou nada, eu quem continuo me ferrando na história.

Como esperado, – eu nem sei a razão de eu ter me assumido sabendo de como funciona a cabeça de uma pessoa extremamente religiosa, eu quem fui burro pra caralho mesmo – na hora de “priorizarem a família”, eles não lembraram de uma regra importante de algo que eles seguiam tão firmemente.

Amar o outro como ama a si mesmo”.

É assim mesmo? Sei lá, eu não tenho costume em ler bíblia mesmo que eu tenha vivido em um lar religioso.

Só sei que levei uma porrada por ser viado e desmaiei.

Aliás, eu sou Felix. Lee Felix.
Moro – ou pelo menos morava, né – com meu tio e minha tia em Incheon.

Apesar de parecer, não era tão ruim viver com eles. Era gratificante saber que eles escolheram cuidar de mim depois de...

Ah, mano, vou só resumir logo essa porra.
Eu me fodo.
O tempo inteiro.

MAS É O TEMPO INTEIRO MESMO.

NÃO TENHO UM FODENDO MINUTO DE SOSSEGO!!!!! E claro, vamos acompanhar todo esse processo juntinhos. Você que está seguindo agora as minhas palavras vai receber toda essa desgraça em primeira mão, gostou?

De qualquer jeito, foi bom sentir por um tempo que alguém queria ficar ao meu lado e cuidar de mim por um tempo e et cetera, mas acabou. As decepções nítidas surgiram, foi tudo bem rápido mesmo e eu automaticamente tOMEI BEM NO OLHO DO MEU-


(Busan, 03:00PM)

— Vamos fazer o possível para que você melhore dessa doença, rapazinho! – disse Hane-ul, uma freira que parecia ter uns 40 pra 50 anos.

— Doença? Desculpa, mas não sei do que 'tá falando... – disse simplista, e por um momento eu estava meio confuso.

— Seus tios já explicaram toda a situação, Felix. E... —

Até eu entender do que ela estava falando.

— Ah, tá. Tá falando de eu ser gay? – interrompi a freira mesmo mo, slaaayyyyy – eu sou sim. Isso não é doença não.

— Mas nosso Deus fez o homem e a mulher pra se amarem. Não funciona quando homens querem homens e mulheres querem mulheres, você não acha? —

— Não, senhora.

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