Capítulo 24

2.8K 179 658
                                    

Eu quero dedicar esse capítulo a thay2607, e dizer que você é uma leitora muito importante para mim. Feliz aniversário (muitooo atrasado haha).  Muito obrigada por todo o carinho, de verdade.

24

A pior ideia pode ser, na verdade, a melhor.

MILA BROWN

          Ao abrir os olhos depois de um sono pesado que eu não estava tendo a dias, sou capaz de notar duas coisas no meu estado ainda dormente.

 A primeira, é a dor espalhada por partes diferentes do meu corpo por ter adormecido assistindo televisão. E a segunda é o fato de que, assim como eu, Ethan dormiu no sofá cama não tão confortável da minha sala.

 Ele está tão próximo de mim que se eu rolasse meu corpo para a direita, teria dormido com o seu peitoral como travesseiro. Sou grata por não ter movido um músculo a noite inteira.

 Essa é a primeira vez que olho para o seu rosto e chego a enxergar certa inocência. Ao que parece, as partes inteligentes do meu cérebro ainda estão bem dispersas.

 De qualquer forma, levanto e estico os meus braços em um alongamento, me concentrando para não rir quando o garoto de cabelos loiros murmura algo inaudível.

 Com a visão de um sorriso bobo nos lábios dele, decido ignorar os resmungos indecifráveis do seu possível sonho junto com a sensação esquisita que tê-lo aqui produz no meu estômago.

 Eu não preciso de mais borboletinhas indesejadas. Entretanto, elas continuam aparecendo em maior número toda vez que ele vem à minha mente. Considerando a frequência com que isso acontece, negar certas coisas tem sido difícil.

 Porém, para quase tudo se tem uma exceção. Negar o quão mais leve me sinto ao tentar me abrir de novo com alguém nem faz mais sentido. É claro que o medo ainda tem muito do seu espaço, e a minha insegurança me trava a maior parte do tempo. Ainda assim, sinto orgulho de mim mesma por não estar recuando como a Mila de vinte dias atrás faria.

 Contar parte do meu passado, que não exponho com frequência, me coloca no topo do pódio como a minha versão mais corajosa.

 Embora possa parecer pouco, as conversas que tivemos nos últimos dias me tiraram parte da sensação de estar em uma corda bamba e me trouxeram para mais perto do chão. É claro que ainda não sei onde estou pisando, e vou ser cuidadosa até descobrir. Entretanto, me deixar experimentar novas sensações me trouxe o gostinho de viver o presente.

 E é bom permitir sentir-se viva. Passar um longo período trancada no meu minúsculo universo particular me fez perder a noção disso.

 Fiquei paralisada por mais meses do que gostaria de contar. Agora que estou me esforçando para não ser a mesma garota que afasta cada possibilidade de se envolver, a sensação é igual estar despencando com peito aberto de uma altura muito grande. O frio na barriga chega a ser aterrorizante e excitante ao mesmo tempo. Acho que isso é normal quando se corre certos riscos. Em especial o de ter o meu coração quebrado em incontáveis peças, mais uma vez.

 Em certos momentos de inseguranças, o pesadelo de acabar em caquinhos virar a minha realidade parece inevitável, quase como se me esperasse na esquina á minha frente.

 Mila, não projeta situações passadas no seu futuro. Isso não é saudável.

 Me proíbo de entrar em uma caverna de medo, onde a minha coragem para confiar não consegue desabrochar da mesma forma lenta que a sementinha de uma flor. Assim, ainda com o Ethan deitado no meu sofá, sussurrando palavras que eu desconfio estarem em francês, desligo a televisão e me dirijo até o banheiro do meu quarto.

Era Amor Ou Uma Aposta?Onde histórias criam vida. Descubra agora