Capítulo 30

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30

Planos

Ethan Anderson

            Tom Schreiber não se tornou um dos melhores jogadores de lacrosse da atualidade porque ficou com a bunda no sofá jogando videogame. O cara treinava dia sim, dia sim em uma sucessão enorme de horas, por causa disso ele foi para um time da primeira divisão da NCAA na universidade e agora joga em um time profissional de lacrosse. Seguindo uma lógica perfeitamente ajustada, eu consigo o mesmo feito. Não é uma meta tão audaciosa, eu só preciso me esforçar muito mais.

 Tom Schreiber começou do zero e chegou ao topo. Ele é uma prova de que é possível ser um jogador profissional. Isso sem falar nos números dele pela liga. Sento e setenta e cinco gols em menos de cem jogos é uma marca impressionante e ele tem uma média de três assistências por jogo, que é o dobro da minha média.

 Eu sou muito bom com passes, principalmente da transição da defesa para o ataque, mas ainda preciso melhorar muito minhas assistências. Fazer gols na pequena área se tornou meu forte há dois anos atrás então eu posso me concentrar nisso depois. Porém, fazer gols a uma longa distância é um problema real. Eu preciso de sete lançamentos para fazer um gol, Tom Schreiber precisa de três. Ou seja, uma diferença astronômica que me corroí por dentro. Um jogador bom de lacrosse ficaria feliz com os meus números, mas eu não me permito estar estagnado dentro dos jogadores bons. Eu preciso ser o melhor e é necessário muito trabalho para chegar até esse ponto.

Todas as segundas, quartas e sextas em que não vou para empresa do meu pai, eu continuo treinando depois de todos terem ido embora. Normalmente eu prático passes contra uma parede ou a arquibancada, mas nas últimas semanas meu foco está no gol, ou melhor, a trinta e cinco metros dele. Ao meu lado tem três fileiras de bolinhas, totalizando trinta ao todo. Minha meta é acertar as trinta dentro do gol vazio para depois acertar as trinta com um daqueles goleiros que tem o tamanho de um bujão de gás industrial.

Nas duas últimas horas que passei jogando uma por uma dentro do gol meu recorde foi de vinte e seis. O que está longe de ser considerado bom o bastante. Cada erro prova o quanto estou distante do nível em que quero chegar.

Eu recolho as bolinhas de borracha e recomeço. A primeira entra dentro das redes, assim como a segunda... a décima sexta e a sequência acaba na vigésima primeira. Respiro fundo, me obrigando a continuar apesar de não estar mais sentindo minhas pernas e mal conseguir dobrar meu braço sem sentir dor. Minhas costas estão me matando e um banho quente seguido pela minha cama me faria estar no paraíso.

Minha capacidade de concentração caiu em mais da metade e as próximas nove bolinhas vão a direções opostas do gol. Eu exclamo uns duzentos palavrões diferentes, meu corpo não aguenta mais um micro movimento, cada músculo dói pelo desgaste físico. No entanto, eu não posso usar a carta de descanso enquanto não acertar todas as bolinhas no alvo.

— Eu tinha me esquecido que já tive um crush naquela Andressa que estudou com a gente no último ano do primeiro colegial, sendo que tudo que eu escrevia nesse diário era sobre ela e sobre estar confusa sobre sentimentos — Já tem uma meia hora que a Emma está sentada na arquibancada me fazendo companhia e ela não tem noção do quanto eu sou grato por isso.

— Não lembrava que você teve um crush naquela Andressa — Digo, arremessando a sétima bolinha que entra no gol.

— É porque na época nem eu sabia. Como eu podia falar sobre como o cabelo dela tinha um brilho bonito ou sobre como o contorno da boca dela era perfeito, essas coisas bregas, e não saber que eu gostava de garotas?

Era Amor Ou Uma Aposta?Onde histórias criam vida. Descubra agora