Capítulo 36

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Eu sorri muito escrevendo esse capítulo. Espero que gostem. E olá de novo. 

36

Primeiro Encontro

MILA

Na manhã de quinta-feira os primeiros raios de sol me trazem para realidade. Uma realidade de trapézio circense que deixa tudo de ponta cabeça. Ainda sim, é como balançar em movimento. Saltando no ar. Tentando alcançar a mão da outra pessoa e confiando que ela não vá te soltar. É um risco desmetido que eu venho cometendo a alguns dias, porque pode dar certo, pode dar muito certo. Está dando certo.

Cair e me quebrar parece tão distante que eu não preciso me preocupar enquanto tenho a mim mesma. E depois que sai do hospital eu tive a mim mesma. Acreditar nisso é tranquilizador, principalmente porque meu pai não entrou em contato comigo desde que voltei.

Porém, não me deixo chatear por isso e levanto da cama com meu melhor ânimo, totalmente disposta a aproveitar pequenos prazeres diários. O ar fresco da manhã ao abrir a janela e inspirar fundo, a água quente no banho. Granola, cereal, leite e morangos picados enquanto converso com minha tia sobre meus novos planos para quando o colegial terminar.

Esse vai ser um dia bom. É só um pressentimento meu.

A campainha toca no exato minuto em que eu me aprovo em frente ao espelho, de franja, com delineado gatinho, vestida em um cardigan longo e saltos grossos de tiras que espero usar desde o último outono. Grito "estou indo" para Rô, que está no seu quarto no segundo andar, e abro a porta. A dois metros de mim, está um Ethan sorridente.

Pelo terceiro dia seguido eu o recebo com um beijo longo, passando meus braços por trás do seu pescoço. Eu acordo e espero por essa rotina, com esse abraço e o seu beijo ao me buscar para o colégio. Pela espera, só separo nossos lábios quando meus pés gelam pelo tempo que estamos aqui fora.

— Bom dia. — Digo.

— Bom dia, linda.

Não é preciso dizer que as borboletas no estômago se agitam toda vez que ele me chama de linda.

No carro, entrego a ele cooks de menta com chocolate, que só ele gosta, e ele me traz em troca o mini rocambole de canela que a avó dele faz.

— Eu já não consigo viver sem esses enroladinhos de canela. Isso é muito ruim?

Durante o percurso até o colégio não dá tempo para ouvir duas músicas seguidas. Ethan estaciona o carro, pega sua mochila no banco de trás e vem de encontro a mim assim que tranca as portas. Ele entrelaça nossas mãos e me beija pelo tempo de meros segundos, me conduzindo até os corredores.

Minha mão ainda soa de nervosismo ao passar pelos armários, apesar de chegarmos cedo para ter qualquer pessoa nos encarando com olhos julgadores. Eu prefiro dessa forma. É mais fácil descartar comentários quando eles não passam de vozes na minha cabeça, tentando adivinhar o que os outros pensam. E o que os outros pensam nunca é algo bom.

— Antes que eu esqueça. Você tem algum plano com sua tia pra hoje a noite? — pergunta, escorando o ombro no armário ao lado do meu enquanto pego meus livros.

— Não. Por quê?

Minha dedução se mistura a empolgação e vira uma coisa só quando fecho meu armário. Em um braço carrego os livros e minha mão livre se entrelaça na dele.

Ethan aperta o músculo do seu ombro direito ao olhar para baixo por um segundo. Quando sua atenção volta pra mim, ele tem um sorriso largo nós lábios.

Era Amor Ou Uma Aposta?Onde histórias criam vida. Descubra agora