Uma vez, quando eu ainda era uma criança, uma pessoa me perguntou: "O que é que você mais deseja ter?" E eu inocentemente respondi: "Todos os brinquedos do mundo."
Ela sorriu com a minha resposta, talvez por causa da minha inocência. Ela então acaricou meu cabelo, rosto e disse: "Você pode ter tudo o que quiser, mesmo que digam que não. Até mesmo quando se sentir incapaz de ter tal coisa. Além do mais, você nunca estará sozinho. Tá bem?"
Eu não entendia o motivo da pergunta e das coisas que ela falava, mas eu as guardava carinhosamente dentro do meu coração. Mais tarde eu vim entender o que ela queria me dizer.
O tempo passou vagarosamente e então, certo dia, numa aula qualquer,foi me feita a seguinte pergunta:
- "Se por um momento, nem que fosse um momento curto, você pudesse ter tudo o que quisesse, o que você pediria?"
Não foi difícil adivinhar o que os meus colegas pediriam, muitos disseram que pediriam para serem bem sucedidos, outros pediriam carros caros, mansões, iates; alguns pediriam riquezas e então chegou a minha vez de pedir alguma coisa.
Nada daquilo citado pelos meus colegas me interessava, ao menos não naquele momento. O que eu queria não poderia ser comprado. Então a professora me perguntou:
-" E você, Aro? O que você pediria?"
Todos se voltaram para mim, para "verem" o que eu pediria. Eu baixei a cabeça e encarei a mesa. Haviam tantas coisas que um adolescente de 14 anos queria. Minha garganta havia secado um pouco, um bolo havia "se formado". Então falei:
- " Se eu fosse um pouco menor pediria brinquedos e comida, muita comida. Mas nada disso é tão importante agora, não pediria nada que os meus colegas pediram, porque.."
Meus olhos se encheram com lágrimas, mas engoli o choro e continuei:
-"Eu gostaria de realizar um sonho, somente um. Ele não é meu, mas talvez ele me ajudasse um pouco."
-" Porque nada disso iria aliviar a minha dor. O que eu mais gostaria de ter, mesmo que só por um minuto, é uma família que me notasse, um pouco de carinho, atenção e.. Mais uma vez o bolo na garganta me atrapalhou.. Quem sabe, um pouco de amor." - disse, levantando o rosto enquanto sorria. Meus olhos ardiam e a garganta seca não me ajudava a engolir o choro.
Alguns segundos se passaram, enquanto todos me encaravam, inclusive a professora. Enfim, o sinal tocou e fomos dispensados.
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"Dancei, porque dançar era a única coisa que me fazia concentrar e esquecer. Sozinho, girei. E em toda a sala tudo o que podia se ver era o meu reflexo nos espelhos e, mesmo sozinho, senti que estava dançando com um estranho."
- Você é um idiota! - continuou enquanto sorria.
- Não sei se percebeu, mas eu gosto de você. Tipo, eu não quero ser só um caso ou um ficante seu, eu quero algo sério com você. Eu me sinto muito apegado a você, eu sei que é meio errado mas não consegui evitar. - Falou. Seus olhos se iluminaram enquanto falava.
- Não consigo ficar longe de você, Aro. - completou, me abraçando.
Minhas bochechas arderam, minha boca travou, eu não conseguia dizer uma palavra sequer, eu só pude abraçá-lo, eu simplismente estava apaixonado por aquele garoto.
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O Garoto Do Ônibus (Romance gay) EM CORREÇÃO
Romance"Às vezes, quando caminhos se encontram, novas histórias começam." Aro, garoto de 18 anos tenta recomeçar sua vida em uma nova escola, e lá, ele irá encontrar o amor e o ódio. Guerras serão travadas, caminhos cruzados, amores roubados. Nada será co...