"Cansado de andar [...]"
Ele me beijava intensamente e eu gostava daquilo, ou não. Talvez eu estivesse usando aquilo como forma de consolo, afinal ele era meu amigo, ao menos é assim que eu o via: como um amigo.- Eu não posso fazer isso. - Falei, o empurrando gentilmente para longe de mim.
- Não pode o quê, Aro? - Perguntou-me, fazendo um biquinho. - Você sabe a quanto tempo espero por essa chance de beijar? - falou, novamente se aproximando de mim.
- Quê? - Perguntei. Eu não estava muito surpreso com isso.
- É! - Respondeu. - Talvez eu seja um pouco apaixonado por você. - Disse, timidamente.
Minhas bochechas coraram instantâneamente. Eu fiquei sem reação, até porque eu não era apaixonado por ele, eu era apaixonado por Lucas. Por mais que doesse afirmar isso.
- Mas eu não sou apaixonado por você. - eu disse, baixando a cabeça.
Ele desfez o sorriso após ouvir isso. Respirou fundo e falou: - Eu sei. -
- Sei que você gosta daquele mané, sei que pra você eu sou só um amigo. - Disse, se aproximando novamente.
- Desculpe por isso, você é o meu melhor amigo. Desculpe. - Disse. De repente comecei a sentir um incomodo no peito.
- Não peça desculpas pra mim, Aro. Você deveria pedir desculpa pra si mesmo. Por gostar de alguém como ele. Olha só o que ele fez com você, mesmo assim você continua aí, gostando dele. - Disse, dando um soco no guarda-roupa.
Escutar aquilo doeu, ver a sua reação e a maneira como eu havia o machucado doeu.
Mas não era apenas isso que doía, eu sentia meu meu peito arder. O ar ficava cada vez mais difícil de respirar.
Logo, eu caí de joelhos no chão pondo as mãos no peito, que ardia feito brasa. O Joaquim percebeu que eu não estava bem. Ele me perguntou algo, eu podia ver a sua boca se movimentar mas eu não consegui escutar. Olhei para minhas mãos que estavam frias e roxas, como se não houvesse sangue.
E foi aí que eu comecei a perder forças, tudo ao meu redor girava. Eu tentei pedir ajuda ao Joaquim, mas a cada movimento que eu tentava fazer meu corpo ficava mais pesado e tudo girava ainda mais. Enfim, eu já não conseguia sentir o ar nos meus pulmões, eles pareciam estar parados, como se não existissem.
As minhas pálpebras pesaram, eu caí no chão, e vi tudo ficar escuro e silencioso.
Eu estava morrendo?
~~~~~
Senti algo quente se mexer na minha mão esquerda, parecia ser a mão de alguém. Também ouvi passos ao meu redor, mas meus olhos pareciam cansados demais para se abrirem. Ouvi algumas vozes: uma era feminina, parecia a voz da minha mãe. Mas era a Elisa, ela sempre teve a voz igual a da minha mãe.Havia outra voz, era masculina. Não pude discernir ao certo de quem era, mas senti que era alguém próximo.
Tentei abrir os olhos novamente, mas sem sucesso. De novo senti aquela mão quente se mexer, o seu toque era delicado, era confortável, familiar. Logo, o sono chegou e, antes de eu me render a ele segurei e apertei aquela mão e senti ela retribuir. Aquilo me trouxe paz, e eu pude dormir tranquilamente.
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O Garoto Do Ônibus (Romance gay) EM CORREÇÃO
Romance"Às vezes, quando caminhos se encontram, novas histórias começam." Aro, garoto de 18 anos tenta recomeçar sua vida em uma nova escola, e lá, ele irá encontrar o amor e o ódio. Guerras serão travadas, caminhos cruzados, amores roubados. Nada será co...