✧ Bucky Barnes - Nightmares

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Os crimes que você cometeu
Você os segura contra mim
Sem noites, sem você, eu não posso sonhar
[...]
Feridas de arma que você simplesmente não pode consertar
As mentiras que você me disse danificaram meu coração
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(S/N) POV





— Pra onde eles vão te levar? — Perguntei, no canto da sala vazia.

Era sempre assim.

Eles vinham para buscar ele. Depois de duas ou três semanas, ele voltava. Machucado, com ataduras, marcas e cicatrizes. Com um olhar assustado, um olhar doce ou com um olhar mortal. O último tinha um destaque. Aquele olhar que não parecia o pertencer. E ele nunca se lembrava de nada. Nunca. Nem de mim. De quem eu era. Nem ao menos seu nome conseguia recordar.

Eu não conseguia recordar o meu.

Quando cheguei aqui, me deram um número. Era assim que eles nos identificavam. 04826 e 00004. Eu e ele, respectivamente. Ele possuía um cabelo escuro comprido, que não passava do ombro, e olhos verdes vibrantes que às vezes poderiam ser mais sombrios que tudo. Sempre que retornava, me perguntava: Onde estávamos, quem éramos, o que fazíamos, porquê estava ali. Mas eu não tinha respostas concretas.

Também queria saber isso e mais um pouco.

Queria saber o que estava acontecendo e o porque disso tudo. De vez em quando eles me levavam também. Uma ou duas vezes a cada semana. Geralmente ia no mesmo dia em que ele partia. Mas não me submetiam a nenhuma luta ou tratamento que envolvesse luta física, que me deixasse com aquelas marcas e cicatrizes horríveis que ele possuía. Eu sempre as olhava imaginando o que poderia ter acontecido. Quando eles me levavam da sala, que mais parecia uma cela, eu era posta em uma maca de exames. Eles tiravam um tanto de sangue ali, e injetavam um soro azul aqui. Me pediam para correr em esteiras e falavam coisas em russo que eu não conseguia compreender no começo. Mas de um dia pro outro aprendi coisas que, eu não sabia antes. Era como elas sempre estivessem ali, mas eu não sabia.

Enquanto tudo isso se passava na minha cabeça, ele ainda se debatia contra os guardas, mas eu só pensava em como seria quando ele voltasse.

     Às vezes ele chegava assustado. Me olhava com medo nos olhos e receio em suas expressões. Demorava uma semana até que conseguíssemos trocar três palavras. Uma vez chegou falando coisas estranhas. Coisas em russo. Palavras desconectadas que não faziam sentido. No total eram 10. Gravei 4 delas.

      "Печь, семнадцать, девять, грузовой вагон"

"Fornalha, dezessete, nove, vagão de carga."

Em outra vez? Quase me sufocou, exigindo respostas que eu não possuía. E que talvez eu nunca fosse possuir. Em mais uma, chegou dizendo que tudo iria ficar bem, e que iríamos fugir dali e então, levaram ele. Quando voltou, começou a falar sobre o que queria fazer quando saísse dali. E agora... Parecia como a primeira vez, um amigo que se tornara mais que um amigo.

— Eu não sei. — Ele disse, trocando o olhar da porta pra mim. — Mas eu vou ficar bem... Eu prometo. — Dois seguranças mascarados entraram na sala e agarraram ele, enquanto lutava para ficar. Os músculos dele, provavelmente doloridos, se contraiam e era possível ouvir sua respiração de longe. — Vai ficar tudo bem!

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