✧ Bucky Barnes - Consequences

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Te amar foi juvenil, selvagem e livre
Te amar foi luz do sol, foi estar sã e salva
[...]
Te amar ainda me machuca
Pois te amar foi luz do sol, mas então caiu uma tempestade
E perdi muito mais que meus sentidos
Porque te amar teve consequências
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Cinco anos.

Há cinco anos eu perdi ele.

E eu perdi mais que ele. Perdi a mim mesma. Uma parte de mim partiu com ele. Se foi. Se esvaiu. Como um estalo de dedos. Da mesma maneira em que ele se foi. Rápido. Simples. Sem detalhes. Apenas partiu.

E até hoje me lembro claramente de sua expressão no campo de batalha. Ele não queria lutar, mas ele sabia que sempre acabaria tendo que lutar. Sempre acabava em uma luta. E lá estávamos nós. Lutando pelo mundo. Pela sua segurança. Mas a segurança dele era mais importante que tudo. Eu o encarava, e estávamos na linha de frente, de cara com a barreira de Wakanda, mas eu estava o encarando. Como se não me preocupasse com o que estava por vir. Apenas ali. O encarando.

E lá vinha o exército de Thanos. Se matando para passar pela barreira. Se matando para nos matar. Querendo entrar de qualquer jeito. E ali estava ele. O amor da minha vida. Preparado para se sacrificar. Mesmo que significasse o fazer por mim. Pelo mundo.

Arrumou a arma em seu braço e me olhou, fechando levemente seus olhos por conta do sol. Mas que continuavam visíveis. E ele sorriu. Como se nada estivesse acontecendo. Como se o tempo houvesse parado. Como se não pudéssemos morrer ali, agora. Como se pudesse pensar em 1001 coisas felizes. Como se tentasse manter a calma. Ele sorriu. Um sorriso simples. Sincero. Amável. Como se não soubesse que daqui a algum tempo ele partiria, por quase uma eternidade. Que me faria me arrepender de tudo. Sorriu como se achasse que, por algum motivo do Universo, arrancaríamos aquela maldita manopla da mão de Thanos, e venceríamos. Que voltaríamos para casa. Compraríamos ou um apartamento no Brooklyn, ou uma casa no interior de Nova Jersey, longe da cidade, apenas nós dois. Sãos e salvos. Juntos.

Como eu queria que fosse assim.

Mas cinco anos se passaram desde que ele se foi. Desde que tentamos fazer Thanos nos devolver as jóias do infinito. Desde que o dia que eu vinha temendo a minha vida inteira, chegou.

Me lembro do dia em que nos conhecemos. Parecíamos crianças. Jovens adolescentes que se apaixonaram por alguém depois da pessoa dizer uma palavra. Mesmo sendo adultos. Começamos a trocar olhares e olhares. E pensar que naquele dia, lutamos contra o Homem-De-Ferro, a Viúva Negra, o Homem-Aranha, Pantera Negra, Máquina de Combate e Visão. Então dias depois ele estava em Wakanda, congelado. E eu ali, indo o visitar diariamente para assegurar que ele estava bem.

Uma história de amor diferente. Sobre duas pessoas que não eram perfeitas, que não tiveram a melhor das vidas. Mas ainda assim, é uma boa história.

Passamos por dificuldades. Mesmo em Wakanda, ele continuava tendo pesadelos. Continuava a gritar a noite, e eu ia correndo para seu quarto. Ele continuava a chorar em meus braços como uma criança. Dormi por duas semanas em um colchão ao lado de sua cama. Duas semanas quase sem dormir. Duas semanas que pareceram se arrastar. Cheguei a perder o sono, um tanto de peso por não estar comendo. Apesar de tudo, eles não tinham o consertado. Ele continuava ferido, mas por dentro. Ele continuava mantendo segredos, como se ele não confiasse em mim. Ele passou a hesitar em contar, mas cada noite falava um pouco. Eu convivia com a expectativa baixa que ele não iria melhorar, mas queria que acontecesse.

E, por cinco anos, eu nunca pensei que voltaria à mesma experiência daquelas duas semanas. A experiência de ficar sem dormir, sem comer. De passar noites em claro olhando o céu que agora estava mais limpo. De passar dias trancada dentro de casa. E sabe... amar ele foi lindo. É lindo. Eu ainda amo ele. Mas o fazer ainda me machuca. Porque durante cinco anos eu vivi sobre uma tempestade, que não se esvaiu. Que não se afastou.

E acredito que não irá se afastar.

No fim das contas, amar ele teve consequências.

Minha campainha tocou. Alguém batia na porta. Era Steve. Em uma jaqueta de couro já sem sua barba. Natasha e o homem que lutara com a gente tanto tempo antes... Como era o nome dele? Scott, eu acho, estavam encostados em um carro cinza ao fundo. Há semanas eu não via eles, ou ao menos mandava algum sinal para avisar que eu estava bem. Nem tive tempo de falar algo e Steve sorriu pra mim, pela primeira vez em muito tempo, me abraçando por longos segundos e, logo depois, apenas disse:

— Nós temos um plano.

Hesitei. Ao mesmo tempo que queria perguntar aquilo, não estava tão interessada na resposta.

— Para? — Perguntei.

— Para trazê-lo de volta.

E não pensei duas vezes.

— Me dê um minuto.

E fui correndo calçar o tênis, para que pudesse escutar mais sobre o tal plano.

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Música: Consequences - Camilla Cabello

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