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[N/A] Boa Leitura :)



A iluminação fraca do banheiro da velha residência iluminava razoavelmente a peça decadente, mas desempenhava o suficiente para o momento. Momento este em que as duas estavam acolhidas uma com a outra depois dos eventos do baile de máscaras, desde a pequena aventura que compartilharam no banheiro ao assassinato do sheik Faruk.

- Não vou te abandonar, okay? – Natasha se distanciou meramente dos lábios de Daisy, apenas para que pudesse olhar em seus olhos e transparecer suas certezas em cada sílaba – Estamos juntas nisso. – a ruiva pegou a mão direita da inumana, entrelaçando seus dedos uns aos outros – Mas... – murmurou, ainda com os olhos fixos nos da outra mulher. Se Daisy quisesse se afastar, lhe daria total apoio.

- Não me arrependo do que fiz. – a vigilante prontamente ressaltou, o som doce, ainda que firme – Teria conseqüências. Posso lidar com isso. – assegurou.

A preocupação da espiã chegava a acalentar seu coração de inúmeras maneiras diferentes, mas o sentimento era recíproco. Fez o que fez justamente por isso, mesmo assim, soube segundos antes de puxar o gatilho, que seu dedo pressionou um caminho perigoso. Cruzou uma linha desconhecida.

- Sei que nenhuma célula do seu corpo faria algo diferente. – Natasha pressionou com carinho seus dedos na mão entrelaçada com a dela, sem nunca quebrar o contado duradouro entre seus olhos – E sei também que todas as células do seu corpo lidam a cada segundo com o remorso por não poder fazer diferente. – a ruiva concluiu, amena e precisa, fitando-a com uma sinceridade desconhecida em seu âmago – Estamos juntas. Mas... Se quiser se afastar disso. Eu vou entender. – riu suavemente – Por mais que você deixa toalha molhada em cima da cama, nunca fecha o monitor do notebook, comeu minhas balas de menta... Não aceite perder em Monopoly, nem em uma luta... – citou os diversos costumes de Daisy na quinzena de dias que haviam passado a sós, com um sorriso suave, embora o tom fosse crítico.

- Em minha defesa, sei que você trapaceou. – pontuo acusatória, igualmente a ruiva, a vigilante abriu um sorriso doce para a mulher centímetros em sua frente.

- Tudo bem... – Natasha assentiu prolongadamente – Escondi uma propriedade do jogo. Tenho uma reputação a zelar. – maneou a cabeça para o lado e revirou os olhos. Daisy bateu devagar no ombro da espiã com a mão livre.

- Ei! Estava falando da luta. Quer dizer que trapaceou naquele maldito jogo também? – semicerrou os olhos, acusatória. A espiã sorriu com a expressão falsamente zangada da inumana.

Durante a trajetória de uma longa e infeliz vida, manchada de vermelho; de seu sangue, sangue de qualquer pessoa que tivesse o azar de ser seu alvo. Por todos os anos de sofrimento, todas as mentiras, todas as mortes, todas as perdes, a perda substancial de si mesma. Naquele momento, desfrutava com alívio da interação genuína com a mulher que chegou ao seu coração com a mesma velocidade de um projétil.

Em um momento se deparou rindo de uma brincadeira... E quando percebeu, viu a figura da vigilante em sua frente embaçada. E apenas quando sentiu a tato gélido da mão de Daisy em sua bochecha, foi que percebeu que uma lágrima imprópria escorria por sua bochecha.

- Desculpa. Não era pra isso acontecer. – murmurou, e com apreço retirou a mão da mulher de seu rosto.

Considerou se afastar. Qualquer resquício que a infame espiã russa pudesse deixar transparecer de emoção deveria ser quebrado imediatamente... Aprendera ser algo tão vital quanto o oxigênio. Mas não conseguiu. Não com ela.

- Também não vou te abandonar. – a inumana assegurou, com uma mão repousando gentilmente sobre a curvatura do pescoço de Natasha, e a outra ainda entrelaçada com a da ruiva – Só se você se cansar dessa bagunça que eu sou...

Spies - Hunting [Quake & Black Widow]Onde histórias criam vida. Descubra agora