MEEREEN

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Na cidade da baía dos dragões, uma rebelião acontecia. Com a morte da rainha, os antigos mestres não mais temiam. Ela era a única que os impediam de retornar as cidades ao seu antigo sistema escravista. A noticia do seu assassinato fez com que os filhos da harpia se levantassem novamente, que mercenários escusos e homens de má índole tentassem tomar o poder.

As palavras que antes os seguravam foram aquelas proferidas pelo anão: Quando tentarem retomar as cidades a sua antiga glória, lembre-se, do que aconteceu quando Daenerys Stormborn e seus dragões vieram a Meereen.
Mas com ela morta, eles não tinham nada a perder. Certo?

Os segundos filhos, liderados por Daario Naharis, tentavam ao máximo conter a rebelião. Mas era uma batalha perdida. Eram menos de dois mil homens, não conseguiriam conter um continente de ganância pra sempre. Mas isso não significava que não iam lutar até o último homem para tentar. A muito tempo tinham deixado de serem homens que lutavam por ouro, para lutarem por um causa. Por uma rainha que queria construir um mundo melhor.

Tudo que Daario queria era vingança. Jogar a Meereen a sua própria sorte e atravessar o grande mar. Encontrar o infeliz que roubou a vida da única mulher que amou. E então faze-lo pagar, tortura-lo de todas as formas inimagináveis. Mas não podia abandonar seu posto, nem as pessoas que agora dependiam dele. A queda dos Segundos filhos levaria ao fim tudo que Daenerys construiu em Essos. E isso ele não permitiria, não sem uma luta. 

A cidade estava em ruinas. Mulheres e crianças se encontravam refugiadas na grande pirâmide. Fora dela, o mercado tinha sido destruído. As casa derrubadas. E os soldados que restavam tentavam ao máximo proteger o que restava da população.

As pessoas se aglomeravam nos grandes salões das pirâmide. Na sala que um dia foi o trono onde a rainha de Meereen recebia seu povo. E juntos, eles rezavam. Pediam ao senhor da luz por uma saída, para que os soldados encontrassem forças para sobrepujar o inimigo. Oravam por sua rainha, para que onde ela estivesse, olhasse por eles. Clamavam pela paz e prosperidade que um dia eles conheceram.

Do lado de fora das muralhas da cidade os antigos mestres se reuniam para começar um nova ataque. Yunkai e Astapor já haviam caído, agora só restava Meereen. Eles planejavam atacar ao por do sol. Pilhar a cidade. Matar todos os soldados que lutavam sob a bandeira do dragão. E escravizar a população que se abrigava na cidade. Os meninos seriam treinados para serem os novos imaculados. Mas matariam todas as meninas que encontrassem. Como um aviso, para que nunca uma mulher os desafiasse novamente.

Com o passar das horas e a chegada da iminente batalha, os soldados mercenários se agruparam em locais estratégicos da cidade. Daario estava atrás de um forte, perto do portão principal. Outros se aglomeraram nas torres e na baía. Dentro da grande pirâmide poucos soldados restavam. Mas eles tinham deixado armas com o povo, para que estes pudessem se defender. Caso os soldados caíssem eles teriam a oportunidade de tentar lutar pelas suas vidas, e a dos seus filhos. E eles iam. Lembravam das palavras da sua rainha. Fogo e Sangue. Não iam desistir, não agora.

Sob o degrade laranja do por do sol, uma figura se aproximava no céu. E por um momento, todos os olhares foram para cima. Parecia uma miragem, o cintilar do sol sob a areia no calor escaldante. Mas a miragem se aproximava cada vez mais.

E então, quando os inimigos tomaram consciência do que seus olhos viam, era tarde demais. O dragão tinha voltado para casa. Daenerys sobrevoou a cidade, onde aprendeu a reinar. Onde recebeu amor.

Sob a muralha que cercava Meereen, Drogon pousou. E o fogo do dragão se derramou sob aqueles que ameaçavam a cidade. Eles nunca tiveram uma chance. Dessa vez, não iria ter piedade deles. Eles certamente não teriam do seu povo. As chamas consumiram os batalhões, as armas e os antigos mestres. Até que estes eram cinzas, levadas pelo vento do deserto.

Pouco a pouco, as pessoas foram saindo da pirâmide. Deixando seus esconderijos. Todos atônitos e mudos, sem acreditar no que seus olhos viam. O dragão vivia.
Eles se aglomeravam aos pés da besta. Sem medo. Eles não a temiam aqui, e amavam seu filho.  Crianças o cercavam, tocando suas escamas. Mulheres derramavam lagrimas de felicidade em seu casco. E eles olhavam para Rainha Daenerys com adoração. Mysha estava de volta.

Quando os segundos filhos chegaram, formaram fileiras por entre o povo. E na frente do batalhão estava seu capitão, o homem que tinha deixado para proteger a cidade. E cumpriu o seu dever.

Ele se aproximou dela. Com tamanha incredulidade na face que chegava a ser cômica. Daenerys tinha decido do seu dragão, estava agora em pé, do lado de sua cabeça.

_ Eles disseram que você tinha morrido. Como? ... Como?

_ E eu morri. É uma longa historia. – Ela respondeu. Um sorriso triste adornou seus lábio. – Não uma boa historia, eu receio. Você estava certo em achar que eu não encontraria felicidade em Westeros. Eu naveguei ruma a oeste para conquistar um reino. E no final, perdi tudo.

Daario a encarou. Uma carranca adornou seu rosto. Devia imaginar o misto de emoções que ele sentia. Pois ela sentia também. Raiva, decepção, injustiça. Foi uma pessoa que eles confiaram que levou tudo isso a acontecer. Sempre a aconselhando de maneira ruim, fazendo-a achar que seguir seus instintos a faria louca como seu pai. Ele protegia o exercito Lannister e seus irmãos. E aqueles que puseram sua confiança em Daenerys pagaram por isso.

_ Minha rainha, por favor, o que quer que tenha em mente. Me deixe ajuda-la. Por favor. – ele implorou. -  Me mande saquear uma cidade. Limpar merda do chão.  Me mande cortar a própria garganta se é isso que quiser. Mas por favor, por favor Daenerys, não me mande ficar longe de você de novo. Não imagina o inferno que foi esse ultimo ano, com você longe. Cada noticia que recebia era pior. Quando me disseram que você tinha morrido, a única coisa que quis foi ter força suficiente para vingar seu assassinato. E então me juntar a você, onde quer que estivesse.

Daenerys o observou. Pensou que tinha tanto aqui, em Essos. E não valorizou. Foi atrás de um sonho de infância, de reaver o que era da família. E acabou perdendo o que era dela, por algo que não valia a pena.

_ Westeros tirou tudo de mim. Agora eu vou pegar de volta.

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