Treinamento

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-Para onde vamos? -Olhei para minhas mão e tinha sangue.

-Logo você vai ver. -Meu pai não tirava os olhos da pista, o motorista era o guarda dorminhoco, ele não estava muito feliz, acho que meu pai ia castiga-lo logo, fiquei com pena dele, era uns dos mais "agradável" que tinha.

Foram alguns minutos de viagem e o carro estava em silêncio total, tentei não pensar nas consequências que estavam para acontecer, mas não conseguia parar de pensar no caminhoneiro sem vida, era só fecha os olhos e via seu rosto desfigurado e cheio de sangue e tudo isso era minha culpa, minha perna doía muito, meu pai fez um curativo nas pressas e diminuiu o sangramento.

-Onde estamos indo? -Tentei perguntar isso ao meu pai, mas ele permanecia rígido com sua careta olhando a estrada.

-Pai, desculpa, eu não queria que isso acontecesse.

-Não queria? -Ele desviou o olhar para mim e seus olhos me consumiram.

-Eu...eu... só queria ser livre.

Tentei me justificar, mas acredito que só piorou.

-A meu filho, te garanto que você vai ser livre agora...

Ele não disse mais nada, mas aquelas palavras me atingiram forte. O que ele queria dizer com isso.

Já era de manhã, estávamos em uma cidade que nem sabia onde era. Mas era enorme, muitos prédios e trânsito. Demorou alguns minuto até ele parar em uma casa, que parecia uma mansão,  mas tinha vários adolescentes na frente, todos com ternos que devia ser uniformes e bem arrumados.

-Tira essa camisa cheia de sangue e coloca isso.

Ele me deu uma camisa branca nova, olho para minha e vejo o estrago, realmente eu estava horrível.

Tirei minha camisa com receio e coloquei a nova, olhei para meu pai e ele estava no celular digitando algo.

Quando terminei ele abriu a porta e mandou eu sair, eu o acompanhei até a entrada daquela mansão e logo de cara eu vejo que era não uma mansão e sim uma escola.

Ele entra e eu o sigo pelo corredor, andando por aqueles corredores, vejo várias pessoas me olhando, me sinto envergonhado com aquilo e tento não pensar demais.

Ele entra em uma sala e eu entro também e lá tinha uma mesa e um senhor sentado nela.

-Bom dia rei Marcos, que prazer o trás aqui?

-Não sei se é um prazer, mas trago meu outro filho Henrique, para vocês cuidarem dele.

-Será uma honra. -O senhor me olha de baixo por cima e eu não gosto disso.

-Espero que não comentam o mesmo erro. -Meu pai foi incisivo nessa parte, e não entendi que erro eles podiam cometer de novo.

-Claro que não, o que aconteceu no passado, nunca vai se repetir.

Meu pai assente com a cabeça e coloca as mão no meu pescoço e fala bem grave e mais baixo.

-Eu não quero ter que acordar de madruga de novo e ir atrás de você, lembre que você tem uma mãe, e pelo bem dela você terá que cumprir com suas tarefas. -A sua ameaça me bateu forte, sentir vontade de chorar igual uma criança, minha mãe não tinha culpa das minhas atitudes, mas se era para ser assim, eu iria me comprometer pelo que tinha que acontecer.

Ele saiu e me deixou sozinho com aquele senhor, quando a porta se fecharam, o senhor que pelo que vi na placa que estava na sua mesa chamava Diretor Tadeu, ele fez um telefonema e logo alguém entrou na sala.

O Herdeiro do Tráfico Onde histórias criam vida. Descubra agora