Festa?

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Fiquei com isso na cabeça, por que o Miguel tinha me dito isso? O que de tão grave o Gabriel fez? Lembro que no dia que cheguei meu pai disse para o diretor que não queria que acontecesse o mesmo erro.

Minha curiosidade só aumentava, eu queria que todos me falasse sem fazer mistério ou joguinhos, mas pensei que eu também não me abria, não podia falar nada.

E será que era isso? Será que meu pai também manipulava todos para eu não saber do passado?

Eu tinha que descobrir, só não sabia como ia.

Entrei no meu quarto e estava vazia, me sentir aliviado por isso, podia colocar a cabeça no lugar e pensar.

Olhei para o livro que estava na minha mão e decidi abri-lo.

O morro do vento uivantes era um classico, o professor Nelson só me citou algumas frases famosas, fui até a página que eu me lembrava e a frase estava ali.

"Não tenho medo, nem esperança de morrer. Contudo não posso continuar assim! Tenho que me lembrar de respirar, de manter o meu coração a bater! A luta tem sido longa e desejo tanto que acabe em breve!"

Lembro que esse trecho que incentivou a lutar pela minha vida, minha liberdade, mas acabei parado aqui, em um lugar estranho, com pessoas que só ver a imagem do meu pai em mim. Onde estava preso igual como antes, mas agora com mais pessoas e isso era pior que viver na solidão, por que eu tinha que lidar com diálogos, conversas, fofocas, e sentimentos que nunca pensei que sentiria.

Eu tinha e devia me acostumar com essa nova rotina, a aprender a sentir saudade de pessoas, como minha vida, a ver o mundo com olhos diferente, a sentir e poder viver com esses sentimentos.

E eu iria aprender isso, sabia que não era fácil, vivia num mundo de lobos e eu não podia ser mais uma ovelha indefesa.

                              ****

Passaram algumas semanas, eu já estava bem adaptado a essa nova rotina, Miguel se afastou um pouco de mim, só o via quando tínhamos nossa aulas particulares, eu meio que esperava ansioso por elas, já estava me defendendo bem, tirando um dia que sem querer cortei o braço dele, e o insano começou a dar risada, e eu fiquei em choque. Depois ele segurou minha mão e mostrou como dava uma facava mortal, mas ele atingiu um boneco, eu quase entrei em pânico.

Não sabia se Miguel era uma pessoa normal, mas eu comecei a admira-lo cada vez mais, não só fisicamente, já estava na cara que eu sentia algo por ele, não queria, mas aprender a aceitar isso e esconder bem fundo minha atração por ele.

Já Matheus estava cada vez mais próximo, o que deixava a Amanda furiosa, mas eu sabia que ela descontava sua carência nos braços de Afonso, e eu a cada dia ficava com mais raiva disso, quando eu via Matheus e ela se beijando, dava vontade de separar os dois e jogar tudo na mesa, ela tinha que para de ser vadia, tinha que ver que o Matheus era um cara sensacional e não merecia ser tratado daquele jeito.

Na aula de boxer e nas outras eu estava me saindo bem, os alunos começaram a me respeitar melhor e não me ver como um novato fraco e indefeso.

Não cheguei a lutar de novo com o Afonso, nem com o Matheus, depois da última luta, o professor me elogiou mais pediu para treinar mais, para poder derrotar uns dos dois, que se mantiveram invictos.

Existia toda semana uma competição, e quem fosse os melhores iriam para um tipo de torneio, que acontecia com outros alunos de outra escola.

O Matheus e o Afonso eram garantido, e tinha somente mais uma vaga e eu queria ela, os outros alunos da minha escola tentaram me derrotar, mas estava difícil, nunca pensei que me daria tão bem nesse esporte.

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