Final

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A luta da semi final foi fácil, ganhei com facilidade do meu adversário, meu foco era outro, vi uma oportunidade de sair desse inferno e eu iria até o final por isso.

De noite no meu quarto estava sozinho e quando cheguei tinha uma mala de dinheiro na minha cama, abri e vi que era muito dinheiro, se eu quisesse já podia ir embora, mesmo correndo o risco do meu pai me achar ou ele fazer algum mal a minha mãe. Mas meu ego reagiu, eu realmente queria vencer a final, e ia ser com o maldito do João. E eu devia isso ao Matheus.

Passei a noite em claro, a luta só ia acontecer de noite, depois da semi final a escola inteira me tratava como um heroi, fazia anos que ninguém ia para finais e eu me sentir bem com isso. E eu tinha que decidir, se eu iria ou não embora.

Nem para o maldito do Miguel estar aqui, devido a esse sumiço eu nem sabia se ele estava vivo ou não. Rezei para ele dar notícia em breve. Estava sozinho e teria que tomar uma decisão logo.

Olhei para a cama vazia do Matheus, ele tinha indo para o hospital, ia ficar internado. Apesar de não ter sido nada tão grave.

O dia amanheceu e eu não conseguir pregar os olhos. Tinha mais algumas horas para decidir e resolvi dar uma volta.

A escola estava vazia, tinha ouvido rumores que teria uma festa na casa de um aluno e eles foram liberados para voltar só de noite. E de novo estava sozinho.

Olhei para os corredores e não via ninguém, o silêncio era enorme e eu me perguntei se não era o melhor momento para fugir. Era só pega a maleta e sair pelos fundos da escola, ninguém iria me impedir, mas seria estranho um menor com tanto dinheiro assim.

O dia passou muito demorado, até fiz minhas malas, decidi que iria lutar e depois ir embora. Não iria mais ficar nessa escola, eu só queria minha liberdade o que eu nunca tive.

Ao anoitecer a escola começou a ter barulho, os corredores começaram a encher de gente. Tudo mundo estava eufórico e eu estava ansioso.

Vários alunos vieram no meu quarto me incentivar, alguns eu nunca tinha visto antes. Meia hora antes da luta eu fui para a quadra.

Parecia um show de um cantor famoso, todas as escolas que participaram do campeonato estava nas arquibancadas, algumas torcia para minha escola e outras para a rival e uma escola só queria fazer barulho.

A quadra estava decorada, tinha várias bandejas enormes com tochas, a decoração me lembrava jogos olímpicos. Tinha palco onde um dj colocava músicas da atualidade. Vários alunos cantavam ou dançava com as melodias.

Fui ao vestiário e lá estava vazio, me troquei e coloquei a roupa da luta. Me sentei no banco e olhei para o chão, tinha que me concentrar, do que não seria tão fácil assim.

-Campeão, você está aqui. -Meu treinador entrou no vestiário.

-Não tenho muitas opções. -Fui ríspido porém ele levou na brincadeira.

-Calma, é só mais uma luta não precisa ficar nervoso. -Pensei comigo, quanto prestígio ele ia ter por "Treinar" um vencedor das regionais.

-Você está pronto? Precisa de algo?

-Silêncio, só preciso disso. -Eu o olhei com fúria e ele entendeu que tinha que sair.

-Tá bom, quando estiver pronto estou lá fora te esperando. -Ele saiu com o rabo entre as pernas e eu percebi que estava sendo autoritário com as pessoas, igual meu... não, nunca ia ser igual a ele, nunca.

Depois de alguns minutos eu estava pronto, meu treinador estava certo, era somente mais uma luta. Só uma e depois ia ter minha liberdade. Eu tinha que ganhar ou perder, mas tinha que terminar isso.

Sair do vestiário e sou recebido pelo público com muitos gritos e incentivos, me sentir um pouco envergonhado, principalmente quando uma menina me chamou de gostoso.

Olhei em volta e avistei três pessoas na arquibancada, as três estavam separadas, mas eram extremamente importante estar ali, me sentir feliz e com raiva ao mesmo tempo.

Mas tudo aconteceu muito rápido.

Entrei no ringue, a luta começou calma. Mas ele me atacou com força e me derrubou no chão, não satisfeito o João veio para cima de mim como um cão selvagem e eu me levantei e conseguir me defender até o juiz separar. Uma vitória dele, mas agora era minha vez. Eu me defendi e usei minha velha tática, só que não funcionou como esperado. Ele era um tipo de lutador extremamente experiente e muito rápido, percebi que minhas chances era poucas, mesmo assim eu iria até o final e ele tinha que ter um ponto fraco e ele tinha.

Na hora que ele tentou dar um gancho de direita em mim e ele abriu guarda pela esquerda, tudo foi em câmera lenta, eu podia ver com nitidez o pedaço de pele a onde eu tinha que bater, o seu queixo estava aí esperando pelo meu punho e não deixei passar.

Usei toda minha força e o acertei. Sentir ossos quebrando, pude ver a dor que foi aquele soco e sabia que era o final.

Ele caiu no chão e eu fiquei parado respirando fundo e deixando meu corpo consumir toda minha adrenalina. O juiz foi perto dele e começou a contagem.

-1..2..3..4..5...6...7...8..9.. Nocaute.

Ele não se mexeu, todo mundo ficou em silêncio, não conseguia ouvir a respiração de ninguém e nem mesmo do meu adversário.

Ele não respirava, um fio de sangue saiu da sua boca, o juiz bateu no seu rosto e ele não reagiu, logo começou o tumulto, todo mundo começou a gritar, ele estava morto? Como assim? Não ele não estava morto. Não podia estar. Eu comecei entrar em desespero.

Só que o pior aconteceu. Eu estava olhando fixamente para meu adversário esperando ele voltar a respirar, os paramédicos estavam tentando fazer o ressuscitamento e ouvimos um barulho ensurdecedor.

Era tiros, estávamos sobre ataque, logo me abaixei e olhei imediatamente para arquibancada. Das três pessoas que eu tinha visto só o Matheus estava ali, me olhando desesperado, mas sem poder ir até mim.

Outro barulho de tiro, olhei para o ringue e eles já tinha levado o João que saiu de ambulância, começou uma correria, alunos saiam correndo pela saída, os professores tentaram conter a multidão, mas em vão, por que logo mais se ouviu outro tiro, eu sair do ringue e tentei ir para o vestiário, olhei em volta e não conseguia achar o Miguel, ele era a segunda pessoa que eu tinha visto na arquibancada mas sumiu quando começou o primeiro tiro.

A terceira pessoa era meu pai, os seguranças que estava com ele, com certeza o tinha levando em segurança para fora.

Eu tento ir na multidão quando eu bato em uma coisa grande, na hora não percebi que era uma maldita tocha que eles acenderam para lembrar de jogos olímpicos. Essa rocha caiu no chão que se esparramou pelo palco que tinha decorações de jogos e na cortina do espetáculo e no palco do dj.

Além dos dois tiros, agora tudo estava em chamas, aquilo era o inferno.

As pessoas passava por mim desesperava e gritando. O fogo se alastrou mais e começou a sair uma fumaça preta. Sabia que em segundos toda a quadra estaria em chamas e várias pessoas iriam morrer.

A alarme de emergência foi acionado, eu tentei ir pela saída, mas como castigo desse acontecimento eu cair no chão e fui pisoteado por várias alunos que estavam desesperado para sobreviver.

Sentir uma costela minha quebrando, depois outra, o peso das pessoas no meu corpo era sufocante. Não conseguia pedir ajuda, minha voz não saia, eu queria gritar de dor mais nem fôlego eu tinha.

Sinto alguém me pegar no colo, nesse momento achei que fosse um anjo ou um demônio me levando embora para a morte. Conseguir junta todas minhas forças e olhei para o rosto e vi que era meu anjo, ele estava me levando embora e no meio daquela confusão e chamas eu me sentir seguro.

Mesmo se eu morresse ali, eu me sentir em paz no seu colo e sentindo seu cheiro.

-Amor, fica comigo, eu vou te levar daqui.

Ouvi sua voz foi o estupin para eu fechar meus olhos, eu confiava nele e entreguei minha vida aos seus braços.

Continua...

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