Voltando a rotina

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O final de semana foi um total tédio, eu ainda estava com meus pensamento em tudo que aconteceu, era realmente muita coisa para processar, e cada dia ficava pior.

Depois que o Miguel saiu, quase que correndo, eu voltei para meu quarto e fiquei ali, sem nada para fazer, tentei ler o livro, me distrair conversando com os funcionários da escola. Mas nada parecia funcionar.

Eu ainda sentia a boca quente e o corpo dele em cima de mim. Meu pescoço ainda arrepiava em lembrar dele.

Me aliviei algumas vezes pensando em como seria se as coisas continuasse. Não sei como foi para ele, mas meu primeiro beijo tinha sido muito bom, mas as consequências vieram, as verdades estavam aparecendo, só que será que eu estava pronto para viver com elas? Não sabia dizer, não sabia o que sentir.

Na hora do jantar eu fui para o refeitório e peguei meu prato que a dona Mary tinha feito e fui me sentar em uma mesa, só que eu não estava mais sozinho, tinha um menina uma mesa depois da minha.

Era a menina estranha, com seus óculos fundo de garrafa e cabelos todos bagunçado, ela parecia tímida e solitária, lembro que ela sempre se sentava sozinha no refeitório e me sentir mal por ela, eu nem sabia seu nome.

Eu me atrevi a ir até ela, chegado perto ela me olhou e abaixou a cabeça para sua comida, parecia ser muito vergonhosa, mas eu queria falar com ela, não sei dizer por que.

-Oi. -Eu também era tímido, mas ultimamente eu tinha perdido um pouco a inibição.

-Oi. -Ela estava vermelha e me lembrei de mim quando alguém me cumprimentava.

-Posso me sentar? Eu pensei que estaria sozinho e é muito triste isso.
-Posso? -Fui simpático e ela só concordou com a cabeça.

-Qual seu nome mesmo?

-Isabela. -Ela não conseguia me olhar nos olhos.

-Me chamo, Henrique. -Eu me apresentei e ela de novo só assentiu.

-Eu não te vi esse final de semana, pensei mesmo que todos os alunos tinha indo embora.

-Cheguei hoje, em casa não estava tão legal. -Ela tinha colocado as mãos nos  joelhos e olhava para os lados.

-Hum, eu não sei te dizer se aqui também é legal, mas tudo bem.

Ela deu um meio sorriso, e apesar da timidez e vergonha eu comecei a me simpatizar com ela.

-Isabela, você estuda aqui a muito tempo? -Eu sei que eu parecia uma maritaca, mas eu tinha ficado muito tempo sem falar com alguém, e eu precisava distrair minha cabeça.

-Tem dois anos, e você é novo não é? Filho do rei. -Ela conseguiu pronunciar uma frase inteira, já era um avanço.

Eu me sentir incomodado por ser lembrado como o filho do rei, mas eu concordei com a cabeça e comecei a comer.

Depois de alguns minutos em silêncio ela me pede desculpa.

-Eu sei como é chato ser somente a sombra dos seus pais, eu também sofro com isso, meus pais são bem irritante do quanto que querem que eu seja como eles.

Eu concordei e começamos a falar dos nossos pais, ela era filha de um contrabandista e pelo que ela disse era bem conhecido, o papo rendeu e descobri que ela era uma boa pessoa, só que ninguém falava com ela por que a achava estranha, eu me sentir comovido com ela e por minutos esqueci de toda as merdas da minha vida.

No dia seguinte sentamos juntos de novo e conversamos um monte, à noite tinha sido solitária e fiquei feliz em ter alguém para conversar, não vi sinal do Miguel, não queria me preocupar com isso mas eu não parava de pensar nele.

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