Apenas um Desejo Latente (Uncontrolled Guys Series Book 1)

Capítulo 4

A dor de cabeça estava lhe matando.

Tinha o dia todo livre para descansar e repor as energias, mas pelo visto, havia acordado o mais cedo que havia acordado na vida.

Bom, não tinha culpa de nada ou talvez tinha.

Havia chegado às cinco da manhã em sua casa, somente tomou um longo banho e se jogou na cama pensando que iria conseguir dormir, mas as dores foram bem maiores que a vontade de dormir e um simples Tylenol não conseguiu resolver nada. Podia já suspeitar que estava com as piores olheiras possíveis no rosto, e sua coragem para comprovar no espelho era nula; mas não era algo de outro mundo, literalmente tinha passado a noite toda acordado.

Era sincero consigo mesmo não havia saído da sua cabeça o fato que havia transado com Tyler Carter, uma parte dele queria colocar uma pedra no pescoço e se jogar no oceano mais próximo. A outra estava reconhecendo o quanto o sexo com ele havia sido bom. Na verdade, havia sido o melhor que já havia feito em sua vida, mas isso não era algo grandioso. Até porque já havia transado com homens muito mais bonitos e atrativos que Carter, mas algo nele era o diferencial: ele realmente sabia tocar alguém. Não podia deixar de reconhecer que as mãos de Tyler nele, souberam alcançar os seus pontos débeis e principalmente apertar os botões corretos para dar um prazer quase destrutivo.

A questão de ter ido para a cama com Tyler parecia, no início, apenas um simples deslize, algo fútil, um simples acontecimento que logo se apagaria e tudo ficaria muito bem escondido em algum canto desprezível da sua mente. E era exatamente neste ponto que Clarke estava enganado.

E os questionamentos vieram. Violentos e situando sua mente na verdadeira realidade.

Quem em sua sã consciência transaria com a pessoa que rejeitou? Por que havia gostado tanto do sexo com Carter? Por que deixou Carter falar o que ele falou para ele? Por que disse o que disse para Carter? E principalmente, por que foi que nem um cordeirinho patético para a casa daquele homem servir de sobremesa para ele, sendo que a última coisa que queria na sua vida era ser mais um na cama dele? E muitas outras mais...

Ter um enlouquecimento gay não era o perfil de Peter. Aliás, odiava todas as essas coisas que as pessoas inventavam depois do sexo, mas Deus, estava quase impossível controlar esse tsunami de perguntas que nem se desafiava a tentar responder.

Eram perguntas fodidas. E talvez só ele estivesse com elas na cabeça.

Peter havia ido para a festa justamente para transar com alguém, mas isso não incluía que fosse Carter. Pelo amor de Deus, esse homem nem deveria estar ali. Tantas festas para ele estar, justamente naquela decidiu fazer-se presente para destruir toda a homeostasia da sua mente. Poderia culpar alguns sujeitos pela burrada que havia feito, mas tinha algumas considerações pertinentes.

É claro, tinha muitas outras opções ali, mas ao contrário dos demais, Tyler tinha que aprender algumas coisas e Peter soube ensinar a ele, inclusive soube dizer que guardar desejos não era saudável, mas a verdade seja dita, Peter havia descoberto, naquele momento, que estava começando a amar tirar Carter do sério.

Era algo estranho considerando toda a repulsa que ele tinha pelo homem, mas não tinha nada de errado; somente era alguém tentando tirar o outro do sério por uma razão óbvia: não perder a chance de desafiar alguém que se acha o dono de tudo, mas não é nada.

Peter sabia que havia ido um pouco longe quando roçou seus lábios com os de Tyler. No entanto, não era motivo de arrependimento. Tinha que comprovar algumas coisas. Carter parecia um rato de laboratório no qual Peter queria executar diversos procedimentos.

E realmente conseguiu;  mas acabou conseguindo muito mais, simplesmente despertando, naquele homem, um descontrole bastante aparente. Nada assustador para Peter, somente um pouco fora do comum, era como se ele estivesse a todo momento escondido detrás de uma máscara de alguém super controlado e em contato consigo mesmo. No entanto, sua máscara havia escorregado muitas vezes do seu rosto, revelando, não tanto, o verdadeiro Tyler Carter; como se fosse um vulcão prestes a explodir. E talvez tenha explodido. E pode ver o verdadeiro Carter ─ descontrolado, áspero e violento ─ no momento em que aquele beijo super horrível foi a única ação a ser executada.