Capítulo 2

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-Sente alguma coisa? -Perguntou Falis enquanto eu deslizava a ponta dos meus dedos sobre o cordão do colar de Merlim. Fechei os meus olhos tentando me concentrar em sentir qualquer coisa, alguma mísera fagulha, mas nada.

Abri os olhos e contemplei o colar de ouro com um pingente de pedra marrom, lapidada para ser no formato de uma gota, soltei um suspiro de frustração.

-Está bem querida, vamos tentar outro.  

Falis tirou o colar das minhas mãos e foi para a mesa para guarda-lo dentro da caixa, nesse meio tempo meus olhos foram na direção de Karias. A expressão que meu mestre fazia era uma pergunta silenciosa, "Não conseguiu sentir nada?", meus ombros se encolheram e balancei a cabeça negativamente. Passei a encarar o chão, não queria ver decepção nos olhos dele, pois já bastava a minha.

-Tente esse aqui é o de Mercuem. -Falis trouxe uma pulseira feita de um ferro negro com diversas pedras azuis enfeitando-o, trazendo brilho e luz para o metal escuro. Respirei fundo e me concentrei, mas como aconteceu com o primeiro não senti nada. Nenhuma ligação.

Nenhuma energia pulsante.

Nenhuma visão.

Nada...

Apenas vazio.

Não aguentando mais segurar aquele objeto, larguei-o na mesa.

-Eu não entendo... -Falei olhando para a peça na mesa. -Por que não está funcionando?

A pergunta era mais para mim do que para os dois. O que havia de errado comigo? Por que eu não conseguia me conectar?

Falis pegou o Gizarks de Saragos de cima da mesa, pelo canto do olho consegui ver sua expressão dura e de desapontamento, o que culminou em uma revirada de estômago da minha parte. Pelos Eternos eu estou tendo ânsia por causa do nervosismo, encarei as palmas das minhas mãos e as vi suadas e gélidas. Passei a limpar o suor no tecido da calça.

Foi quando uma mão pousou no meu ombro e o apertou para me consolar, virei o meu campo de visão para a  cabeleira rebelde e com a cor do fogo que a maga artesã tinha. -Está tudo bem querida? Se sente cansada?

-Não é que... É que... -"É que eu me sinto um fracasso." Tentei falar o que se passava dentro do meu peito, mas a ansiedade e a vergonha conseguiu me calar.

-Está tudo bem, hoje você fez o melhor que podia. Ok? -Falis me lançou um de seus sorrisos dóceis para tentar diminuir a minha insegurança, balancei a cabeça concordando com suas palavras mesmo que por dentro eu ainda sentia que poderia ter feito mais.

-O que você acha Falis? -Perguntou Karias para a maga que havia se afastado de mim e ido para a outra mesa de madeira, o seu olhar dourado estava focado nas caixas de prata. Ela retirou uma mecha ruiva que caiu sobre rosto e continuou em silêncio por mais alguns minutos.

-Acho que a ligação dela com o Eterno não está tão forte. -Sua fala foi como um balde de água fria em todos os esforços que tive durante todas essas semanas. -Mia, suas memórias do passado estão voltando? Ou você anda tendo alguma visão das lembranças de Felícia? Ou talvez consiga sentir onde Arkenos está?

Fiquei em silêncio por um momento tentando me recordar de algum episódio nesses últimos dias e para o meu desespero não havia tido nada. Nenhuma lembrança ou memória desde a conversa que revelara tudo. E, além disso, não consigo sentir Arkenos, apenas vê-lo quando me visita nos meus sonhos.

Balancei a cabeça negativamente.

-Acredita que o feitiço de contenção ainda continua forte? -Perguntou Karias também pensando na teoria que a amiga havia proposto.

A Guardiã do Eterno - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora