Dia seguinte (Parte 1)

12.7K 995 150
                                    

Como de praxe fora acordado bem cedinho por uma Esther desejosa de ir fazer suas necessidades fisiológicas. Mesmo tentando mudar a rotina matinal da menina, o estômago dela - por birra - só deixava para funcionar quando Jared estava na melhor parte de seu sono.

Será que todos os pais sofriam com os relógios biológicos certeiros dos filhos?

Após ajudá-la a se lavar e a vestir uma nova fralda, voltaram para a cama e Jared mais uma vez foi tragado pelo sono. Uma hora e meia depois foi desperto ao sentir beijos molhados em seu rosto e uma vozinha sussurrada bem pertinho do seu ouvido.

"Acodá papaizinho. Noiji tem que tabanhá lá com a plincesa Zoé Blanca de Neve." Continuou de olhos fechados, fingindo estar dormindo para ver qual seria o próximo passo de Esther. "Papaizinho num acodá, Fofinho. canxadinho. Mas a Esther, rainha da pécia tá com fome de chocolate, bolo e gute de molango. Tá com fominha também, né Fofinho? Papaizinho, acodá."

Fingiu um resmungo quando ela sacudiu seu ombro, Jared abriu lentamente os olhos e se deparou com um rostinho redondo amassado e os cabelos na eterna bagunça de todas as manhãs.

"Dormiu com as almas?" Passou a mão nos cabelos castanhos de Esther, que o olhou, confusa.

"Dômi com o papaizinho." A pequena sorriu e se curvou para plantar um beijinho na bochecha dele.

Ela era tão carinhosa que era impossível não desejar protegê-la de todo e qualquer mal.

Não era nenhum idiota para continuar negando o inegável: em apenas sete dias Esther tinha conquistado quase todo o seu coração. Amava aquela miniatura de gente e a protegeria com a própria vida caso necessário.

"Vamos tomar um banho." Pulou da cama e pegou Esther no colo.

Colocou-a para tomar banho e escovar os dentes e após enrolá-la em um mini-roupão lilás, que provavelmente sua mãe tinha comprado para a neta usar quando fosse visitá-la, Jared a expulsou do banheiro e se banhou tão lentamente quanto poderia aproveitar. Ao sair do banheiro com uma toalha enrolada na cintura, encontrou a mãe penteando a juba de uma Esther já trajada de um vestidinho vermelho xadrez, calça jeans e botinhas marrons. A pequena sorria abraçada ao inseparável urso feioso e parecia bem confortável em ter a avó cuidando de seus cabelos.

Com Jared a menina só fazia reclamar quando ele tentava desembaraçar os longos fios cheios de nós.

"Bom dia, filho." A mãe o saudou sem tirar a atenção do trabalho que exercia.

"Bom dia, mãe." Dirigiu-se ao guarda-roupa e pegou um terno cinza, cueca e um par de meias.

Voltou para o banheiro e se vestiu com calma. Passou o desodorante e o perfume, penteou os cabelos e ajeitou a gravata como era de rotina. Teria um dia cheio de documentos para despachar e um almoço de negócios para comparecer. Precisava matricular Esther em uma creche; não poderia jogar para sempre em cima de Zoé a responsabilidade de cuidar da menina. Não era justo sobrecarregá-la ainda mais ou a qualquer momento ela pediria demissão. E não podia se dar ao luxo de perder a sua tão eficiente secretária, meio traíra, Zoé.

Pensar em Zoé o fez lembrar do jantar da noite anterior. Fechou a cara ao imaginar o que poderia ter acontecido após Zoé e o Carter terem deixado o evento. Resmungando, saiu do banheiro e não encontrou mais com a mãe e a filha. Pegou apenas a carteira e o chaveiro com as chaves do carro e de casa, sentindo-se irritado e com vontade de quebrar a cara de um certo loiro a la Christian Grey.

A culpada daquilo estar acontecendo era sua mãe. Janete Hershlag não deveria ter apresentado romance hot, com sheikes de 25cm para Zoé ficar fantasiando coisas obscenas. O que se passava na cabeça dessas mulheres que ao invés de lerem apenas Shakespeare, inventavam de mergulhar nos livros dessas autoras modernas totalmente desavergonhadas?

Uma família para a Esther (COMPLETO) ✔✅Onde histórias criam vida. Descubra agora