Conversa de casal

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Um balançar forte em seu ombro o despertou de um sono maravilhoso e profundo. A vontade de mandar para o inferno quem quer que fosse, durou até recordar da filha e a mania dela de ir ao banheiro em plena madrugada. Abriu os olhos e após piscar várias vezes, viu o rostinho ansioso da filha bem acima do seu rosto.

"Fazê cocô, papaizinho." Ela sussurrou bem baixinho com uma careta.

Com cuidado para não acordar Zoé, os dois foram para o banheiro e após ajudar a filha a sentar no vaso sanitário, Jared a deixou sozinha, dando-lhe alguma privacidade. Pela luz que vinha do banheiro, observou a namorada deitada de bruços, agarrada ao travesseiro.

Sua na.mo.ra.da.

Sorriu sozinho feito um bobo.

Agora era um homem comprometido e estava muito feliz.

Pois é...

Jared Hershlag aos 30 anos de idade estava conhecendo o amor em dose dupla: o amor paterno e o de um homem por uma mulher.

Não qualquer mulher. Mas sim da sua tão adorável Zoé.

"Cabou, papaizinho."

Voltou ao banheiro torcendo o nariz para a catinga produzida.

"Caralho, Esther!" Abaixou a tampa do vaso e deu descarga. "Você só é pequena, mas produz uma bomba atômica de matar."

Ao menos ela não fez como o primo Alex, quando o Liam deixou o filho de 10 meses aos cuidados de Jared por longos trinta minutos. Foi uma tragédia quando o menino meteu a mão dentro da fralda descartável e passou a mão suja de cocô verde na cara e nos cabelos. Naquela tarde Jared não sabia se ria ou jogava o menino debaixo de um jato de água gelada.

Ajudou a filha a sair do vaso e depois a se lavar. Ao vesti-la, percebeu que a calça do pijama não estava molhada. Tinha sido muito boa a ideia de Zoé de colocar Esther para mijar antes de dormir. Mas mesmo assim, tinha consciência, que nem sempre daria certo, pois, poderia ser um processo lento até a filha se ver livre daquele grande incômodo.

"Fica aqui quietinha enquanto o papai mija." Deixou a menina do lado de fora, perto da porta e correu para se aliviar.

Lavou as mãos, pois convenhamos que a maioria dos homens não as lavam quando vão ao banheiro. Jared morria de raiva ao ter que apertar mãos masculinas. Só de pensar que, provavelmente, tinham segurado o pênis ao mijarem ou coçado o saco, ele tinha nojo. De pênis e testículos só gostava dos dele. Uma vez até tinha batido em um gay encubado, quando o desgraçado o tinha apalpado no meio de uma boate. Não era homofóbico; até tinha alguns amigos gays legais. Respeitava a sexualidade de cada um, desde que o respeitassem também. Se não assediava as mulheres, também não queria ser assediado por outros homens.

Esse assunto o fez lembrar do principezinho da baixaleza. Será que era um daqueles gays ainda enclausurado na gaveta de um armário? Se fosse, que continuasse a ser o mais longínquo de Zoé, se quiser continuar com todos os dentes na boca.

Ah, não podia esquecer de que em alguns anos precisaria matricular Esther em um curso de defesas pessoais e colocar em sua mochila um spray de pimenta. Sua filha seria uma garotinha de muita fibra, capaz de esmagar as bolas de qualquer marmanjo que mexesse com ela.

Até os 30 anos nada de namorado para Esther.

O desgraçado filho de um puto,  que ousar ir em sua casa, apresentar-se como pretendente da Esther, vai acabar com um olho roxo e sem alguns dentes.

Onde já se viu um marmanjo qualquer tocando na sua menina!?

Não mesmo.

Pensar na filha o lembrou que dali três dias ela iria para a escola e ele deveria colocar logo em prática o que tinha aprendido durante as pesquisas na Internet.

Uma família para a Esther (COMPLETO) ✔✅Onde histórias criam vida. Descubra agora