Amigos para a vida

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Quando a tirou do carro, a menina se agarrou nele como se fosse um carrapato. Pensou em colocá-la no chão, mas quando Esther escondeu o rosto em seu pescoço e começou a brincar com os fios de cabelos em sua nuca, Jared percebeu que a menina tremia levemente por causa do vento gelado da noite. Era melhor entrar logo antes que ela pegasse um resfriado e lhe desse ainda mais dor de cabeça. Abriu a porta da casa e mal deu dois passos para dentro quando suas pernas foram agarradas por Samuel e Seth, os gêmeos de sete anos, filhos de Hugo e Eva. Eram uns diabinhos tão loiros e diabólicos quanto a mãe, com os olhos esverdeados do pai e uma propensão a se meterem em problemas.

"Tio Jared!"

Logo atrás deles, surgiram os três filhos de Liam: Daniel, de seis anos, Gabe de quatro e Alex de dois.

Mais três diabinhos de sorrisos doces e olhares inocentes, que enganavam os desavisados.

Daniel não era filho biológico de Liam; quando seu irmão conheceu a mãe do menino, ela estava no meio de uma briga judicial com o ex-marido e seria facilmente engolida pelos tubarões, se Liam não tivesse assumido o caso. Seu irmão, sempre certinho e ético, enfrentou céus e terra, colocando sua carreira como advogado em risco, para impedir que mãe e filho fossem separados por um ex-marido vingativo e sem caráter. Consequentemente, Liam se apaixonou por Isabelle e Daniel; tão apaixonado, que poucos meses depois casou e já tinha providenciado o segundo filho. Quem olhasse para Daniel jamais diria que não era filho biológico de Liam, pois, era o mais parecido fisicamente com o pai. Os mesmos olhos verdes e os cabelos escuros. A inteligência e até o péssimo gosto de amar comer beterraba crua. Já Gabe e Alex eram uma mistura perfeita dos pais, com os olhos verdes de Liam e os cabelos castanhos ondulados da mãe.

"Você demorou muito, tio Jared!" Samuel reclamou, com a voz estridente.

"Tio, vamos jogar futebol?" Gabe pediu.

"Deixa eu vê a pliminha, tio." Alex exigiu, puxando sua calça.

As cinco crianças falavam ao mesmo tempo, exigindo atenção. Parecia até um concurso para ver quem gritava mais alto.

Esther encolheu mais contra seu corpo. Ela parecia assustada com a baderna.

"SILÊNCIO!" Agradeceu aos céus quando a cunhada gritou mais alto que o quinteto dos pestinhas, fazendo-os calar. "Vocês estão loucos? Já falei um monte de vezes para não ficarem gritando como selvagens!"

Os meninos, assustados, olharam para a loira, mais diabólica, que todos eles juntos. Até Jared engoliu em seco. Sua cunhada, Eva, não era nada fácil e a paciência era inexistente. Só mesmo Hugo para se casar com uma mulher tão assustadora.

Jared se assustou mais ainda quando sentiu algo molhando seu pescoço e o corpo trêmulo da menina em seus braços. Ela chorava. Sabia que ela chorava, mesmo sendo um choro silencioso.

"O que foi?" Perguntou baixinho, chamando a atenção das crianças, de Eva e dos adultos, que entravam na sala.

"Vocês assustaram a menina." Eva ralhou baixinho, apontando o dedo para as crianças, que olharam desolados para o tio e a menina agarrada à ele.

"Vem cá com a vovó, meu anjinho." Janete atravessou a sala e tentou pegar a neta, mas Esther apertou as pernas e os braços ao redor de Jared, mostrando que não o largaria.

"Não precisa ter medo, Esther." Isabelle, se aproximou, e com toda sua calma e delicadeza de psicóloga, acariciou as costas da menina. "Ninguém aqui está brigando. Ninguém aqui vai te machucar. Os meninos só estão felizes, porque vão te conhecer. Eles são filhos do tio Liam e do tio Hugo, como você é filha do seu papai Jared."

Uma família para a Esther (COMPLETO) ✔✅Onde histórias criam vida. Descubra agora