Capítulo 15. As diferenças.

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Wanda's POV.

Após sair da tenda de Carolina, me ponho a caminhar em passos largos em direção à tenda principal, onde todos estavam a nossa espera para o café.

Durante o caminho não pude deixar de refletir a respeito de nossas diferenças, minhas e de Carol.

Eu não sentia ódio vindo dela, apenas medo e isso me chamava a atenção.

O medo pode ser mais perigoso que o ódio, pois o medo é o oposto do amor.

Imersa em meus pensamentos, mal percebo que já estou adentrando a tenda até ter todos os olhos virados em minha direção, inclusive o olhar verde esperançoso de minha irmã, Natasha.

- Onde está a nossa convidada? - Steve perguntou, estranhando que eu houvesse chegado sozinha, afinal eu tinha ido buscar Carolina.

- Está em sua tenda, gritando aos 4 ventos como somos pecadores, filhos do diabo e hereges. - respondi ao me sentar, e percebo todos os olhares desviados em minha direção. - O que houve?

- Nós que perguntamos. Que história é essa de filhos do Diabo? - minha mãe perguntou.

- O que é Diabo? - ouço alguém mais ao fundo perguntar.

- O Diabo é uma entidade maligna para os católicos. Ele originalmente se chamava Lúcifer e costumava ser um anjo, porém ao desafiar Deus, o mesmo o baniu, fazendo com que Lúcifer caísse dos céus e fosse morar no inferno. Os católicos atribuem toda a maldade do mundo a este ser. - meu pai respondeu, não parecendo se importar de ter sido chamado de filho do mal.

- Ela acha que somos pessoas ruins. - Steve afirmou rindo.

- Não, ela não acha que somos ruins, ela não acha nada. Ela não nos conhece para achar alguma coisa. O problema aqui meu irmão, é que Carolina está supondo algo sobre nós, sem nos dar a chance de nos mostrarmos a ela. Está nos pré-julgando. - respondi olhando para Steve, e observei Natasha abaixar a cabeça.

- A medida que for convivendo conosco, ela entenderá. - meu pai disse, e pude sentir o seu otimismo.

Após o café meus pais seguiram para a floresta, a fim de realizarem seus rituais matinais, enquanto meus irmão e eu decidimos ir para a cachoeira, terminar o nosso ritual de purificação.

Ao longo do caminho Steve e eu percebemos uma Natasha distante, totalmente diferente das outras vezes em que realizamos esse ritual. Trocando um olhar rápido com meu irmão, percebi rapidamente do que se trata.

- Está com medo de entrar na água? - eu disse blefando, sei que não é este o real problema.

- Não, só estou preocupada com Carolina. - Natasha respondeu cabisbaixa.

- Preocupada com o que ela pode estar pensando de você neste momento? - Steve perguntou, passando seus braços ao redor de meus ombros e dos de minha irmã.

- Isso também, mas eu não compreendo. Não fizemos nada a ela para que nos ache pessoas ruins e nos ofenda. Eu não entendo como ela pode não gostar de nós apenas por não sermos católicos. - Nat disse com sinceridade. Minha irmã tinha muita pureza em sua voz.

- Mo ghrá, a culpa não é dela. A cultura de Carolina é apenas diferente da nossa, o que significa que algumas de nossas crenças são incompreensiveis para ela, pelo menos em um primeiro momento. O que não quer dizer que ela possa nos ofender da forma que quiser, mas eu percebi o choque em seu olhar, vamos apenas dar um tempo à ela. - respondi enquanto acariciava os cabelos de minha irmã, sentindo a energia da mesma subir quase que imediatamente.

- Prontas? - Steve nos perguntou, para em seguida começar a se despir.

- Prontas! - Nat e eu respondemos em uníssono.

- Nosso irmão está cada dia mais lindo, você não acha Wand? - Natasha disse, com o intuito de provocar Stee.

- De fato, a cada novo sol Steve parece ainda mais forte e viril, um belo homem. - respondi entrando na brincadeira, e observei meu irmão ficar vermelho e nos lançar um olhar acusador.

- Parem com isso! - Steve falou, em tom de autoridade.

- Ihhh, olha como está vermelho! Nem parece que está despindo esse corpinho todas as noites na tenda do Tony. - Natasha disse gargalhando, me levando a rir junto.

- Você não tem direito a risadas, Wand. Até um surdo ouviria os seus gemidos, vindos da tenda de Diana todas as noites. - Steve falou me dando um olhar sarcástico, fazendo com que Natasha me olhe incrédula.

- Irmã...com essa sua safadeza toda, eu esperava mais ação. - Nat disse me provocando.

- Em minha defesa, eu não consigo resistir à ela. - disse sincera. - E não se faça de pura, Natasha. Da forma que você olha para Carolina, poderia tê-la feito sua na praia, quando se conheceram. - falei , e Natasha travou.

- Eu não sei o que houve, eu simplesmente apaguei. - minha irmã disse e pude perceber a dúvida em sua voz.

- As coisas irão se revelar na hora em que os deuses decidirem. - Steve intercedeu, e senti a carga de minha omissão pesar em meus ombros.

Passado o momento tenso, comecei a me despir, juntamente com Natasha.

O que faríamos hoje tinha tudo a ver com o nossas almas, então precisaríamos estar despidos de todas as nossas prisões terrenas (roupas, jóias e pensamentos) e entregues aos deuses.

Após tirarmos todas nossas roupas, Steve, Natasha e eu caminhamos de mãos dadas em direção à água, e ao mergulharmos eu pude me sentir uma só com meus irmãos, estavamos ali fortalecendo não só nossa ligação com os deuses, mas a ligação existente entre nós.

Afinal, estávamos destinamos a caminhar juntos por toda a eternidade.

Inner Circle - Season IOnde histórias criam vida. Descubra agora