Capítulo 1

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Já estava amanhecendo e nós ainda estávamos na interestadual enfrentando um trânsito irritante por causa de um posto policial mais a frente. Enquanto a fila não andava eu troquei de lugar com Troy que dormia tranquilamente no banco do carona já fazia umas três horas, eu infelizmente não tinha paz para dormir então o jeito seria dirigir. Mais duas horas na fila e finalmente chegamos até os policiais.

- Carteira e documentos do carro. - pediu, tirei tudo de dentro do porta luvas e entreguei ao policial que ficou verificando a autenticidade dos documentos. - Daniella Fostter? E esse é? - Fostter? Filho da puta! Ele sabe que eu odeio esse sobrenome.

- Meu namorado, estamos indo visitar a avó dele que está muito doente. - ele assentiu e me entregou os documentos commo rosto realmente comovido com meu olhar de tristeza.

- Melhoras para ela. - não é todo dia que se via um policial educado, sorri para ele da forma mais melancólica que conseguia.

- Muito obrigada. - acelerei o carro e joguei a garrafa de água na cabeça do Troy.

- Ah! O que aconteceu? - ele acordou espantado e um pouco desorientado.

- Fostter? Dentre inúmeros sobrenomes você tinha que colocar Fostter? - estava realmente irritada, ficava alternando a visão para a estrada e sua cara de idiota.

- Não é como se apenas a sua mãe usasse esse sobrenome. - bati nele que se expremeu contra a porta para que eu não o alcançasse novamente.

- Sabe o que eu penso dela, não quero ter nada a ver com aquela mulher. - resmunguei pisando firme no acelerador e cortando alguns carros.

- Hm. Eu estava fazendo umas pesquisas, só ia te contar quando chegássemos no hotel, mas sua mãe sabe quem está patrocinando experimentos. - ou ouvir aquilo desviei o carro para o acostamento na mesma velocidade que vinha. - Ah! Você está maluca?!

- Como assim ela sabe? - lhe encarei, Troy ainda estava se recuperando do pequeno susto.

- Depois que eu descobri quem era a sua mãe fiquei investigando ela, uma quantia muito grande vem sendo desviada das contas da empresa do atual marido dela. - eu odiava aquela mulher, só o fato dela ter me abandonado quando ainda era recém nascida me fazia ferver em ódio.

- E você acha que ele está envolvido nisso? - perguntei desviando o olhar para os carros que passavam.

- Talvez ele não, mas as primeiras datas do desvio batem com o seu acidente de helicóptero. Outra coisa importante que descobri, a Fostter Seguranças está desenvolvendo um novo tipo de droga energética que eles dizem ser cem porcento natural para ajudar os soldados e policiais. O lado estranho disso, a droga começou a ser desenvolvida dois anos após seu acidente. - soquei o volante algumas vezes. - Claro que isso pode ser só coincidência.

- Não é, eu sei que ele está vivo. Troy, eu sei que o meu filho está vivo, e está sendo feito de cobaia por esses malucos! - soquei mais algumas vezes o valante enquanto as lágrimas inundavam meu rosto.

- É só uma coincidência, eles não iam fazer uma criança de um ano de cobaia para um soro. Iriam? - liguei o carro novamente e voltei para a estrada.

- É isso que vamos descobrir. - sibilei dirigindo como louca.

[···]

- Uma Tauros, confere. Caixas de balas, confere. Notebook, confere. Bombinha de leite, confe... espera, quem pediu isso? - tinhamos acabado de chegar no Champions Club Hotel, depois de uma longa viagem de carro e algumas poucas horas em um helicóptero alugado. Troy estava conferindo tudo que tinhamos encomendado varias coisas com alguns dos nossos distribuidores legalizados, embora a entrega fosse feita em total sigilo.

- Eu pedi. - arranquei a bombinha da sua mão e me joguei sobre a cama macia do hotel, como não usava meu dinheiro para basicamente nada em Homeland tinha o suficiente para gastar nessa missão. Já era madrugada, um dia inteiro de viagem me deixou exausta e minha blusa estava melada de leite, tinha passado da hora de alimentar Spark.

- Esse cheiro de leite é de você? Credo, quantos litros de leite Spark bebe? - ele continuou conferindo tudo que pedimos enquanto eu retirava a blusa e afastava o sutiã flexível para encaixar a bombinha no seio esquerdo.

- O suficiente para drenar todas as minhas calorias, Spark adora leite. - resmunguei encostando a cabeça no encosto macio da cabeceira.

- E o que você faz com o excesso?  - sorri sapeca para ele que fez uma careta de nojo. - Nossa, existe mesmo gosto para tudo nesse mundo.

- São espécies, não humanos. Para eles isso é normal, assim como é normal você ficar assobiando para o seu pau enquanto mija. - ele pareceu ofendido.

- Meu pau merece ser idolatrado enquanto faz suas obrigações. - estufou o peito enquanto falava. Terminei o seio esquerdo e comecei a drenar o leite do direito.

O silêncio trouxe aquela angústia dessa vez eu não a afastei, deixei que tomasse conta de mim e as lágrimas jorraram silenciosas, meu olhar estava focado na parede vinho a minha frente mas o que eu estava vendo era como poderia ter sido a minha vida se estivesse com meu filho, se não tivesse entrado naquele maldito helicóptero. Será que ele era igual a Fire? Como se chamaria? As imagens de um possível passado estavam esmagando meu coração. Outra pessoa jamais entenderia que eu estava realmente sofrendo, mas Troy logo se aproximou me oferecendo um meio Abraço aconchegante.

- Vamos acha-lo, eu prometo a você. Mas agora que tal um whisky, hum? E sorvete de creme com pizza de mussarela? - assenti, ele se levantou e digitou alguma coisa no celular, em seguida avisou sobre a entrega no hall do hotel.

Ella - Novas Espécies [L8]Onde histórias criam vida. Descubra agora