Capítulo 8

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O plano seguia tranquilo, entrar novamente no Monett não foi difícil, só tinha que tomar cuidado para que as outras pessoas não me reconhecessem. No apartamento onde minha mãe estava novamente tinha um enorme banquete, ela estava sentada a mesa de um jeito despreocupado, nem se quer teve o trabalho de fingir surpresa, seu sorriso rasgou o rosto enrugado ao meio.

- Eu achei que você seria mais esperta. Matar o meu funcionário e ainda vir atrás de mim, não foi uma coisa muito inteligente. Seu pai teria ficado muito decepcionado. - comentou bebericando seu vinho caro.

- Como se você se importasse com o que ele pensa. Eu só queria entender o porquê. Ele é o seu neto, como consegue dormir a noite? - ela riu analizando a sala, tive a certeza que não estavamos sozinhas.

- Apenas pessoas com consciência ficam lamuriando. Esse não é o primeiro bebê que eu entrego a Mercile, e olhe como estou. Ella, eu sou rica, poderosa, tenho tudo o que quero, você pode fazer parte disso. É só entregar aquela coisa que você chama de marido e a mini versão dele. - eu acabei rindo da sua oferta, sabia que estava me provocando.

- E se eu disser não? O que acontece com você? - Ligia estreitou os olhos para mim como se em algum momento da sua vida tivesse sido minha mãe.

- Eu? Obviamente ficarei muito triste por minha única filha não seguir os passos da mãe. - fingiu enxugar uma lágrima no canto dos olhos e sorriu.

- Como assim seguir seus passos? - questionei cruzando os braços sobre o busto. Ela arqueou a sobrancelha e colocou a taça sobre a mesa.

- Você não é filha única de Inmanuel, eu engravidei dois anos antes de um menino. Me ofereceram muito dinheiro em troca do bebê, eu não precisei pensar muito. Seu pai achou que eu tinha enlouquecido e matado o garoto, por isso quando soube que eu estava grávida de você ele me trancou dentro de casa. - a notícia me chocou, ela tinha entregado o meu irmão para a Mercile, uma criança.

- Depois, eu que sou um monstro. - ela riu estalando os dedos. Vários homens armados surgiram das portas ao nosso redor.

- Última chance, você pode ficar ao meu lado querida ou ... virar parte dos experimentos. Você decide. - Ligia era louca, incontrolável, pensar que meu irmão pode ter morrido nas mãos da Mercile por causa dela fazia meu sangue ferver. - Eu não tenho o dia rodo querida.

- O que aconteceu com meu irmão?  - achei que ficaria sem resposta, preferia ter ficado.

- Não sei e, sinceramente eu não quero saber. Ele me rendeu muito dinheiro, é só isso que eu sei. Ele ajudou a mamãe. - dei alguns passos em sua direção, não conseguindo mais me conter com suas palavras, antes que eu a alcançasse braços me imobilizaram e algo se chocou contra a minha nuca. A escuridão me tomou.

[···]

As palavras dela ainda circulavam minha cabeça, uma dor aguda se estendeu em minha nuca e eu forcei os meus olhos a abrirem. Eu estava em uma sala clara, as paredes eram cinzas, uma porta estreita estava em minha frente. Meus braços estavam amardados nas costas da cadeira assim como minha cintura, tinha uma mordaça apertada em minha boca que não permitia se quer respirar por ela.

Forcei algumas vezes até ter a certeza de qual material haviam se utilizado para me prender, cordas grossas, resistentes. A porta abriu devagar revelando o general com seu olhar solidário, se eu não o conhecesse poderia cair facilmente nessa cara de bom moço. Ele tinha acompanhado boa parte do meu treinamento, em base sabia do que eu era capaz de fazer, era óbvio que iriam mandar ele para me interrogar.

- Forçando as cordas? Isso não é algo inteligente. Você sabe que é mais fácil se machucar com elas do que se soltar, não me faça ter vergonha de ter te treinado. - arqueei a sobrancelha e levantei a cabeça o encarando. - Boa garota. Agora você vai ficar quieta e me escutar.

Eu não tinha muita escolha, ela deu as costas para fechar a porta e eu aproveitei a sua distração para olhar os cantos do teto de gesso, apenas uma câmera a minha frente, nada nas costas,

- Você poderia ter ficado em Homeland e esquecido tudo isso, eu implorei muito para que não fossem atrás de você.  Ella querida, sua segurança me custou muito dinheiro mas, você tinha que meter o nariz onde não foi chamada. - suspirou se abaixando em minha frente. - Eu prometi a Inmanuel que cuidaria de você caso algo acontecesse com ele, eu cumpri minha promessa só que dessa vez eu não posso te salvar.

Ele retirou a mordaça me dando a oportunidade de falar.

- Entregou o meu filho nas mãos desses malucos. O meu filho! Você não tem direito algum sobre ele! E ainda vem com essa conversinha de me proteger?! Me poupe Rikki, você é um manipulador barato! Acha que eu não sei quem vazou a informação do helicóptero do Nora? Quão burra você acha que eu sou? Quando eu sair daqui eu vou estourar seus olhos. - ao terminar de falar cuspi em seu rosto, ele revidou estapeando minha bochecha. - Você bate igual mulher...

- Você vai sair daí, Ella. Não se preocupe. Os doutores daqui tem uma tecnologia muito avançada, já ouviu falar da terapia de eletrochoque? Com a voltagem certa você é capaz de fazer uma pessoa mudar de comportamento, esquecer coisas, ficar em um estado vegetativo. Impressionante, não é? Imagine voltar a ser o meu soldado perfeito, ter uma vida boa ao lado de sua mãe como se nada tivesse acontecido. - enquanto falava ele acariciava meu rosto no local onde bateu e colocava meus cabelos atrás da orelha. - Te demos muitas oportunidades, já chega de ser bonzinho.

Ella - Novas Espécies [L8]Onde histórias criam vida. Descubra agora