Capítulo 4

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- Não temos que provar nada para vocês dois, seus ogros sem cérebro. Nosso trabalho fala por nós, o que não posso dizer de vocês.

Hefesto se encolhia a cada resposta que Sindri dava aos irmãos. Pelos rostos de Brook e Eitri estarem vermelhos como a aurora, o garoto quase acreditava que cada resposta era o equivalente a um tapa na cara.

- Somos ferreiros a mais tempo que você, garota. E somos seus irmãos mais velhos – vociferou Brook.

Eitri concordou cuspindo no chão.

- O fato de namorar um príncipe manco do Olimpo não lhe dá o direito de fazer o que quer. Você deve nos obedecer.

Foi a vez de Hefesto arregalar os olhos e sentir seu rosto ficar vermelho. Sindri, por outro lado, mal ouviu o que o irmão disse. Pelo menos foi o que pareceu ao garoto.

- Obedecer vocês? Não me faça rir! Eu não seguiria dois cérebros de hidra com varíola nem que fossem a última esperança dos anões. Pelos montes de Eleftheri Gi, deus da terra. Duas antas como vocês mal sabem segurar um martelo.

E a discussão prosseguiria, talvez por muito tempo, se Eitri não tivesse dito que Sindri era uma mulher da vida. Nesse momento tudo perdeu a importância para Hefesto. Ele rugiu e espandiu sua aura de fogo. Eitri e Brook recuaram de boca aberta e olhos arregalados. Acabaram indo ao chão, encarando as chamas que dançavam em volta do mago das forjas.

- Ousem repetir a ofensa que disseram à Sindri. Ousem, e juro por Theioles que vocês nunca mais verão um nascer do Olho de Jade.

Os irmãos não sabiam o que dizer. Um cheiro de urina encheu o lugar, mas não dava para saber de qual dos dois vinha, pois a poça se estendia embaixo dos dois. Foi o suficiente para Sindri cair na gargalhada, o que acabou diminuindo a fúria de Hefesto.

- Bem, está ai algo realmente inesperado – falou uma quinta voz que entrou no lugar.

A visão do príncipe Ivaldir entrando na sala dos mestres ferreiros foi o suficiente para que as chamas de Hefesto que ainda dançavam em seu corpo sumissem totalmente. Os quatro mantiveram a cabeça abaixada enquanto o príncipe anão analisava a bagunça do lugar. Depois de afagar a barba por alguns instantes, pareceu a Hefesto que ele tomou uma decisão.

- Uma prova – ele falou, resoluto.

Os quatro ferreiros se olharam franzindo as sobrancelhas.

- Hum, o que você quer dizer com "prova", pai? – Quis saber Eitri, que se levantava tentando reunir alguma dignidade.

- Bem, acho que prova quer dizer prova, filho. Seu irmão e você não reconhecem o poder e a habilidade de sua irmã e de Hefesto. Por outro lado os dois têm se saído muito bem em tudo que se propõem a fazer.

Hefesto olhou para o lado ao reparar no olhar do príncipe sobre ele, acompanhado de uma sobrancelha erguida. Eitri e Brook, porém, já sussurravam um com o outro.

- Muito bem, pai – falou Eitri. – Já que está mesmo disposto a dar uma chance à esses dois pamonhas apaixonados, aceitamos a prova.

Ivaldir riu, sua voz grave ecoando por toda a sala.

- Não me lembro de ter pedido a permissão de nenhum de vocês.

Sindri sorriu sombria, ao olhar para os irmãos. Mas Hefesto percebeu um vislumbre de apreensão em seus olhos. Já a conhecia o suficiente para saber que algo a preocupava.

- Pai, que prova você propõe para Hefesto e para mim?

Os olhos de Ivaldir brilharam. Um calafrio percorreu os braços do ferreiro olimpiano.

A Forja de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora