Capítulo 10

202 28 129
                                    

Depois que as primeiras centenas de armas ficaram prontas, demorou cerca de quatro horas para armar os anões mais próximos com elas. Hefesto sabia que essa demora custava mais para sua amada Nidavellir. Mas não podia ignorar os inimigos. Trolls, goblins e ogros estavam por toda parte. Elfos e Elfos negros entravam em duelos intermináveis. Anões teimosos não paravam de lutar.

E para piorar, tinha Aquariel.

- Nós vamos morrer. Cara, eu não acredito que vim aqui para morrer. Faz horas que estamos aqui e ninguém, eu disse ninguém veio nos procurar. Já era para ter vindo alguém.

O elfo continuou falando enquanto trabalhava em sua arma. Ele falava há horas. Hefesto pedia aos deuses, bons ou maus, que fizessem o príncipe ficar rouco. Nenhum deles o ouviu. A parte boa era que ele tinha Sindri.

Ela se aproximou do mago das águas e o olhou nos olhos. Apesar de ser bons centímetros mais alto que a princesa, Hefesto viu o amigo élfico engolir em seco.

- Quando perceberem o que estamos fazendo, os anões se concentrarão nesse lugar. Quando chegarem, precisam de motivação. Você é o oposto disso.

- Eu apenas...

- Você apenas está me deixando louca.

- Nos deixando loucos – confirmou Hefesto. – Pelo martelo de Theiones, cara. Ainda bem que os aprendizes estão na outra sala. Você ia acabar com o bom trabalho que eles estão fazendo.

Aquariel olhou para Hefesto e novamente para Sindri. Então abaixou seus óculos de proteção e continuou a trabalhar em sua arma. Em silêncio. Sindri assentiu satisfeita e voltou para sua bancada.

Hefesto olhou para seu trabalho. Estava quase pronto, mas não haveria tempo para testes. Segurando uma faca ele cortou a palma da mão e deixou seu sangue banhar a arma que estava forjando.

- Ai droga, porque tinha que ser sangue e não um fio de cabelo?

Ele olhou ao mesmo tempo que Sindri para o elfo reclamão. O filho de Oberon teve a decência de parecer intimidado. Hefesto se divertiu com aquilo.

Os três depositaram uma boa quantidade de sangue e proferiram os feitiços. O Mestre Artesão não percebeu, mas o poder mágico que eles utilizavam chamou a atenção não só dos alunos, que olharam uns para os outros pasmos com o tamanho da aura do olimpiano, da anã e do elfo. Combates foram interrompidos em muitos locais da cidade. Seres de ambos os lados ficaram pasmos.

Quando enfim terminaram, eles se sentaram esgotados. Aquariel se esparramou no chão.

- Que minha mãe nunca me veja nesse estado – ele disse respirando pesadamente.

Hefesto só grunhiu em concordância. Se Hera lhe visse naquelas condições teria um treco. Diria besteiras como postura real e a importância de estar sempre limpo. Ele se lembrou de como Ares imitava a mãe quando eram pequenos, e ele e Athena riam. Lembrar-se de Athena lhe apertou o coração e o sorriso que estava em seu rosto sumiu.

Sindri se aproximou dele. Encostou a cabeça em seu peito e ficou ali. Depois de um tempo ela perguntou tão baixo que ele quase não ouviu.

- Você ainda ama Athena?

Hefesto pensou por três segundos antes de responder.

- Sim. Eu a amo.

Ele sentiu a namorada tremer e a abraçou gentilmente.

- Ela é minha irmã, querida. Eu a amo como tal. Crescemos juntos e dividimos muita coisa. Na minha infância ela era a única criança que falava comigo.

A Forja de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora