Capítulo 6

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Hefesto olhou para as palavras que acabou de escrever. Em seguida olhou para o chão de seu quarto, cheio de papéis amassados. As tentativas anteriores que resultaram em fracasso. Respirando fundo algumas vezes ele voltou a ler as palavras do pergaminho sobre a mesa.

O garoto olimpiano suspirou. Ele tinha certeza de que sua mãe ficaria louca com as notícias, infernizando seu pai até que ele ficasse louco também. As palavras de sua mãe ecoavam em sua cabeça: "um príncipe deve casar pela família e não por interesses mesquinhos, como amor".

"Bom, paciência mamãe. Fiz minha escolha e não voltarei atrás."

Satisfeito ele selou a carta com cera e saiu. Assim que desceu o primeiro dos cinco lances de escada que separam o andar em que estava hospedado da entrada do castelo encontrou Ivaldir.

- Hefesto, que bom que te encontrei. Estava indo chamá-lo neste instante.

- Está tudo bem, alteza?

Ivaldir torceu o canto da boca, algo que Hefesto já entendia como um prenúncio de reprimendas.

- Rapaz, você está aqui há oito meses. Jantamos juntos quase todos os dias. Já está na hora de parar com esse papo de alteza. Somos amigos, não somos?

- Sim alte... Quero dizer, sim Ivaldir – respondeu Hefesto sentindo seu rosto esquentar. Ao perceber isso o príncipe deu uma gostosa gargalhada.

- Pelas tranças de Mundilfari garoto, você me diverte. Vamos lá – divertiu-se pegando o olimpiano pelo braço e o conduzindo pelas escadas -, meu pai está com uma delegação de elfos e pediu para que você esteja presente.

- Eu, com uma delegação de elfos? Não entendo.

Hefesto viu o amigo rolar os olhos e lutou contra o instinto de se encolher.

"Ele não é Ares, não vai me machucar", forçou-se a lembrar-se o príncipe do Monte Olimpo.

- Garoto, eu acho que você ainda não entendeu como é famoso, não é?

O filho de Zeus parou bruscamente. Olhou para seu amigo com a testa franzida e a boca aberta.

- Famoso? Eu não sou famoso.

- Lógico que é – falou claramente divertido o príncipe herdeiro do reino anão. – Para começar você é um príncipe olimpiano. O primeiro a visitar os reinos do norte do Continente Ômega. Isso é muito importante para nós.

- Mas...

- Há! Sua cara de confusão é lendária, olimpiano. E tem mais! Você se tornou um Mestre Artesão. Quantos com seu título você acha que existem por aí?

- Não sei. Você, seus filhos e o rei com certeza...

- Com certeza somos ótimos ferreiros, mas não chegamos perto de Sindri e você. Então não culpe meu velho pai por querer exibir os maiores ferreiros de Etherion para nossos amigos orelhudos. Afinal, graças a vocês conseguimos um ilustre aluno para nossa escola.

- Que aluno? – Falou Hefesto se apressando a seguir o anão que caminhava rapidamente.

Ivaldir apenas sorriu arregalando os olhos, se apressando em direção da sala do trono.

***

- Príncipe Hefesto, eu quero lhe apresentar o rei Oberon do reino de Alfheim. Este é seu filho, o príncipe Aquariel, e esta sua rainha consorte, Aqualíria.

Hefesto curvou-se em sinal de respeito, mas também para respirar fundo e conter sua curiosidade. Estava acostumado com a diversidade olimpiana. Sátiros, centauros, ciclopes e ninfas lhe eram comuns, mas nunca teve contato com o povo alfar, dos quais os elfos eram os mais bem conceituados.

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