Yoongi é acordado por batidas na porta, resgatado de um pesadelo do qual já não se lembra mais.
Ele abre os olhos ao se levantar a contragosto, resmungando palavras desconexas e em sua tentativa desajeitada e sonolenta de descer da cama, acaba indo direto ao chão. Bate a canela no pé do móvel e choraminga com a dor; assim que o faz, há risadas altas ecoando no corredor, atrás da porta de seu aposento.
— Que saco, Hoseok. — Já reconhece o dono da risada que lhe enerva de imediato. Ah, eu definitivamente não vou me dar bem com esse cara!
— Desculpe-me, princesa. — O tom de Hatter é de puro deboche. — Acabamos de tomar o Chá da Tarde. Venha logo, estou encarregado de levá-lo ao banho e, logo após, devemos nos arrumar para as festividades da noite.
Yoongi se ergue ainda letárgico e cambaleia em direção à janela, não sem esbarrar em tudo o que está em seu caminho; assim que consegue chegar até lá, abre as cortinas apenas o suficiente para enxergar dentro do quarto. A iluminação que provém pela fresta é quase precária e a julgar por seu tom alaranjado, dentro em breve o céu estará escurecendo, levando a claridade para dormir.
— Consigo ir pro banho sozinho. — Seria um protesto, se não estivesse com tanto sono. Contra sua vontade, a voz acaba saindo num tom manhoso.
Que lástima, ele se martiriza.
— Aposto que não. — Para sua infelicidade, Yoongi sabe que o Chapeleiro está certo. Ainda que tente sair do quarto sozinho, não sabe ao certo onde fica a Sala de Banho, sem contar que não está em seus planos se deparar com qualquer coisa que não queira ver.
— Eu ‛tô seminu, cara.
Realmente não quer que esse cara chato leve-o para lugar algum. Já não suporta mais o tal do Chapeleiro e isso porque a Caçada sequer começou. Tudo ainda vai piorar, o jovem sorri triste e pequeno para si mesmo. Mas Hoseok é insistente.
— Há um roupão no armário.
— Não vou abrir o armário de novo. — E argumenta: — Tem fantasmas demais.
Hoseok suspira audivelmente.
— Espere um pouco.
Yoongi senta na borda da cama e aguarda cerca de cinco minutos. Encara uma sujeirinha no carpete a seus pés que é semelhante a sangue seco, tentando decidir se a cutuca ou não. Só consegue enxergá-la devido ao fato de que o feixe de luz a atinge diretamente; de outro modo, não teria como vê-la no quase breu do cômodo. Por fim, acaba não fazendo nada, mesmo porque o outro bate à porta novamente. O loiro se levanta e anda até lá, abrindo uma pequena fresta. Hoseok, tendo o mínimo de respeito, evita olhá-lo ao que lhe estende um roupão preto de tecido grosso e felpudo que parece ser confortável. Passa pela cabeça de Yoongi o pensamento de talvez, quem sabe reconsiderar tudo o que pensou de ruim sobre ele até ali, mas o Chapeleiro murmura um ande logo, idiota e ele desiste da ideia tão logo ela surge.
O loiro então veste o roupão — a peça é realmente macia ao toque, mas não que isso dê crédito algum a Hoseok. Ele finalmente sai do quarto com a cara amassada de sono, os cabelos loiros parecendo um ninho de ratos, as bochechas inchadas e os olhinhos amendoados menores que o normal.
Hoseok começa a rir e Yoongi chuta-lhe a canela. O Chapeleiro resmunga, porém não faz nada além disso.
— Me leva logo até lá, não sou muito fã da ideia de passar mais tempo com você do que o necessário.
O Chapeleiro o olha com uma expressão indignada que Yoongi ignora e revira os olhos, começando a caminhar pelos corredores. O loiro vai em seu encalço.
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Eu Sou Alice • {yoonseok}
Fantasy| YOONSEOK | CONCLUÍDA | FANTASIA | #ÉCHAPELEIROPARAVOCÊ | Min Yoongi passou grande parte de sua vida em busca de um propósito. Quando desiste de procurar, determinado a pôr um fim em sua existência patética, Yoongi tenta suicídio. Porém, acaba em u...