Eu Sou Alice • {yoonseok}

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O pai de Hoseok, Wallace Hatter, é um Titular da família do Chapeleiro, porém sua mãe é a irmã do próprio Rei Jaehwan, o que faz com que Hoseok tenha uma infância relativamente normal na corte e até então sem muitos acontecimentos marcantes, pelo que Yoongi pode ver.

Ele é uma criança quieta e sua personalidade calma combina com a de Jimin, exceto pelo fato de que sua postura revela que ele se acha superior aos demais. Ao que parece, eles são melhores amigos, apesar da diferença de idade — Hoseok é alguns anos mais velho, contudo trata Jimin como um igual, apenas protegendo-o um pouco. Eles mantêm distância dos outros garotos que moram ou que aparecem de vez em quando no Castelo — filhos de duques e condes — e de suas brincadeiras. Com a chegada de Seokjin, viram um trio isolado, com seus próprios jogos e conversas, e a princípio os outros rapazes não entendem o fato de uma jovem dama da corte passar tanto tempo com os meninos, mas Hoseok sempre defende Seokjin também perante os demais, sem revelar seu segredo. Com a chegada de Taehyung é que as coisas mudam um pouco; é notável a raiva que Hoseok sente pelo híbrido de gato, porque sabe que é ele quem machuca Jimin. E no entanto, Hoseok não faz muito contra Taehyung além de ser mal-educado, porque Jimin protege seu gatinho como ninguém. Isso causa um afastamento no trio, que fica ainda maior quando a Condessa recolhe Jimin para sua casa longe do palácio por causa de sua saúde.

Hoseok Hatter não costumava ter muito contato com o pai, já que morava com a mãe na corte — e mesmo com ela, já não interagia muito. Seu pai tinha uma torre inteira de seu direito no Castelo, próxima à de Alice, e é para onde Hoseok se muda em sua puberdade, quando crê que precisa de mais tempo sozinho. Ele também não interage com a Alice atual — na verdade nunca a vê, pois está sempre ocupada — e após a mudança quase não vê mais a mãe. O pai morava na casa da família do Chapeleiro, e Hoseok só começa a vê-lo realmente quando é intimado pelo progenitor a treinar o manejo da espada.

Por volta de seus catorze anos, na primeira vez em que pisa na casa de sua família paterna, se surpreende com a quantidade de chapéus pendurados em todos os cantos da mansão. Chapéus dos mais variados formatos, materiais e cores. Yoongi nunca viu tantos na vida e os encara como o jovem Hoseok: lábios separados e olhos bem abertos para captar tudo ao redor. As paredes são abarrotadas de chapéus. Os móveis são abarrotados de chapéus. Chapéus até onde a vista alcança. Hoseok está parado na sala, olhando tudo à sua volta com certo espanto, quando sente a ponta do metal no centro de suas costas. Yoongi quer alertá-lo, entretanto não pode; afinal, é meramente um observador. Além do mais, seria idiota de sua parte: isso tudo aconteceu anos atrás. Há um homem vestido de terno e gravata, ao modelo inglês; uma cartola em especial se destaca na cabeça e Yoongi a reconhece. Hoseok ergue as mãos em rendição e vira somente o rosto, sua sobrancelha se erguendo em cinismo ao dizer com a voz suave:

— Pai.

— Filho. — A voz do homem é grossa e ele fala num tom soturno. Ele ergue a cartola que escondia seu rosto para mostrar feições completamente diferentes das de Hoseok, fazendo Yoongi perceber que seu amado só puxou a mãe na beleza. A mãe dele mal aparecia em sua história — quem mais cuidava dele na infância eram os criados e sua ama —, mas Yoongi podia ver os belos traços parecidos com os do filho: nariz reto e empinado na ponta, maçãs do rosto salientes, lábios finos. Agora este homem, o Chapeleiro anterior, é bem diferente, a começar pelo rosto marcado de cicatrizes e a barba malfeita crescendo como bem entende. — Não abaixe a guarda na minha presença, se pretende se tornar o próximo Chapeleiro.

Dito isso, ele finca a ponta da espada nas costas do filho. Hoseok faz uma careta breve, porém logo a reprime e não se move. Se mantém forte como se quisesse mostrar algo ao pai, como se precisasse provar alguma coisa. Yoongi fecha os olhos, e é claro que não consegue fugir da cena mesmo assim. Passam-se alguns segundos, até que o Chapeleiro abaixa a arma. Há sangue em sua ponta e nas costas de Hoseok, maculando as roupas brancas.