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A próxima história é do Coelho Branco.

Em seu retrato, ele sorri como se nada fosse capaz de fazê-lo infeliz. As bochechas levantadas fecham consideravelmente seus olhos, fazendo com que ele pareça um tanto vesguinho com suas íris muito vermelhas; os dentes da frente, salientes, sobrepõem-se aos outros enquanto os lábios rosados estão abertos, a pintinha no inferior ganhando destaque por estar mais à mostra. Yoongi bem que gostaria de lembrar-se dele assim para sempre; bloqueando as lembranças da batalha sangrenta em sua mente, as imagens de Jeongguk ferido, suas roupas brancas manchadas de vermelho carmesim e a expressão de dor no rosto bonito. Quer ter uma recordação boa do garoto, algo mais alegre do que aquele último sorriso que ele deu, em agradecimento a Yoongi por libertá-lo. O loiro suspira.

Quando submerge na história do híbrido de coelho, vê uma cena cotidiana de uma família feliz. Sua primeira infância é em meio a uma família normal da classe média, diferentemente de Taehyung. É um dia frio e a neve cai sem parar do lado de fora. Todos se reúnem na sala da residência, um cômodo que parece pequeno demais devido à quantidade de híbridos que abriga. De imediato, Yoongi não percebe que Jeongguk White é diferente de todos. Os pais dele tiveram uma prole e tanto; sete meninas e onze meninos, incluindo ele. Ao que parece, ele tem cerca de quatro anos e é o mais novo: o menorzinho, o mais magro, e o que parece atrair mais a atenção de sua mãe, embora a híbrida saiba bem como distribuí-la por entre todos os dezoito filhos. Ela está sentada próxima à lareira acesa, numa poltrona, tricotando o que parece ser um cachecol de lã escura. A madeira geme e estala consumida gradualmente pelo fogo, e volta e meia a mulher, vestida em roupas simples e confortáveis, supervisiona as crianças em suas atividades. O pai, que ainda usa vestes de frio um tanto quanto úmidas — ele devia estar até pouco tempo antes, do lado de fora, em meio à neve — joga mais lenha recém cortada no fogo e o cheiro quente da madeira de carvalho queimada chega ao olfato do Min, bem como o aroma gostoso de pão sendo assado em outro cômodo.

Cinco das meninas estão reunidas num canto da parede próximo à poltrona da mãe. A mais velha está recostada na parede de tijolos e tem no colo um livro grande e todo ilustrado. As quatro irmãs ao redor prestam atenção nas figuras, com os olhinhos brilhando de interesse, enquanto as orelhinhas negras estão voltadas para a maior que lhes conta a história em voz alta. Enquanto isso, as outras duas — as duas menores, que parecem ser gêmeas —, fazem algum tipo de brincadeira batendo as palmas no canto oposto da sala.

O híbrido adulto bate as mãos após alimentar as chamas e senta-se em sua poltrona ao lado da esposa, o olhar fixo no fogo. Atrás dele, os garotos são barulhentos. Seis deles correm pela casa, brincando de pega-pega, enquanto os outros quatro estapeiam-se no chão, trocando socos fracos e brincando de lutinha.

Jeongguk é o único isolado, sentadinho atrás da poltrona da mãe. É então que o Min repara: o detalhe que estranhou quando o conheceu, presente desde a infância, é a única coisa que o difere de todos os seus irmãos — e provavelmente haja algo a mais por trás disso. Jeongguk é o único da prole que tem as orelhas brancas, tão brancas como a primeira neve que desce para dançar com o vento. Todas as outras crianças, tanto as meninas como os meninos e até mesmo seus pais, possuem as orelhas negras, tal qual os cabelos.

— Jeongguk? — chama-lhe a mãe. O pequeno para de brincar com os próprios dedos e engatinha, ajoelhando-se apoiado no braço da poltrona dela. — Por que não está brincando com seus irmãos?

— Eu queria brincar lá fora. — A resposta é um sussurro baixo, e ele franze o nariz, fazendo bico com o lábio inferior.

Sua mãe ri, soltando as agulhas de tricô sobre o colo, e lhe faz um cafuné, sorrindo para o pequeno híbrido.

— Poderá brincar lá fora na neve quando o vento diminuir.

— Eu gosto da neve. É igual a cor das minhas orelhas.

Eu Sou Alice • {yoonseok}Onde histórias criam vida. Descubra agora