Eu Sou Alice • {yoonseok}

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Ele já tentou diversas vezes, mas não há nada que faça o Lagarto — como começou a chamá-lo mentalmente — sair de perto da entrada da toca para que consigam passar.

Também não é uma opção ignorar o bicho e tentar entrar pela portinha, pois nas tentativas de Yoongi, tudo o que conseguiu foi que o Lagarto lhe mostrasse a língua ameaçadoramente e avançasse sobre ele — o que foi sua deixa para decidir que teria que mudar de tática. Aproximações frontais, laterais ou traseiras... todas falharam. Min Yoongi perde um bom tempo estudando a situação — tentando não se distrair com os pensamentos que acabam sempre voltando a Hoseok, que alguns metros atrás dele segue observando-o — e pensando em alguma maneira de passar pelo animal sem machucá-lo. Chega de mortes desnecessárias, é o que diz para si mesmo ao encarar o couro áspero, verde-escuro e sujo de terra do Lagarto.

Então ele pensa nos desafios anteriores, tentando imaginar alguma linearidade, algum padrão que lhe seja possível aplicar nesta situação. O primeiro desafio foi Taeyeon, que o aguardava com uma pergunta. Ele o resolveu com seus conhecimentos e a sacerdotisa lhe deu uma arma, a Espada de Alice, para que conseguisse completar o desafio seguinte, este que foi Absolem, a Lagarta. Absolem mexeu profundamente com seu psicológico, abalando-o e desestruturando-o para conseguir comê-lo — eca. Ainda que não tenha usado a espada para conseguir sair da barriga da Lagarta, foi com ela que terminou de matar o monstro, decapitando-o. Porém, Yoongi ganhou algo ao concluir o segundo desafio? É quando uma luz se acende na cabeça dele, perspicaz. Ele ganhou, sim, algo ao matar Absolem, e é bem óbvio. Ele se volta para seus amigos — e Hoseok — dando as costas ao dito mascote do Coelho e andando até Namjoon, que o cumprimenta com um aceno e um sorriso, sentado no chão.

— Demorou para perceber.

— Sinto tanto por isso. — Yoongi revira os olhos, brincalhão.

O Chapeleiro os observa uns cinco metros à esquerda, muito provavelmente se perguntando por que o Min foi pedir aquilo à Lebre sendo que ele também tinha. Yoongi estende a mão em direção ao peito do híbrido de lebre sem dizer mais nada e enquanto aguarda que Namjoon pegue o que ele quer em sua bolsa, olha para Taehyung à sua direita. Cheshire lhe sorri quadrado, seu sorriso absolutamente estonteante e tão apreciado pelo loiro, este que é retribuído enquanto Yoongi ignora as mãos atadas de Taehyung e foca em seu rosto bonito. Por fim, Namjoon coloca a bolota azul em sua mão. Tentando ignorar a origem que ele bem conhece do tal pingo azul, sem olhar para Hoseok ele volta até o Lagarto. O dragão de Komodo lhe mostra a língua bifurcada e arroxeada, ameaçador. Entretanto, assim que percebe o que está nas mãos do loiro, seus olhinhos reptilianos ficam arregalados e o bicho se levanta pela primeira vez, abaixando-se sobre as patas da frente, a atenção fixa na bolota azul de cocô de lagarta.

— Você quer isso, garoto? — pergunta com a voz que se usa para bebês e pets. Se sente bobo por isso, mas pode-se dizer que funciona, mesmo porque o réptil parece ficar alegre, de certa forma.

Yoongi passa a bola de uma mão para a outra e o Lagarto segue-a com o olhar. Por fim, ele a joga para longe, na direção oposta à qual eles vieram. O réptil segue a trajetória do pingo azul com o olhar, e quando este cai no chão a uma boa distância dos quatro, o Lagarto corre até o local e ali permanece, se deitando. Ele come a bolota diretamente do chão, ao que Yoongi faz uma careta. O efeito é forte e instantâneo; em poucos segundos, o dito bichinho de estimação do Coelho Branco já está com o olhar distante, deitado de barriga para cima, a boca aberta e a língua caída ao lado.

— Bom, espero que ele não tenha uma overdose — comenta, mais para si mesmo que para qualquer um de seus acompanhantes.

Namjoon, Taehyung e Hoseok chegam até Yoongi e, juntos, eles caminham sem mais delongas até a pequena porta, a entrada da casa do Coelho que ele deve matar. Ali, sobre a madeira, há um Ás de Espadas com mais uma das mensagens do Coelho escritas em sangue. O loiro a pega nas mãos para lê-la: