Capítulo 10

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Ísis

Não sei quanto tempo exatamente fiquei sentada naquele chão, mas sei que quando dei conta, o sol começou a iluminar meu quarto. Reunindo todas as forças que restavam do meu corpo, fui até o banheiro, tirei minha roupa e liguei o chuveiro. Deixei que água levasse embora todas as coisas ruins que eu estava sentindo e guardando no peito. Foi uma dos momentos mais terríveis que já passei. A sensação de ter sido usada, largada, como uma toalha que você joga no cesto porque já não da mais pra se usar. Talvez eu esteja exagerando. Tantas mulheres passaram e passam por situações bem piores que a minha. Meu caso é apenas de um coração partido, mas do mesmo jeito, dói como se fosse o fim do mundo.

Já chorei tanto, que não sobraram lágrimas para derramar no banho. Chorei tanto, que agora tudo que eu sinto é uma vontade enorme de seguir minha vida, como se nada tivesse acontecido. E é exatamente o que eu irei fazer. Levanto minha cabeça, encarando o azulejo amarelado a minha frente e descido que a melhor coisa a se fazer agora é ocupar minha cabeça o máximo que eu conseguir. Talvez eu limpe a casa toda, e quem sabe, fazer alguma sobremesa que demore horas. Qualquer coisa que me deixe ocupada e com os pensamentos longes da noite passada e da pessoa que causou isso em mim.

Termino meu banho rápido, para não começar a pensar demais de novo. Enxugo-me e vou até meu armário, pegando um uniforme limpo. Talvez eu queime aquele outro uniforme, e se Arthur perguntar, digo que encolheu na máquina. Volto ao espelho, penteando e fazendo um rabo de cabelo em meus cabelos. Por algum motivo que não qual é, passo um pouco do gloss velho que está jogando na pia. Coloco meu sapatinho e vou em direção da casa. Fico orgulhosa de mim mesma por resistir à tentação de olhar para janela o quarto dele. Vamos Ísis, foi apenas um episódio ruim, hora de seguir em frente. Entro no quartinho de limpeza e pego os produtos que vou precisar, assim como panos, a vassoura e um rodinho. Lembrar de pedir a Arthur para comprar uma vassoura nova. Descido começar pela cozinha.

Tiro panelas, potes, pratos, copos e tudo mais que encontro nos armários para limpar tudinho. Passo pano seco, depois um molhado e volto com um seco nas gavetas, armários, as bancadas, a dispensa, tudo. Separo algumas louças que merecem uma lavada por estarem tanto tempo parados sem usar. Lavo tudo e coloco no lugar, mudando uma ou outra coisa de lugar que possa me facilitar a cozinhar. Limpo a geladeira por dentro e por fora, jogando fora algumas comidas que já passaram do ponto. Essa parte sempre me dói o coração. Olho tudo ao meu redor e fico satisfeita com o trabalho, tudo está brilhando e cheirando a gostoso. Olho no relógio e vejo eu são 08:00. Bom, hoje é segunda-feira, hora o café da manhã. Faço sucos, café fresquinho, separo frutas e pães e coloco tudo na mesa. Ótimo, agora limpar o resto da casa.

Limpo todos os cômodos, evitando a sala de jantar, pois não sei se eles já desceram para tomar café. Quando são 11:00, acredito que já comeram, entro na sala de jantar para recolher as coisas e dou de cara com Owen sentando para comer. Droga, droga, droga. Meu coração dispara, mas meu ódio aumenta também. Ele parece ter tido uma ótima noite de sono, nem olheiras ele tem. Finjo que aquele encontro não me abalou e viro para me afastar, quando sua voz me chama:

-Ísis, eu gostaria de falar com você mais tarde – falar comigo? Para ele me tratar da mesma forma que me tratou como noite passada? Ele acha que sou idiota?

Me viro de forma mais profissional que consigo, colocando as mãos para trás e digo:

-O Senhor precisa de alguma coisa Sr. Rodwell? Precisa que eu limpe alguma coisa em específico? Ou que eu cozinhe algo? – engulo toda a vergonha que sinto.

-ísis...sei que te magoei, mas eu gostaria...-corto sem pensar duas vezes.

-Com sua licença Senhor – faço aquela breve referencia e saio da sala de jantar. Vejo pelo canto de olho que ele até se levantou para me seguir, mas seu pai apareceu na hora o impedindo de prosseguir.

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