Capítulo 13

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-Não tivemos a oportunidade de conversar no coquetel Owen – Dante diz tomando um gole da sua taça de vinho e me encarando – É claro que os olhos estavam direcionados a você e minha filha. Foi uma belíssima dança.

Sorrindo em agradecimento, volto meu olhar para Mirella, a mesma me olha como se pudesse arrancar um pedaço de mim. Mesmo tendo sua postura elegante, ela me parece do tipo que move os céus e infernos para ter o que quer. Isso é um mal sinal. Está nítido que meu pai e Dante querem juntar nos dois em um altar. Só de pensar nisso, sinto calafrios.

-Onde você aprendeu a dançar daquele jeito? – Mirella pergunta, tentando parecer sexy enquanto mexe sua taça.

-Bom, era um dos castigos que meu pai aplicava em mim.

- Então você era um rapazinho que aprontava muito. – dando um sorriso sexy, sinto Mirella passar seu salta por minha perna por debaixo da mesa. Por que raios que sentei bem em sua frente?

-Pode-se se dizer que sim – afasto minha perna para o outro lado e vejo seu olhar de insatisfação. Aqui não querida.

Cada segundo que se passava no jantar, a minha vontade de enfiar uma das facas na minha garganta aumentava. Conversas sobre a indústria, sobre dinheiro, política, todo o tipo de assunto que eu detestava. Depois vieram as perguntas sobre meu trabalho: “Quantas modelos você já fez cirurgia” “Eu aposto que a fulana é inteiramente de cirurgias” “E a outra então, não tem nada bonito no rosto dela”. Meu desejo de revirar os olhos para cada comentário foi reprimido pelos olhares do meu pai. Certo, postura, por mais que eu detestasse esse assunto, ainda era meu ramo de trabalho e precisava assumir certa ética.

Tentava desviar de certas perguntas, pois havia sigilo entre o médico e paciente. Tudo o que acontecia na clínica, ficava na clínica. Porém, Dante e Mirella não pareciam muito satisfeitos com as respostas que eu dava, mesmo depois de eu ter tentando explicar sobre o sigilo. Pareciam estar sedentos por fofocas de outros famosos. Uma nova onde de enjoo atingiu meu estomago. Esse tipo de pessoa é tóxica.

Em determinado ponto do jantar, onde a sobremesa estava sendo servida, o assunto que eu mais temia veio à tona:

- Owen, pela sua idade, você já deve começar a pensar em ter filhos e casar.  – Dante fala comigo, mas não olha para mim, e sim para meu pai.

- Já falei isso várias vezes para ele. Estou velho e quero aproveitar a disposição que tenho para brincar com meus netos. – o tom de voz do meu pai parece ser brincalhão, mas no fundo sei que é como uma sentença.

- Ainda sou jovem, tenho muita coisa pra trilhar ainda. Além do mais, não encontrei a mulher certa. – Talvez isso seja uma mentira, talvez eu tenha encontrado a pessoa certo, mas só não posso ficar com ela. Mesmo não olhando para meu pai, sei que está me repreendendo.

-Então o coração do cobiçado Owen ainda não foi capturado. Que interessante – velho nojento, eu sei o que você está tentando fazer. – Qual seu tipo de mulher Owen? Vamos...não seja acanhado, todos temos um tipo de pessoa.

- Sincera, autentica, natural. Alguém com uma alma única e limpa. – Talvez tenha sido conhecidencia ou talvez o destino esteja querendo me dizer algo, mas nesse mesmo momento, Ísis entra na sala de jantar em toda sua delicadeza e beleza. Como se fosse uma luz.

- Me desculpe pela interrupção. – Fazendo uma pequena reverencia, Ísis anda silenciosamente até meu pai e sussurra algo em seu ouvido.

- É mesmo? Estou indo então. Obrigada senhorita Maillard. – Se levantando, meu pai se desculpa – Minha outra filha está no telefone. Eu já volto.

Minha irmã? Para meu pai parar um jantar importante como esse, só pode ser Lilian, a princesinha caçula. Acho que se fosse uma reunião com o Papa, meu pai pararia só para falar com minha irmã.

- O Senhores gostaria de mais alguma coisa? – a doce voz de Ísis me atinge e acalma ao mesmo tempo.

- Não, pode se retirar – nem ao menos olhou para ela, apenas um aceno de mão. Nojentos.

-Com sua licença.

Um grande silêncio se instaurou na mesa. Mesmo depois que meu pai voltou do telefonema, poucas palavras foram trocadas. Quando dei por mim, estávamos nos despedindo na porta. Depois de apertar a mão de Dante, Mirella se aproximou para me dar um beijo no rosto e aproveitou e sussurrou em meu ouvido:

-Me ligue, sempre que precisar. – o tom sensual em sua voz já me dizia tudo: ela queria sexo.

Depois de vê-los indo embora, estava pronto para ir ao jardim, escuto a voz de meu pai:

-Tome cuidado com suas palavras filhos. Algumas pessoas não entendem o que é ter uma áurea pura. Basta notar como eles tratam Maillard. – seu suspiro demostra toda a insatisfação – Vou me deitar. Boa noite.

Engulo em seco para não soltar tudo o que eu queria dizer para ele. Apenas concordo com a cabeça e vou em direção ao jardim. Paro na porta dos fundos e olho meu relógio – 00:20. Me atrasei mais do que eu imaginava, será que ela ainda está lá? Ou será que nem chegou a ir? Vou caminhando pelo jardim pensando em como devo explicar-lhe sobre o desenho. Eu deveria contar uma mentira? Não, devo dizer a verdade. Mas será que ela não vai me achar um psicopata? Quando chego na área da piscina, para ao ver aquela pequena mulher sentada na borda da piscina, ainda usando seu uniforme e com os pés na água. Ela parecia cansada. Será que deveria marcar essa conversa para outro dia? Ela deve estar exausta depois do jantar. Assim que me ve, retira seus pés rápido da água, mas eu intervenho:

-Pode ficar, seus pés devem estar cansados. – Paro ao seu lado, retiro meus sapatos, e subo a barra da minha calça, sentando ao seu lado e colocando meus pés também na água.
– Oi.

- Oi. – seu sorriso é tranquilo e sereno. Seus olhos parecem cansados, porém, ao mesmo tempo estão calmos.

Essa mulher é incrível.

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Olá anjos, mais um capítulo.

Espero que gostem.

Até mais.

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⏰ Última atualização: Dec 10, 2020 ⏰

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