Capítulo 5

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Essa manhã, assim que entrei na cozinha, havia um bilhete do Senhor Rodwell dizendo que eu teria a manhã livre. Como eu amo esse homem. Voltei para meu quarto, me sentando de frente para a minha escrivaninha, e fiquei encarando a tela do meu antigo computador. Eu preciso fazer meu trabalho da faculdade. Olho de solai-o para o lado e vejo meu caderno de desenho onde faço meus rabisco (não da pra chamar de desenho ainda). Mordo meu lábio, tentando resistir a tentação de pega-lo e desenhar por horas. Foco Ísis. Foco. Que se da-ne. Levanto, pegando meu bloco de desenho, meu estojo e vou para a parte mais afastada do jardim. 

Algum tempo, Arthur me pegou desenhando no jardim escondida, disse que quando for meus momentos de folga, que eu não precisava me esconder. Porém, aqui em baixo de uma das várias árvores, na parte mais afastada, eu me sinto segura. Agora, o que desenhar. Olho por toda parte, e sinto que já desenhei cada cantinho possível desse jardim. Olho para casa e instintivamente, para a janela do quarto onde Owen está ficando. E lá está ele. Olhando o céu da janela. Com a camisa aberta, de calça social preta. Que sonho de homem. Não perco tempo e começo a desenhar aquela paisagem. Estou tão entretida no desenho, querendo deixar o mais perfeito possível, que sou surpreendida por uma voz na minha frente. 

-Não deveria estar trabalhando? - quando reconheço a voz, deito o desenho em meu colo e olho para cima. 

-O seu pai..quer dizer...o Dr. Rodwell me deu essa manhã de folga - coro. 

-Entendo - Owen coloca as mãos no bolso da calça social. Sua blusa ainda está aberta, mas menos do que quando estava na janela. Noto agora que está descalço - E você tem muitos momentos de folga? 

Ele está tentando puxar assunto? Ou só está tentando ver se o pai tem muito coração mole comigo. Engulo em seco. 

-Poucos. Geralmente apenas manhãs que eu tenho prova. Mas hoje eu não entendi muito o motivo da folga - é uma verdade. Eu sempre aviso uma semana antes para Arthur o dia que terei prova, e ele sempre me compreende. Acho que pelo fato de eu fazer minhas provas aqui em sua casa, ele não se importa muito. 

-Meu pai disse que você faz faculdade de artes, certo? - ai meu Deus, ele está mesmo puxando assunto. 

-Sim Senhor. - me sento mais ajeitada. Ainda bem que vim de calça jeans. Se tivesse vindo com o vestido do meu uniforme, ele com certeza teria visto mais do que o necessário. 

-Interessante. Com licença - ele da um ceno de cabeça, se vira e vai embora. Não, volte. Eu nunca conversei com um homem por tanto tempo que não seja meu patrão. 

Solto um suspiro e volto a olhar meu desenho. Fico encarando seu rosto por um longo tempo, que levo outro susto quando meu celular desperta, anunciando o termino da minha folga. Droga, eu deveria ter começado meu trabalho. Me levanto rápido, indo em direção a minha "casa". Tomo um banho rápido, colocando meu uniforme, indo direto para a cozinha. 

Enquanto corto a cebola, entro em um devaneio, e uma ideia louca surge em minha cabeça. Owen veio puxar assunto comigo, será que ele se incomodaria se eu chegasse nele e pedisse ajuda em meu trabalho? Claro que sim Ísis, ele é praticamente seu segundo chefe. Coloco a cebola picada na panela junto com os outros ingredientes. Terminando de cozinhar, arrumo a mesa e coloco tudo em seu devido lugar. 

-Você é bem perfeccionista - dou um berro de susto, desequilibrando a jarra de suco, derrubando o líquido em cima de mim e a espatifando no chão. - Minha nossa, me desculpe, não achei que fosse tão distraída. 

-Tudo bem Senhor, foi minha culpa, não estava atenta ao meu redor. - me ajoelho recolhendo os cacos maiores de vidro, escondendo a careta quando sinto os caquinhos menores cortarem meu joelho. 

- O que está acontecendo? - Arthur entra na sala de jantar com cara de assustado - Ouvi seu grito e achei que era alguém entrando na casa. 

-Eu sinto muito Senhor Rodwell. Eu me assustei achando que tinha visto uma barata - digo de cabeça baixa, ainda recolhendo os cacos de vidros - Foi apenas um erro meu. Já limpo aqui. 

-Tenha mais cuidado senhorita Maillard. Vou terminar minha ligação e já voltarei para comer. - Arthur sai da sala, no mesmo momento que vou rápido para cozinha. 

Jogos os cacos no lixo, quando sinto um braço meu puxando. Viro e trombo com o  peito de Owen. Seus lindos olhos me encaram profundamente, e quase sinto minhas pernas derreterem.

-Porque disse aquilo? - prendo a respiração para poder sentir melhor a sua. 

-Achei que seria um motivo melhor do que dizer que levei um susto com sua presença. Foi o que me ocorreu na hora Senhor, me desculpe. - me desvínculo de seu aperto enquanto ainda tenho noção das minhas ações. - Agora eu preciso limpar e fazer outro suco. Com licença. 

Faço tudo nas presas para não atrasar Arthur. Owen já não estava mais na cozinha quando volto, e suspiro aliviada. Para ser bem sincera, não sei bem disse aquilo. Só achei que seria melhor do que falar que não estava  prestando atenção no que eu estava fazendo. 

A noite, depois de ter me certificado que todos tinham ido dormir, entrei pela cozinha silenciosamente, indo até o lavabo em baixo das escadas, onde ficava o kit de primeiro socorros. Sentei na tampa do vaso, colocando o kit no colo. Olhei para meus joelhos ainda vermelhos pelos cacos. Eu tinha lavado mais cedo, porém ainda está ardendo e fiquei com medo de que infeccionasse. O problema é que eu detesto mexer em machucados. Molhei uma bolinha de algodão no álcool, e ia passando no meu joelho quando escuto passos descendo á escada. Tentei ficar parada sem fazer barulho, mas foi em vão. Os passos seguiram em minha direção. 

-Eu vi pela janela hoje vindo para dentro da casa, e imaginei que fosse limpar os ferimentos - Owen se aproximou. Usava apenas uma calça de moletom larga. Seu peito largo e bronzeado chamava a atenção até mesmo no escuro. - Você se importa se eu lhe ajudar? É o minímo que posso fazer depois de ter tirado o meu da reta quando derrubou aquela jarra. 

Ele foi ajoelhando em minha frente, tirando a bolinha de algodão da minha mão. Eu deveria estar patética, com a boca aberta em transe. Ele queria me ajudar. Aonde nós fomos parar. 

-Aquilo não foi nada Sr. Apenas estava cumprindo meu trabalho. 

-Eu insisto - segurando a minha batata da perna, tentei ao máximo não me arrepiar com seu toque. Seus dedos estavam tão quentes e minha pele tão fria. - Tente não se mexer, isso pode arder. 

Apoiei minhas mãos ao lado do vaso, me concentrando para não me mexer. Em vão, assim que ele deu a primeira encostada, puxei meu joelho. Ele sorrindo calmo, segurou mais firme minha perna. 

-Relaxa - seus olhos, sua voz, seus motivos. Tudo nele transmitia segurança e paz. Relaxei os ombros e sem me dar conta, fiquei olhando para seu rosto, enquanto ele limpava o ferimento. Não sei quando tempo ficamos ali, mas eu não queria que acabasse. Esse poderia ser o único momento que teríamos com todo esse contado. - Terminei. 

-Obrigada Senhor Owen. Foi muito gentil de sua parte - digo corando, ainda encarando seus olhos. 

Ele levanta a cabeça me encarando também. Abre um sorriso de lado e se aproxima de mim, meu coração parece que vai sair da boca, ele está tão perto. Tão perto. Quero cair para trás quando sinto seus lábios em minha testa. Ele me deu um beijo na testa. Ele me deu um beijo na testa. Fico parada olhando a parede em minha frente, que só vejo que ele já esta na porta do bannheiro quando ouço ele dizer. 

-Pode me chamar Owen, Ísis. 


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Nem acredito que consegui escrever. Sério. Já faz um bom tempo que eu quero escrever, mas nada sai. Isso já aconteceu com vocês? Agora estou de volta kkkkk

Olá anjooooos. Que saudades do Wattpad. 

Espero que gostem. Comentem o que estão achando. 

Até a próxima

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