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Era dia das mães. Eu conseguia ouvir o falatório de parte da minha família reunida no quintal da minha casa enquanto eu sorrateiramente corria de volta para o quarto. Os domingos eram sagrados pra mim, gostava de acordar ao meio dia e passar horas na cama como se o resto do mundo não existisse, porém, com a data comemorativa no Brasil, eu estava sendo submetida a tortura de aguentar tios inconvenientes e primas dissimuladas.

Nunca fiz questão de ter proximidade com pessoas que eu considerava fúteis e arrogantes, isso acabava deixando-os irritados comigo.

Liguei o ar condicionado e a TV para escolher algum filme na Netflix, quando abri o guia, senti o bolso traseiro do meu short vibrar e esbocei um gritinho animado ao ver que Any pedia uma chamada de vídeo.

A imagem abriu e eu me assustei ao ver vários rostos se espremendo para aparecer na câmera.

- Oi Juju! - Sina foi a primeira a falar, eu adorava a forma como ela me chamava. Os outros começaram a falar o mesmo em seguida.

- Oi gente! - disse acenando. - Nossa, está todo mundo junto? - deitei na cama e segurei o celular no alto para enxergá-los melhor.

- Estamos gravando! - eles responderam praticamente ao mesmo tempo. - Estamos com saudades! - Any acrescentou.

- Ah, eu também. - fiz metade de um coração com a mão livre e eles repetiram. - Vocês estão lindos! - notei que eles vestiam um dos uniformes brancos do NU, sempre combinando e muito estilosos. Ouvi um urro de raiva no fundo e não precisei pensar muito para identificar o que acontecia. - Bailey, deixa a minha garota latina em paz! - mandei e Sabina apareceu na câmera fazendo caretas para o filipino, que ria dela. Algumas coisas nunca mudariam mesmo.

- O que você está fazendo? - Josh perguntou, ele estava ao lado de Any e a abraçava pelos ombros.

- Fugindo da minha família... - disse rindo, a brasileira do outro lado da câmera explicou à eles que era o dia das mães no Brasil.

Como se houvesse um sensor grudado no meu corpo, a porta do quarto se abriu e a minha mãe apareceu com as mãos na cintura e uma feição séria.

- Maria Júlia, vem almoçar. - ela falou, aproximando-se da minha cama. - O que você está fazendo?

- Falando com uns amigos. - respondi e voltei a atenção ao celular, vendo-os com uma expressão confusa por estarmos falando em português. - Ah, mãe! Vem ver a Any! - a puxei para o meu lado e a menina sorriu e acenou na imagem.

- Oi tia Lúcia!

- Oi! - minha mãe respondeu com seu habitual tom calmo e doce. Ela adorava a Any. - Como você está linda!

- Gente, essa é a minha mãe. - disse em inglês apontando para a mulher ao meu lado e integrando o restante do NU na conversa.

- Olá! - eles disseram em uníssono.

- Oi sogra, feliz dia das mães. - Noah disse de forma debochada, provocando gritos de comemoração em seus amigos e um olhar assustado na minha mãe. Senti o meu rosto esquentar de imediato.

- Sogra? - ela me encarou com curiosidade.

- Noah! - ralhei com o garoto e ele corou assim como eu, provavelmente percebendo que ela entendia inglês. - É brincadeira, mãe.

- Você vai me explicar isso depois. - falou tentando parecer brava, mas sua expressão denunciava que ela segurava o riso. - E venha logo almoçar, a comida está esfriando.

Ela se despediu do grupo e saiu do quarto, Noah se desculpou e admitiu que não pensou que ela entenderia. Eu o tranquilizei, ocultando o fato que o meu coração acelerou os batimentos no momento em que o ouvi dizer sogra como se fôssemos namorados.

ℓυcкy sταr  ☆  Noah UrreaOnde histórias criam vida. Descubra agora