• outubro •

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O aeroporto de Congonhas estava pouco movimentado quando cheguei em São Paulo, devido à um atraso de quase duas horas, me apressei para sair do avião e ir até o saguão encontrar Raissa, que provavelmente me esperava há algum tempo. Surpreendentemente, os meus pais não reclamaram sobre eu viajar para o aniversário da Any, eles pareciam querer me dar uma folga dos estudos e eu fiquei bastante aliviada por isso.

Assim que avistei a garota loira, corri para abraçá-la. Seus braços me apertaram com força e ela tinha um enorme sorriso no rosto ao nos afastarmos.

- O vôo atrasou. - falei, justificando-me por não ter chegado no horário que havia avisado.

- Tudo bem, vamos. - Raissa deu de ombros e me puxou junto à minha pequena bagagem, seguindo a direção da saída do aeroporto.

Levou alguns minutos para conseguirmos um táxi e, enquanto eu tagarelava sobre como havia sido a viagem, a garota permanecia quieta, como se estivesse pensativa. Por ser um sábado à tarde praticamente sem trânsito, o caminho até a casa dela fora rápido e logo estávamos em frente ao portão.

- Seus pais estão em casa? - perguntei ao descer do carro, erguendo a alça da mala para arrastá-la.

- Não, só vão chegar mais tarde. - Raissa respondeu e eu assenti.

De repente, a porta da sala se abriu, revelando uma Any saltitante e empolgada.

- Júlia! - ela veio até mim e deu-me um abraço rápido.

- Any? O que você está fazendo aqui? - indaguei, franzindo a testa. - Não deveria estar no salão pra fazer o cabelo e a maquiagem?

- Sim, eu já estou indo. - disse de forma apressada. - Mas antes, preciso te mostrar uma coisa. - a garota me puxou para o interior da casa antes que eu pudesse dar qualquer resposta, deixando-me ainds mais confusa.

- O que é? É o seu vestido? - tentei adivinhar, vendo-a negar com a cabeça e dar um sorriso misterioso.

Ouvi Raissa rir atrás de nós e soltei a mão de Any, parando de andar no mesmo instante. Elas estavam visivelmente ansiosas com algo.

- Vocês estão estranhas... - comentei, arqueando uma sobrancelha e cruzando os braços sobre o peito. - O que está acontecendo?

- Vem aqui em cima. - a morena acenou para que eu a seguisse pela escada que daria ao segundo andar da casa. Ainda relutante e desconfiada, acatei seu pedido e, no meio do corredor, Any parou na frente da porta do quarto de hóspedes. - Ju, o aniversário é meu mas o presente é seu.

Franzi a testa e, quando estava prestes a questionar, Noah surgiu entre nós. Meu olhar paralisou no dele, senti o chão sumir sob os meus pés e pernas trêmulas. Por um momento, pensei que fosse um delírio, pisquei os cílios diversas vezes em uma tentativa de despertar, mas ele continuava ali. Ele realmente estava ali, era real. O cabelo com o mesmo estilo despojado, olhar intenso e um sorriso de canto.

- Oi. - ele falou em tom baixo, senti um misto de receio e timidez em sua voz.

Apesar da euforia se apossando dentro de mim, os meus lábios pareciam grudados, assim como o resto do meu corpo. Eu estava completamente imóvel vendo-o na minha frente outra vez. Noah mordeu o lábio inferior e intercalou o olhar com Any ao perceber que eu não o responderia.

- Ahn... - Raissa pigarreou, porém, não consegui desviar o meu foco do americano. - Nós vamos deixar vocês dois sozinhos.

Ele pareceu aliviado, no entanto, eu estava a beira de um colapso naquele momento.

- Se resolvam, por favor. - Any disse, a voz soou em tom de súplica e beijou as nossas bochechas. - Eu preciso ir para o salão.

Senti as minhas costas serem empurradas para frente e adentramos no quarto. Noah e eu sozinhos. Raissa fechou a porta e eu pude ouvir os passos dela e de Any se afastarem. Passei o olhar por cada centímetro do cômodo, exceto pelo garoto que me encarava apreensivo.

ℓυcкy sταr  ☆  Noah UrreaOnde histórias criam vida. Descubra agora